O escritor e cronista Luis Fernando Verissimo morreu na madrugada deste sábado (30), em Porto Alegre, aos 88 anos. Ele estava internado desde o dia 11 de agosto na UTI do Hospital Moinhos de Vento e faleceu em decorrência de complicações de uma pneumonia.
Em memória o Seguinte: agradece ao gênio por, entre 2016 (ano de fundação do nosso portal de notícias) e 2018, ter generosamente cedido crônicas e cartuns para publicação, em curadoria feita pelo amigo pessoal Fraga, humorista, jornalista, publicitário, frasista e também genial idealizador da nossa editoria 3º Neurônio.
Como singela homenagem, e para maravilha certa de nossos leitores, republicaremos alguns destes textos e desenhos no decorrer dos dias.
Fraga –– que após receber de familiares a notícia da morte, às 2h24, lembrou da clássica frase de LFV “A morte é uma sacanagem. Sou contra” –– fez postagem em seu Bluesky.
LUIS FERNANDO VERISSIMO, 1936-2025Perdemos quem tão cedo não queríamos perder.Dor profunda, tristeza imensa, saudade eterna.@verissimolf.bsky.social
— Fraga (@fragarf.bsky.social) 2025-08-30T06:48:37.149Z
Um pouco da história do gênio
Autor de mais de 70 livros e com cerca de 5,6 milhões de exemplares vendidos, Verissimo consolidou-se como um dos nomes mais populares da literatura brasileira contemporânea. Conhecido pelo humor refinado e pela habilidade em transformar episódios do cotidiano em histórias marcadas pela leveza e pela crítica bem-humorada, tornou-se referência no gênero da crônica.
Filho do também escritor Erico Verissimo, nasceu em Porto Alegre em 26 de setembro de 1936. Viveu parte da infância nos Estados Unidos, período em que o pai lecionava literatura brasileira em universidades da Califórnia. Ao retornar ao Brasil, deu início a uma trajetória marcada pela versatilidade: foi jornalista, tradutor, cronista, romancista e também roteirista de programas de televisão.
A carreira começou no jornal Zero Hora, em 1966, como revisor. No ano seguinte, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como tradutor. A estreia na literatura ocorreu em 1973, com o livro O Popular. Nos anos seguintes, criou personagens que se tornaram ícones do humor nacional, como Ed Mort, o Analista de Bagé e a Velhinha de Taubaté. Suas tirinhas As Cobras e a coletânea Comédias da Vida Privada — adaptada para a televisão pela Rede Globo nos anos 1990 — também marcaram sua trajetória.
Discreto nos hábitos pessoais, Verissimo viveu por décadas na mesma casa do bairro Petrópolis, em Porto Alegre, adquirida pelo pai em 1941. Ali conciliava a escrita com outras paixões, como a música e o futebol. Saxofonista amador e ouvinte dedicado de jazz, mantinha em casa uma coleção de discos e CDs do gênero. Também cultivava forte ligação com o Sport Club Internacional, clube para o qual escreveu crônicas e um livro dedicado à sua história.
Além da literatura e do jornalismo, atuou como roteirista de programas de humor, entre eles TV Pirata, no final da década de 1980. Entre seus maiores sucessos comerciais estão Comédias para se ler na escola e As mentiras que os homens contam.
Luis Fernando Verissimo enfrentava problemas de saúde há alguns anos. Diagnosticado com Parkinson, convivia também com complicações cardíacas, tendo implantado um marcapasso em 2016. Em 2021, sofreu um acidente vascular cerebral que comprometeu suas funções motoras e a comunicação.
O escritor deixa a esposa, Lúcia Helena Massa, três filhos e dois netos. Até o momento, não há informações sobre velório e sepultamento.