desabastecimento

Aberta a temporada da falta de água na cidade

Banner no site da prefeitura alerta para suspensão no abastecimento de água

A publicação de um banner na página inicial do site da Prefeitura de Gravataí, nesta terça-feira (25/10), anunciando que faltaria água na cidade nesta quarta e quinta trouxe à tona uma preocupação da comunidade sempre que se aproxima o início do verão: a falta d’água.

Mesmo com a negativa da Corsan, explicando que a suspensão do abastecimento desta semana se deve à troca de maquinário na estação de bombeamento em Cachoeirinha, é grande o número de pessoas que reclama do descaso da companhia para com a cidade.

— Vai faltar água, sim. Não tenhamos dúvida disso!

É o que diz, por exemplo, o secretário Geral de Governo da prefeitura de Gravataí, Luiz Zaffalon, prognosticando tempos secos para a população nos dias mais quentes do próximo verão, que começa às 7h44min do dia 21 de dezembro.

É a repetição de um problema que se arrasta já há mais de 10 anos e que se agravou nos últimos cinco anos, com as frequentes interrupções no fornecimento de água aos mais de 273 mil moradores do município (estimativa do IBGE para 2016).

E não foram suficientes para equacionar o problema as ações movidas pelo Ministério Público e a própria prefeitura contra a Companhia Riograndense de Saneamento. Nem a anunciada interligação de Gravataí com a projetada estação de bombeamento e tratamento de Itapuã, em Viamão, anima o secretário Zaffalon.

— Quantos anos vai demorar isso? Pelo menos 15 anos, porque depende de desapropriações e obras que exigem muito dinheiro. Enquanto isso como é que fica Gravataí? — questiona o secretário.

 

Licitação

 

Ele lembra que desde dezembro do ano passado a Prefeitura trabalha com um Procedimento de Manifestação de Interesse, um PIM, chamando empresas que possam investir entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões para dar fim de vez aos problemas de desabastecimento.

Até agora apenas uma empresa se posicionou interessada, embora o PIM esteja aberto à todas grandes companhias, inclusive à Corsan. Atualmente a prefeitura trabalha na formatação técnica do projeto que vai embasar o edital cujo lançamento deve acontecer até o final do ano.

 

Números

 

A ideia é que a empresa vencedora da licitação universalize os serviços de abastecimento de água em cinco anos e de captação de esgoto em até 10 anos. Esse prazo vai constar no edital que está sendo gestado na prefeitura.

Atualmente, mais de 70 mil pessoas não têm água potável em casa e apenas 25%, dos aproximadamente 65 mil domicílios da área urbana de Gravataí, conta com captação de esgoto para tratamento.

 

Desleixo

 

A falta de investimentos pesados em Gravataí é classificada pelo secretário Zaffalon como um desleixo.

— Prova, por exemplo, é o recente caso dos arrozeiros que estavam estragando ainda mais a água do Gravataí, emporcalhando o nosso rio. A Corsan não fez nada, nem a Fepam. Fica tudo por misso mesmo — acusa.

Um período de 30 dias sem chuvas baixa o nível do rio Gravataí consideravelmente. Dois meses sem que São Pedro abra as torneiras, então, inviabiliza a captação e, por consequência, a distribuição de água na cidade.

A falta de represamento, um projeto de interligação com sistemas de outras cidades e a ampliação do número de reservatórios e da capacidade de tratamento também motivam reclamações do representante do Executivo.

: Água das lavouras chega barrenta ao rio, dificultando tratamento | JACKSON MULLER | Arquivo pessoal

 

A Corsan

 

Nesta quarta-feira a Corsan informou, ao Seguinte:, que está investindo R$ 160 milhões em obras de melhoria e ampliação do sistema em Gravataí, e que, por determinação da diretoria, o município é tratado como prioridade no âmbito da regional.

De forma indireta a Corsan também admite que vai ter problemas no próximo verão, em Gravataí. O superintendente da companhia para a Região Metropolitana, André Guterrez Borges, porém, já se antecipa na defesa da empresa.

— O próximo verão tem previsão de ser um verão seco, com grande estiagem. O principal problema que enfrentamos em Gravataí é a falta de energia nas estações de tratamento de água e nos bombeamentos. Os outros problemas são contornáveis.

Segundo Borges, a Corsan está investindo cerca de R$ 160 milhões no município em obras de melhoria e ampliação dos sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário. A meta é elevar a capacidade de tratamento de esgoto de 40% para mais de 70%.

— Além disso queremos garantir segurança hídrica para a população, interligando todo o sistema de abastecimento da Região Metropolitana.

 

: Investimento da Corsan na interligação de adutora no Itacolomi | DOUGLAS CARVALHO | Corsan

 

Captação

 

Pelo que garante o superintendente o serviço de captação da Corsan, em Gravataí, desde 2005 está preparado para o enfrentamento das estiagens. Não é o que mostraram os últimos verões, com sérios problemas enfrentados justamente por causa do baixo nível do rio.

— Colocamos em funcionamento, neste ano, novos grupos de bombeamento, com capacidade de captar sozinhos os 500 litros por segundo, que é capacidade da estação de tratamento de água.

Se vai resolver, só no verão vai ser possível avaliar. Mas a comunidade não está otimista e, a julgar pelo que diz o secretário Luiz Zaffalon, os prognósticos são desalentadores. Só com muito dinheiro vai se resolver o problema, e mesmo assim isso vai demandar tempo.

Então, prepare-se. Está aberta a temporada da falta de água em Gravataí!

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