oi, filho

Ainda há razões para acreditar nas pessoas

Vocês lembram daquela propaganda da Coca-Cola, “Ainda há razões para acreditar”? Revivo o comercial no título desta semana para contar algo muito legal que aconteceu com a gente esta semana. Sexta-feira passada jantamos em uma pizzaria aqui da cidade para comemorar o novo emprego da mãe do Beni. Na ida, ao subir no ônibus perguntei ao motorista se aquela linha passava onde a gente precisava descer. Normalmente eu não faço isso, pois acho muito desrespeitoso parar um ônibus para perguntar se vai até onde eu preciso ir, mas em uma sexta-feira de greve dos caminhoneiros, onde a tarifa dinâmica do Uber estava lá nas alturas decidi pegar o bus com o Beni, que adora passear de coletivo. O motorista foi bastante rude ao responder:

– Se não sabe que ônibus é, não faz sinal para parar – disse virando a cara, muito irritado possivelmente pela quantidade de passageiros desinformados que tiveram que pegar ônibus na última semana devido a falta de combustível.

Sobrou para o cobrador me responder e eu fiquei pensando em como as pessoas conseguem ser extremamente grossas e mal educadas quando estão de saco cheio de algo. Confesso que fiquei o trajeto todo pensando nisso, em quantos motoristas e cobradores foram ríspidos comigo, quase que involuntariamente generalizando a profissão.

Chegamos enfim a pizzaria e depois de nos empanturrarmos de pizza e o Beni de batatas fritas, pegamos outro ônibus até o centro de Viamão. Sentados no coletivo percebemos que um dos tênis do bebê estava faltando. Perdemos o tênis, sabe-se lá em qual parte do trajeto. Tristes com a descoberta (os pais sabem como é chato perder sapatinho de bebê), descemos no centro e pedimos um Uber, mesmo morando duas ou três quadras da parada, afinal as cidades estão muito perigosas para se andar a pé com uma criança. Naquela expectativa do carro parecer eis que uma moto sobe na nossa calçada e o motoqueiro começa a tirar um objeto preto de dentro da jaqueta perguntando se a gente não tinha perdido alguma coisa.

Óbvio que nesta hora a gente esqueceu completamente do raio do tênis e já rezávamos um pai-nosso mentalmente quando o motoqueiro revelou estar com o sapato do Benício em mãos, que assim que chegaram na garagem achou o sapato, pegou sua moto particular e veio nos procurar pelas ruas do centro. Ele é cobrador ou motorista do ônibus que pegamos.

Sabe qual é o problema desse mundo de m**** em que vivemos? Nós nos preparamos mentalmente para dar um soco no ladrão que por ventura possa tentar nos assaltar, ficamos ensaiando xingamentos para quem fura a fila do supermercado e só sabemos falar de político ladrão nas reuniões de família. O que a gente não sabe mais é agradecer direito as pessoas, pois não estão mais acostumados com este tipo de atitude. Em tempos de greve de caminhoeiros, em que todos poupam seus recursos até o último momento, ele gastou os dele fazendo a gentileza de nos procurar.

Agradecemos perplexos e não conseguimos perguntar se ele era o motorista ou o cobrador, perguntar o nome ou qualquer outra coisa que o identificasse. Mas sabe de uma coisa? Gente que faz o bem de verdade não faz questão de aparecer. Se este funcionário da empresa de ônibus estiver lendo este texto agora, deixo aqui mais uma vez meu muito obrigado pelo tênis e também por me fazer lembrar, durante toda a semana, de todos os motoristas e cobradores que foram cordiais, simpáticos e gentis comigo durante toda a minha vida. Que os bons exemplos prevaleçam, sempre.

 

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