Ei, você que anda meio decepcionado com os rumos do país, com a caretice tomando conta e reprimindo as manifestações culturais, preste atenção aos acordes suaves. E de repente, repare que não é o coro de atores no palco que canta a velha e linda canção, mas, sem nenhum daqueles chamados que se faz do palco para plateias frias, as crianças, em tom tão doce quanto o dos instrumentos, cantam: "Alecrim, alecrim dourado que nasceu no campo sem ser semeado…".
Certeza, você sairia revigorado da Praça da Bíblia, em frente à prefeitura de Gravataí. Foi neste clima, com os pequenos lotando o teatro que recebe o nome da Fernanda Takay, patrona da feira, que a 32ª Feira do Livro de Gravataí abriu, no começo da tarde desta segunda.
No palco, a Companhia Teatral Era Uma Vez, de Rio Grande, encenava O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá. E encantava a plateia. A peça, dirigida por Marlon Brito, está há três anos na estrada e é mais um trabalho da companhia que já tem mais de 20 anos.
As três décadas de Crakety
E era só botar o pé para fora do teatro e encontrar mais crianças folheando livros, perguntando sobre outros e, acima de tudo, curiosas por cultura. Cada vez mais.
— É maravilhoso trabalhar para o público infantil. Eles são sempre receptivos e aumentam a importância do nosso trabalho de divulgar arte e formar a plateia. É gratificante quando temos a cidade assim, prestigiando os artistas locais — valoriza Rosane Celistre, fundadora e diretora da Companhia Crakety, de Cachoeirinha.
O grupo teatral que já tem quase 30 anos de estrada encenou, na sequência, O Gato Mel, levando ao palco muita arte local. A começar pelos dois protagonistas: Douglas Cruz e Clarissa Siste, ambos de Gravataí. O cenário, todo em caixas ilustrativas e sustentáveis, foi desenvolvido por Lígia Araújo, que é de Cachoeirinha e professora em Glorinha. Além do músico Lester Borges, que desenvolveu a trilha da peça.
: O gravataiense Douglas Cruz protagoniza O Gato Mel, da Companhia Crakety | GUILHERME KLAMT
Assim como na encenação anterior, o sucesso junto ao público foi pleno. E o resultado se via a cada fila puxada pelas professoras no final: eram olhos brilhantes e muitos sorrisos que as crianças levavam da feira.
— São quase 30 anos de história levando o teatro daqui para todos os cantos. Esta é uma lição de garra, alegria, conscientização e, principalmente, resistência. A Crekety tem sempre o desafio de levar ao palco o resultado da superação diária dos obstáculos para se manter no mercado — valoriza Rosane.
No caso de O Gato Mel, a companhia mantém um estilo próprio, de parceria com escritores. Toda a peça é baseada na obra de Ester Poli.
Atualmente, a Crakety mantém em torno de 15 artistas em diferentes trabalhos.
CONFERE A PROGRAMAÇÃO DO 2º DIA
Terça (dia 27)
9h às 18h – Exposição Do Esboço ao Livro. Ilustrações de Catherine de Léon – Quiosque da Cultura
10h – Roda de Conversa com Gustavo Coelho: Juventude e Negritude: uma história social do rock- Quiosque da Cultura
12h às 21h – Troca de Livros – Espaço Cultural SMCEL
12h às 21h – Exposição A Música e suas Tecnologias – Espaço Cultural SMCEL
13h30min às 17h30min – Contaçãode Histórias -Rosane Castro -Tenda de Histórias Denise Medonha
14h – Encontro com a autora Leia Cassol – TeatroFernandaTakai
15h30min – Encontro com a autora Leia Cassol – TeatroFernandaTakai
16h – Sessão de Autógrafos: Tenho medo de dizer que não sei, de Lia Figas – CaféInventor do Vento
17h – Leia Mulheres Gravataí: encontro com Luísa Geisler- Café Inventor do Vento
18h30min – Grupo de Vozes Vinha de Luz- Café Inventor do Vento
19h30min – Sessão de Autógrafos- O Poder da Luz, de Ivone Aretz – Café Inventor do Vento
20h – Sarau Voador: Literatura e Improvisos Transcriados -RogerLerina , Deborah Finocchiaro e convidados – Teatro Fernanda Takai