Acerta o prefeito Luiz Zaffalon ao, na volta dos alunos às aulas presenciais nesta quinta, manter restrições maiores do que estabeleceu novo decreto do governador Eduardo Leite, no Distanciamento Controlado do Governo do RS. Precaução é o que recomenda a ‘ideologia dos números’, como detalhei segunda em Gravataí tenta manter Hospital de Campanha sem recursos federais; UTIs covid lotadas e não-covid superlotadas – apesar da crítica restar envergonhada pela folia de Carnaval nas praias e festas clandestinas.
– Vamos manter o protocolo anterior de 50% dos alunos em sala de aula – informou ao Seguinte: a secretária de Educação de Gravataí, Sônia Oliveira, na terça de Carnaval.
Conforme o novo decreto publicado na segunda-feira, o governo do Estado revogou a norma que previa limite de 50% de ocupação de salas de aula para a realização de atividades presenciais em creches, escolas e universidades no Rio Grande do Sul. Com isso, a limitação pode ser calculada mediante a distância entre as classes, que deverá ser de, no mínimo, 1,5 metro.
O novo regramento vale para regiões classificadas em qualquer uma das bandeiras do modelo de distanciamento controlado, inclusive a preta. Gravataí está na bandeira vermelha (alto risco) conforme os indicadores e laranja (risco médio) por decreto, como toda Região 10.
As aulas na rede municipal retornaram dia 8 para apresentação da estrutura das escolas para estudantes e familiares decidirem se, a partir de amanhã, optam pelo ensino presencial ou remoto. A rede estadual retorna dia 8 de março também no modelo chamado híbrido.
– O decreto estadual sempre é nosso referencial. Mas o momento na região é preocupante. Os nossos números neste final de semana e feriadão não são favoráveis: 100% de lotação COVID na cidade, doentes na espera e muita dificuldade para transferências no GERINT (sistema estadual que gerencia transferências para leitos) – explica o prefeito Luiz Zaffalon, alertando que o feriadão foi de “muitas dificuldades” e esforço da Prefeitura e da Santa Casa para garantir atendimento covid e não-covid.
Reputo Zaffa acerta porque, mesmo que procure transmitir segurança às famílias, como tratei em Gravataí volta às aulas nesta segunda; ’Tenham toda tranquilidade para enviar os filhos à escola’, diz prefeito, inegável é que a volta às aulas presenciais coloca em risco potencial de contágio um público de quase 100 mil pessoas entre alunos, professores, funcionários e famílias; e em um momento de ‘platô de estabilidade’ da COVID nas alturas de um Morro Itacolomi.
Não parece lógico afrouxar ainda mais os protocolos antes mesmo de tirar a febre de como serão as primeiras semanas de aula. Ainda mais às vésperas de um reinício já com regras planejadas.
A pressão das escolas particulares é forte – foi a partir de pedido do Sindicato do Ensino Privado do RS (Sinepe) que o gabinete de crise do Governo Leite aumentou o número de alunos em salas de aulas – mesmo com o exemplo da semana passada em São Paulo, Capital, onde 10 dias após reabrirem para aulas presenciais escolas de elite (Móbile, Santa Cruz, São Luís e Santa Marcelina) suspenderam a presença de grupos de estudantes em razão de contaminações pelo novo coronavírus. No Rio de Janeiro, o mesmo.
O sindicato dos professores de Gravataí transmite live pelo Facebook do SPMG às 17h30 desta quarta com o ex-reitor da UFPel, Pedro Hallal, epidemiologista e pesquisador sobre a COVID-19, com o tema “Retorno das aulas presenciais com planejamento e procedimentos?”.
Ao fim, é preciso equilíbrio.
Associo-me aos Desmandamentos escolares, do genial Fraga, colunista do Seguinte:, principalmente o VI (“Não pecar contra a sanidade física e mental das crianças”) e o IX (“Não desejar arriscar a vida dos filhos do próximo”.
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