polêmica

A verdade sobre o cancelamento do rodeio em Gravataí

Circuito Nacional de Rodeios Festa do Peão Boiadeiro | Foto CIA DE RODEIOS SÓLIDA | Divulgação

Os organizadores comunicaram nesta sexta-feira o cancelamento da etapa de Gravataí do Circuito Nacional de Rodeios Festa do Peão Boiadeiro 2022, que anunciava premiação de até R$ 50 mil e shows de atrações nacionais como Gian e Giovani, entre quarta e sábado, ao lado do Stock Center, na ERS- 118.

O Seguinte: revelou a polêmica com exclusividade na quarta-feira em Ação judicial pede proibição de animais em rodeio de Gravataí; Os cowboys e a porteira aberta.

Há fake news circulando sobre os motivos.

Não só no Grande Tribunal das Redes Sociais, mas também na locução da festa, o que motivou registros de ocorrência policial por calúnia – feitos pela vereadora da causa animal, Márcia Becker (MDB), e pela Princípio Animal, ONG que tentou barrar judicialmente o rodeio – e na nota dos organizadores, que comete meias verdades, e como sempre lembro, meias verdades sempre tem metades próximas da mentira.

Reproduzo a íntegra da nota e, abaixo, sigo trazendo a real.

“… No fim da tarde do dia 20 de abril de 2022 fomos surpreendidos com uma ação civil pública, que nos impediu de realizar o rodeio, e mesmo assim, buscamos diversas formas de manter a grade de shows, no entanto, sem sucesso. Em respeito ao povo de Gravataí-RS, optamos, em comum acordo, por cancelar o circuito nacional de rodeio na cidade. Tínhamos em vista realizar uma festa linda, o que se tornou impossível sem uma das maiores atrações: o rodeio. Agradecemos pela compreensão…”, diz o texto, distribuído pela 2AO Produções.

– O rodeio não aconteceu porque não tinham a GTA – explica a vereadora de Gravataí, referindo-se à guia onde a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural libera o trânsito de animais de um estado para outro.

As licenças sob responsabilidade da Prefeitura foram liberadas para realização do evento, apesar de, em nota oficial que reproduzi no artigo anterior, o governo Luiz Zaffalon (MDB) ter informado que o município “não é apoiador institucional do evento e que não faz parte da sua organização (…) Trata-se de um empreendimento privado”.

Márcia Becker, ao lado de veterinário da inspetoria regional, só ficou sabendo da falta da guia e da retenção de carreta com 20 touros em Torres, vinda do Paraná, ao, na quarta, ir até o local do evento para fiscalizar a chegada dos animais.

A verdade é que a ONG não conseguiu barrar o rodeio na justiça por causa do evento explorar os animais na montaria.

O pedido liminar para o evento acontecer sem os animais foi negado pela Justiça de Gravataí e em recurso feito ao Tribunal de Justiça, sob a alegação dos magistrados de que, desde 2019, conforme lei federal 13.873 sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, os rodeios são considerados patrimônio cultural nacional, além de prática esportiva.

A decisão favorável à ONG foi a limitação do uso de fogos de artifício abaixo de 100 decibéis, como determina lei municipal, sob pena de multa de R$ 50 mil em caso de descumprimento, além do Judiciário intimar os organizadores e determinar à Prefeitura o cumprimento do "poder/dever de polícia" para fiscalizar e cumprir a legislação federal; o que foi feito na análise da documentação e terá que prosseguir no curso da ação, já que os resultados da vistoria terão que ser apresentados no curso da ação.

– É uma pequena vitória. Os organizadores não tinham a documentação regular, o que foi possível constatar a partir de nossa ação civil pública. Consideramos um passo importante que a Sólida Rodeios foi devidamente intimada e citada quanto a medida liminar parcialmente procedida, recebeu contrafé e possui prazo para apresentação da defesa. É um processo que ainda vai longe – diz Fernando Schell, diretor da ONG, reforçando que em nenhum momento foi pedida a suspensão dos shows e da festa.

Ao microfone, em uma série de áudios em posse da vereadora, locutor do rodeio culpa a Márcia Becker inclusive pelo suposto ‘sumiço’ da guia de liberação do sistema. Já a nota dos organizadores responsabiliza a ação civil pública, quando a medida judicial somente fez com que fosse conferida a documentação necessária para o evento ocorrer.

Ofereço um dia como touro de rodeio para quem esclareça o que significa o trecho da nota que diz que “buscamos diversas formas de manter a grade de shows, no entanto, sem sucesso” e “em respeito ao povo de Gravataí-RS, optamos, em comum acordo, por cancelar o circuito nacional de rodeio na cidade”.

Fato é que os shows não foram proibidos pela justiça, ONG, vereadora, Prefeitura ou quem seja.

O “comum acordo” deve ter sido entre os organizadores, devido ao pouco público nos dois primeiros dias em um evento que oferecia até carro zero para quem comprasse ingressos antecipados, entre R$ 50 e R$ 120, em plataforma digital.

Ao fim, mesmo que – infelizmente – não no mérito principal, foi uma vitória da ONG e da causa animal.

Como símbolo local a protagonista foi Márcia Becker, que mesmo sem responsabilidade direta pelo cancelamento da montaria, ao fiscalizar o evento mostrou para alguns que a desafiavam que não é ‘tigrona’ só contra carroceiros pobres, mas também contra os grandes.

Ao comprar briga com uma das maiores companhias de rodeios do Brasil, a Sólida, e até com partidários simpáticos ao rodeio, confirmou que, antes de tudo, legisla tendo como prioridade bandeira pela qual foi eleita, a causa animal; e suas inevitáveis polêmicas.

Na conclusão de Ação judicial pede proibição de animais em rodeio de Gravataí; Os cowboys e a porteira aberta, escrevi: “Independentemente de minha notória suspeição para tratar rodeios com ‘isenção’, por ser ativista da causa animal, reputo também os organizadores tratam Gravataí como uma cidade de porteira aberta, uma arena de ninguém, onde qualquer cowboy chega e faz a festa que bem entende. Como pode já anunciarem e venderem ingressos sem, UM DIA ANTES DO EVENTO, terem apresentado documentos para receber licenças da Prefeitura?”

A liberação da Prefeitura aconteceu, NO DIA da abertura do evento. A porteira que foi fechada foi a do Rio Grande do Sul, por, como contou a vereadora, falta de documento para o transporte dos animais.

Lamento, mas a verdade é que não estão proibidos rodeios em Gravataí, desde que tenham documentação regular e apresentada nos prazos conforme exige a lei federal.

Na aparente tentativa de transferir responsabilidades, alguns corcoveiam sobre a verdade.

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