Manter o nome do Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Aldeia dos Anjos, e a sua história, em alta. Principalmente os grupos de danças, também chamados no meio tradicionalista de invernadas artísticas, que está no DNA, no sangue, e para os quais se direcionam os maiores investimento das últimas patronagens.
Não são metas muito ousadas, até porque o Aldeia é uma referência no tradicionalismo gauchesco de bota e bombachas e a invernada adulta é multicampeã do principal concurso de danças do Rio Grande do Sul, o Encontro de Arte e Tradição (Enart) realizado anualmente em Santa Cruz do Sul. Já ganhou 11 vezes. E foi vice em outras 12.
E o comando para manter o Aldeia dos Anjos na rota das carretas voltou às mãos do comerciante Joelso Silva, dono de uma padaria na altura da parada 66 da RS-020, na entrada para a Morada do Vale II. Joelso, casado há 27 anos, pai de dois filhos e avô, esteve um ano fora da patronagem.
: Joelso (à esquerda) assumiu a patronagem do Aldeia dos Anjos e quer manter tradição de conquistar títulos
Com formação em Administração de Empresas pela Universidade Federal de Pelotas, a UFPel, onde morou por alguns anos por motivos profissionais, Joelso, que é natural de Santo Antônio da Patrulha e mora em Gravataí há 23 anos, está envolvido com o Aldeia há cerca de 20 anos e já ocupou o cargo – patrão – por cinco vezes. Cada mandato é de um ano, com direito à reeleição.
Périplo telefônico
A posse de Joelso Silva foi durante almoço realizado no domingo passado com a presença de mais de 1.100 pessoas (convites vendidos. Certo que havia mais pessoas). Atualmente, quem não tem o número do telefone fixo da padaria de Joelso vai ter que ir ao local para falar com ele.
Ou cumprir um périplo telefônico apelando a assessores que filtram os contatos. Tudo por recomendação médica. E o doutor mandou que, até mesmo, abdicasse do uso de uma ferramenta importante para facilitar a comunicação entre pessoas: o telefone celular.
— Me afastei um pouco por ordem médica. Graças a Deus não foi nada grave, mas eu estava num nível de estresse muito elevado. E o celular foi uma das observações que ele fez. Imagina só, durante a consulta o telefone não parava de tocar.
Mundo afora
Joelso diz que este ‘isolamento voluntário’ em nada prejudica as coisas no dia a dia do Aldeia dos Anjos. Ele lembra que a patronagem é uma família e que para o CTG não parar distribuiu funções. Fica mais fácil saber a quem se dirigir dependendo do assunto e, para Joelso, sobra mais tempo para se dedicar aos negócios e à família.
Voltando às metas do novo patrão!
Investir nos grupos de danças não significa aportar dinheiro apenas na invernada adulta, a várias vezes campeã e responsável por representar Gravataí, o Rio Grande do Sul e o Brasil mundo afora. Para o sucesso do grupo adulto é preciso formar dançarinos, de ambos os sexos, desde pequeno.
— A gente tem invernadas de sucesso porque formamos campeões. Temos a escolinha, para os pequenos, as invernadas mirins, juvenis, a adulta e, depois, ainda tem o grupo veterano.
E o patrão explica a visibilidade da invernada adulta dizendo que as competições para os dançarinos desta faixa etária são mais frequentes, mais importantes, reúnem representações de mais CTGs e de muito mais cidades do estado. São eventos de maior porte, por assim dizer.
Outras plagas
Além de ser quase hour concours nos festivais como Enart, o CTG Aldeia dos Anjos acumula milhas aéreas em viagens por vários países participando de concursos de danças folclóricas pelos mais diversos continentes, com predominância na Europa. Já foram ‘para fora’ pelo menos 15 vezes, nas contas de Joelso.
E a próxima viagem já tem pelo menos o mês marcado, vai ser em setembro para o continente asiático, mais precisamente para um festival de danças folclóricas de renome mundial que acontece na Coréia do Sul, o Xenon World Dance Festival 2017. A intenção é marcar presença, também, em outros países da região em uma agenda que ainda está sendo trabalhada.
Nestas incursões pelo mundo, o CTG Aldeia dos Anjos, por meio da sua invernada adulta, já representou o município, o estado e o pais naquele que é considerado o mais importante festival de folclore do mundo, na Turquia. Inclusive, ganhou o primeiro lugar – troféu Ponte de Ouro – em 2014.
Clique na imagem para assistir vídeo sobre o Aldeia na Turquia
Enart 2017
De acordo com o recém-empossado patrão Joelso Silva, o Aldeia já está preparando sua invernada adulta para o Enarte deste ano, que deve acontecer no final de outubro em Santa Cruz. Já estão sendo feitas pesquisas, estudos de coreografias e seleção das músicas para serem ensaiadas. No ano passado o Aldeia ficou com a segunda colocação na categoria principal.
Joelso explica que têm que ser treinadas 21 músicas – exigência da organização –coreografias e figurinos. Durante o evento, são sorteadas três para sábado e outras três no domingo. E tem mais as coreografias de entrada e saída, que são três. Repetidas sábado e domingo independentemente das músicas sorteadas.
Atualmente o Aldeia possui 35 casais adultos, e quase todos vão para a capital do fumo participar do Enart. Apenas 12 casais entram na pista de danças para a competição, então é feito um revezamento entre os casais. Um dos critérios, por exemplo, é que para determinada música sorteada um casal pode estar mais preparado que outro.
No total, conforme Joelso, o Aldeia tem hoje aproximadamente 200 dançarinos, de ambos os sexos e de todas as idades. O patrão não fala em concorrente nem mesmo quando se refere ao vizinho e tradicional competidor no Enart, o Rancho da Saudade, de Cachoeirinha.
— São nossos irmãos! — limita-se a dizer.
Clique na imagem e assista vídeo de parte ensaio para o Enart do ano passado.