O nosso dia a dia é ocupado por idas e vindas no Mundo do Trabalho. Nem falo da jornada épica de cruzar as fronteiras do mundo real em direção à imprevisível terra dos Empregos e burocracias cotidianas, mas dos lugarejos que visitamos ao longo do horário comercial. Muita gente, antes mesmo de iniciar o Ofício, dá uma escapulida até a Terra do Cafezinho e lá passa alguns momentos reconfortantes. As visitas, aliás, podem ocorrer várias vezes ao dia e de lá se leva mimos, bilhetinhos, anotações, metade de um pacote de biscoitos ou uma generosa xícara de café. É um dos mais preciosos lugares para se visitar depois de bater o ponto, porque é de lá que vem informações valiosas, quer seja para colaborar nas tarefas, quer seja para se inteirar das particularidades empregatícias. Já ouviu falar em rádio corredor? Lá é a sede!
E as rotas não param por ali. O funcionário que deixa sua máquina em standby também pode passar pela Terra das Águas. Embora o nome sugestivo, há poucos atrativos. Em geral alguns vasos sanitários, pias e (em determinados locais) armários para os pertences. Alguns aproveitam para meditar, ou, sob o pretexto de um encontro mais íntimo, cochilar no guichê privado. Mas essa é parte da programação de esportes radicais e uma aventura perigosa, destinada aos rebeldes desidiosos.
Vale a pena conhecer as cores, belezas e brindes diversos da Ilha da Fantasia. Lá estão os incansáveis profissionais de comunicação realizando múltiplas e incessantes tarefas, além das eloquentes equipes de vendas. Procure se ater ao roteiro turístico da superfície sem adentrar nos bastidores profundos que podem ser um pouco sombrios e melancólicos. De lá também é possível observar o espetáculo da Aurora Boreal de TI, que inicia no alto da Montanha dos Fios e Cabos.
E, para aqueles que pensam em mudança definitiva e desejam migrar para as Terras Altas, é importante inteirar-se com dedicação e afinco das rotinas, leis e políticas do lugar, bem como da sua própria Profissão. Com ousadia, planejamento e por certo competência se chega ao destino desejado. Ainda que árduo e cheio de caminhos tortuosos, o Mundo do Trabalho tem muitas atrações e desafios. Se a viagem é obrigatória, o melhor de nós vai na bagagem.
Gente do Mundo do Trabalho
Pouco organizado, pouco interessante e pouco atento, Adriano Mariano só fazia bem uma coisa: dobrar lençóis. Só ele possuía a destreza de transformar longas metragens de tecido em perfeitos paralelepípedos retângulo com até 37cm de largura, em apenas alguns segundos. Era quase um contrassenso que aquela envergadura que chegava a 1,93m e calçava número 45 trabalhasse naquele ofício. Mas o que fazer se nem mesmo a máquina que custou uma pequena fortuna ao seu empregador, atingia sua marca de dobrar seis peças por minuto? Depois de três anos na fábrica, porém, ele pediu demissão. O presidente não queria aceitar, o encarregado da linha de produção não tinha um substituto e as moças que faziam pouco caso do “cara do lençol” até começaram olhá-lo diferente. Mas não adiantava. É que havia algumas semanas, ele recebera por herança uma fazenda no interior do Paraná com uma centena de hectares que precisavam de um dono. Já em seu novo endereço, diante daquele manto verde estendido do oeste ao norte, o novo fazendeiro sentou-se na sua cadeira de balanço, bebeu uma dose do melhor uísque disponível na casa e pensou em como seriam o seus dias dali em diante e que era preciso um bom sapateiro para botas sob medida.
De volta aos mundo daqui
O sotaque era de paulista, eu acho. Aí eu expliquei pra ele: Tu estás em frente ao Ginásio Adriano Ortiz Corrêa, conhecido popularmente por Aldeião e, ali, ao lado, é o multi-premiado CTG Aldeia dos Anjos. Então, subindo por esta avenida tu vais passar em frente a uma construção com características da arquitetura colonial portuguesa, construída em 1877, que hoje é o centro cultural Casa dos Açores. Na segunda sinaleira tu dobras à esquerda e, à direita, vai estar a Praça Borges de Medeiros. Segue e contorna em frente à igreja Matriz – a Paróquia Nossa Senhora dos Anjos –, pega à direita novamente e, depois de uns 100m, tu chegas à sede da prefeitura que também está situada numa construção preservada, do século XIX.
– Tá loco! Na metade da explicação eles já se perderam.
– Eu sei, mas assim já aprendem a valorizar o lugar.