RAFAEL MARTINELLI

A vez dos ‘pobres inundados de sempre’ em Gravataí: Zaffa garante obras de dique, lei para realocar famílias, casa de bombas, bacias e galerias de drenagem, além ajudar famílias a sacar os 5 mil de auxílio federal

Gravataí tem cerca de 10 mil pessoas atingidas pela inundação

O prefeito de Gravataí confirmou nesta sexta-feira ao Seguinte: que vai começar obras em diques na Vila Rica e Vale Ville antes de encerrar o mandato em 31 de dezembro deste ano. Cerca de 50 famílias terão que ser realocadas para outros bairros.

Reputo acerta Luiz Zaffalon em priorizar o que descrevo como ‘os pobres de sempre’, inundados mesmo antes da maior catástrofe climática da história do Brasil.

– É um povo muito esquecido – reconhece Zaffa, que tem ali o extrato social dos mais atingidos pela enchente no Rio Grande do Sul.

O conjunto de obras para ‘cercar’ Gravataí das inundações só se saberá em setembro, quando ficar pronto o Plano Municipal de Drenagem e Manejo de Águas, que estudo preliminares apontam para necessidade de R$ 300 milhões em investimentos; leia mais em Obras anti-alagamento custam investimento dos últimos quatro anos em toda Gravataí; Você está pronto para essa conversa?.

Aguardando a conclusão do projeto do dique até o final desta semana, o prefeito prefere não antecipar o traçado, os endereços das famílias que precisariam ser realocadas e nem o investimento necessário.

Uma lei alterando regras para habitação de interesse social, facilitando construções de moradias nas faixas de renda do programa Minha Casa, Minha Vida, será enviada na próxima semana para a Câmara de Vereadores, após conversas do prefeito com gigantes do mercado imobiliário, como a Tenda e MRV, que tem interesse em investir em Gravataí.

– É uma flexibilização sobre exigências como áreas comuns, estacionamento, praças e grandes estações de tratamento, para permitir prédios de 3, 4 andares, em áreas menores, mas já urbanizadas, com escolas, postos de saúde. Hoje as regras só são atrativas para grandes loteamentos – explica Zaffa, garantindo que a legislação “não vai descuidar da qualidade, asfalto, ônibus, água e luz”, além de respeitar as manchas de inundação.

Também é prevista a instalação de uma casa de bombas na região da Vila Rica – que será a primeira de Gravataí –, bacias de retardo para contenção de águas atrás da UPA da Morada do Vale e drenagem com galerias no entorno do campo do Bagé, na 64, e na Rosa Maria, na ERS-020.

Ainda calculando os recursos necessários, o prefeito informa que vai usar verbas do financiamento de R$ 60 milhões autorizado neste ano pelos vereadores. Ele diz não ter mais certeza se o governo estadual vai manter o convênio para investimento de R$ 20 milhões na duplicação da 020.

– Vamos começar as obras de drenagem com recursos próprios – diz.

Zaffa também assegura apoio da Prefeitura na limpeza, com três caminhões de hidrojato, além do recolhimento de entulhos, nas áreas inundadas.

Três bombas cedidas pela Corsan já foram buscadas pela Prefeitura em Santo Antônio da Patrulha e devem começar a operar assim que o rio Gravataí baixar a um nível que permita drena a água. Três outras enviadas pela Sabesp chegam semana que vem.

– Talvez ainda hoje possamos começar o bombeamento – informa.

Com imagens de satélite, a Prefeitura também já mapeia o número de casas alagadas para a Defesa Civil fornecer atestados para os mais de 10 mil atingidos pelas águas (hoje 150 em abrigos) aderirem ao programa federal que garantirá R$ 5 mil para ajudar famílias na reconstrução e compras de eletrodomésticos.

– Há gente sem documentos da casa, sem contas de água ou luz. Vamos garantir a comprovação de que essas moradias e essas pessoas existem, para poderem receber o auxílio – explica, informando ter publicado hoje portarias nomeando força-tarefa de cinco secretarias para fazer o levantamento.

O pagamento do saque-calamidade, de até R$ 6.220,00, mesmo para quem já usou o socorro nos eventos climáticos dos últimos seis meses, não muda com a alteração de Gravataí do estado de calamidade para emergência, determinado pelo governo estadual.

– Para as pessoas atingidas pelas inundações em nada interfere – explica, entendendo a desclassificação pelo estado de calamidade ser restrito a localidades onde foram comprometidos serviços básicos, hospitais ou mesmo o abastecimento de comida, água e luz.

– Não é o caso de Gravataí. A calamidade está nos bairros inundados. A classificação observa o conjunto da cidade. Mas não muda o recebimento do saque-calamidade ou dos R$ 5 mil – argumenta.



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Ao fim, insisto: Gravataí resta um paraíso em meio ao inferno vivido por outras cidades, tanto que até agora se dedica a socorrer mais de 2 mil pessoas de cidades vizinhas.

As obras começarem logo é uma garantia de que não cairão no esquecimento, não serão substituídas por outras prioridades, na progressão com que a normalidade voltar ao cotidiano da cidade.

Fato é que, se não for agora a hora de resolver o problema dos pobres inundados de sempre, talvez nunca mais.


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