Há os que chegam à Câmara e ficam satisfeitos em se eternizar no kinderovo da José Loureiro da Silva. Não é o que acontece hoje em Gravataí com os vereadores do PMDB do prefeito Marco Alba.
Se perguntados, Alan Vieira, Alex Tavares, Clebes Mendes e Paulinho da Farmácia vão dizer que querem ser candidatos a deputado estadual em 2018.
Analisando as probabilidades de eleição, talvez Alex e Paulinho tenham mais condições de pelo menos sonhar.
Paulinho, vereador mais votado, que já concorreu em 2014 e fez 13.228 votos, é o cara de Sérgio Zambiasi no Rio Grande do Sul. Está em campanha aberta, seja desde cedinho do dia nas ondas da Rádio Caiçara, ou no trabalho assistencial que faz com carentes enfrentando dificuldades financeiras ou de saúde.
No final de 2016 preterido para ser o prefeito interino, ao perder eleição dentro do PMDB para o eterno 'camerlengo da Sé vacante' Nadir Rocha, Paulinho já mirou na Assembleia Legislativa e, desde uma tour que fez com Jones Martins por Brasília há cerca de um mês, se aproxima cada vez mais do deputado federal para armar uma dobradinha na eleição.
Mas forte mesmo pode vir Alex Tavares, vereador de segundo mandato. Ele tende a dispor de algo, de fora da política como tradicionalmente é vista, que talvez ninguém na cidade tenha: a bênção de pastores e fiéis da Assembleia de Deus. O que os que acompanham a política sabem que pode fazer a diferença naquela que deve ser ‘a eleição do crédito e do descrédito’ – ou seja: para se eleger será preciso um caminhão de dinheiro, ou base social, já que o desapontamento do eleitor é gigantesco com a classe política.
Se a eleição fosse hoje, Alex seria, ao lado do vereador de Porto Alegre Elizeu Sabino, uma das candidaturas exclusivas da AD na Capital e Região Metropolitana. O radialista, cabeleireiro da 66 e vereador em segundo mandato anda cada vez mais próximo do presidente da igreja no Estado, pastor Adalberto Santos Dutra, que pode levá-lo também ao novo campo eclesiástico que está assumindo em Caxias do Sul – uma das regiões onde está o maior número de fiéis entre os 400 mil que a Assembleia de Deus contabiliza no RS e a fazem a segunda entre os evangélicos gaúchos, perdendo apenas para a Luterana e seus imigrantes, com 500 mil fiéis.
Nascido e criado dentro da mesma igreja, Alex se orgulha de colocar as doutrinas da AD acima de qualquer coisa. Mal comparando, faz o que fazem no Congresso Nacional Jair Bolsonaro, Maria do Rosário e Jean Wyllys – que se agarram às suas causas, brigam, apanham, mas só crescem por representar seus eleitores obsessivamente e sem pudores.
Na Câmara de Gravataí, é só alguém criticar ou ironizar o povo evangélico que o aparentemente manso Alex fica com o rosto vermelho e estoura. Mexeu com a igreja, mexeu com ele.
Alex, que também sempre foi próximo a Jones, foge de entrevistas, mas quer ser candidato. Já disse a amigos em comum que pastores mais do que incentivam, exigem sua candidatura.
Em março, o Seguinte: revelou com exclusividade que a Assembleia de Deus tratou de candidaturas em um congresso que reuniu pastores em Torres, e teve a presença de Alex, de Paulo Roberto Pereira e Jaime Jr., presidente e vice da AD de Gravataí.
O cálculo da cúpula da igreja é que hoje, enquanto a Mundial do Poder de Deus, do caubói Valdemiro Santiago, com 30 mil fiéis tem um deputado, o até a eleição desconhecido do grande público Missionário Volnei (PR), a Assembleia de Deus não tem nenhum. Na Câmara Federal, o único representante eleito em 2014 é Ronaldo Nogueira (PTB), hoje ministro do Trabalho do governo Michel Temer.
– Precisamos de representação para defender princípios nossos, como a família, hoje sob constante ataque – confirma um pastor, que pede para permanecer no anonimato para não se envolver em polêmicas públicas.
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Ao fim, neste cenário que se desenha é provável que pelo menos os dois vereadores, Paulinho e Alex, sejam candidatos pelo partido em Gravataí.
Além é claro das especulações de que a primeira-dama Patrícia Bazotti Alba também concorra à Assembleia, numa estratégia para aumentar ainda mais o peso político de Marco Alba e o sonho de ser candidato a governador em 2022.
Talvez isso seja a única novidade capaz de unir o partido numa única dobradinha.