Nos Estados Unidos, proibiram a entrada de imigrantes de sete países.
Um escândalo, um absurdo, uma injustiça.
Mas, aqui, também proibiram que uma vereadora cadeirante exercesse seu mandato (não havia rampas, somente escadas); que a gestante andasse de ônibus (ninguém dava lugar no veículo lotado); que meu bebê fizesse xixi no restaurante (não havia fraldário para trocar as fraldas); que os alunos conhecessem outras realidades (fecharam a biblioteca da escola); que a mulher andasse sem se preocupar pelas ruas (aumentou o número de estupros); que a ciência continuasse progredindo (fecharam a fundação estadual de pesquisa); que minha casa não tivesse grades (assaltaram outras residências no bairro); que a senhora tivesse seu útero curado (a fila para cirurgia é imensa).
Há as proibições por decreto, a desmedida oficializada pela caneta.
E há todas essas outras restrições, disfarçadas de vida cotidiana. Uma normalidade que também nos confina, que também segrega.
Contra todos esses acessos proibidos, protestemos.