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Aline dos cartazes: histórias de detetive particular

Um dos flagrantes de adultério feito pela equipe da Aline Detetive

Os cartazes voltaram às ruas. Então recontamos para você a história da famosa – e, como não poderia deixar de ser, misteriosa – investigadora que entrevistamos no ano passado

 

– Ele nunca fica até tão tarde no trabalho. Tem coisa aí. E eu vou descobrir – comenta a mulher com a amiga.

As duas passam uma semana seguindo o marido. Na quinta-feira, o carro sai da garagem do edifício onde fica a empresa e dirige até um motel próximo.

– É uma colega de trabalho! – diz a amiga.

– Mas ele só tem colegas homens… – estranha a mulher.

– Então deve ser alguém do prédio.

A esposa transtornada resolve procurar ajuda profissional. É só lançar no Google a palavra “detetive”, mais o nome da cidade, e está feita a busca. 

Em pouco menos de uma semana o resultado: o marido a traia com outro homem.

A situação não é de todo inusitada, como conta Aline – apenas Aline –, detetive há 15 anos.

– Muitos traem suas esposas com outros homens. Mulher com mulher nunca peguei caso – confirma a advogada, que comanda uma empresa com outros 18 investigadores, ao lado marido, policial civil aposentado.

Os dois, que não revelam onde moram “na região metropolitana”, mas contam apenas que descansam das campanas em um sítio “aqui pertinho”, se conheceram num baile e nunca mais se separaram.

– Cada dia é uma coisa diferente – relata ela, que espalhou cartazes com sua propaganda em Gravataí e por toda região.

 

As mulheres traem mais

 

São as mulheres que mais traem, na contabilidade das investigações da Aline.

– Hoje em dia é assim, mulher trai muito mais.

O ‘Ricardão’, quase sempre, é um colega do trabalho.

Conforme o portal de relacionamentos Ashley Madison, isso acontece em 78% dos casos.

– Geralmente o marido sabe, mas quer provas – conta a detetive.

– E não acha que é para terminar o casamento. Quase sempre o cara enlouquece, procura psicólogo, psiquiatra, mas ainda quer reatar – constata.

 

Os ‘pelados’ procuram no trabalho, os com grana buscam ‘especialistas’

 

Os homens, Aline divide em duas categorias. 

– Os sem dinheiro se relacionam muito com mulheres do trabalho também, mas o que tem dinheiro quase sempre é com garotas de programa.

 

40tões

 

A faixa de idade dos clientes é na maioria das vezes acima dos 40 anos.

 

O preço e a entrega

 

O preço, R$ 800 na entrada para investigações de meio turno e outros R$ 800 na finalização do serviço.

– Nosso compromisso é de revelar o que a pessoas quer saber em no mínimo uma semana e no máximo 15 dias – diz a detetive.

– Mas geralmente que nos procurar sofre tanto com a ansiedade que nos liga várias vezes ao dia para saber como está a investigação.

 

No pacote, o momento do flagra

 

Ok, mas e o risco de entregar um serviço e culminar em uma tragédia passional?

– Isso não é com a gente. Fazemos nosso serviço e os casais que se entendam – diz Aline. 

– Inclusive é parte do pacote, e muitos nos pedem isso, que os chamemos na hora do flagrante – relata.

 

À margem da lei

 

Perguntada sobre os limites legais de uma investigação, Aline não esconde:

– Se for trabalhar dentro da lei, não se trabalha.

Filmagens e escutas ilegais são prática corrente no mercado dos detetives.

 

Nem Nelson Rodrigues faria melhor

O jornalista, escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues apimentava suas histórias com relações extraconjugais que envolviam pessoas próximas dos traídos e dos traidores.

Às vezes, a realidade supera a ficção.

A detetive Aline relata um caso investigado por ela recentemente. 

O homem que a contratou desconfiava que a esposa mantinha uma relação com o filho dele. O pai tinha conhecido o adolescente de 18 anos há pouco tempo e o convidou para morar com ele.

– O guri e a mulher, de 31 anos, mais nova que o marido, se apaixonaram – resume Aline.

Microcâmeras espalhadas pela casa flagraram cenas tórridas de sexo pelas cômodos da residências.

 

Bela da Tarde

 

Em outro caso que lembra ficção, o marido desconfiava da mulher e a descobriu trabalhando num cabaré, ao estilo de Catherine Deneuve em A Bela da Tarde, filme clássico de Luis Buñel.

Antes de seguir lendo a reportagem, relembre vendo o trailer.

 

 

Big Brother

 

A tecnologia mudou a forma de investigar e praticamente eliminou o contato – mesmo visual – entre investigadores e investigados.

– Hoje colocamos um GPS no carro e ficamos seguindo à distância, ou mesmo monitorando no computador – conta a detetive Aline.

– Com os zooms das câmeras de hoje, podemos ficar a metros e metros de quem estamos investigando – acrescenta.

Talvez apenas a arapongagem com escutas clandestinas ainda remeta às investigações ‘das antigas’.

– Não há como sermos descobertos em uma investigação – garante ela.

 

Vigaristas S/A
 

Depois do adultério, as investigações na área trabalhista são as que têm maior procura por detetives.

São pessoas que alegam problemas de saúde e tentam aplicar golpes no emprego, em seguradoras e no governo, para receber benefícios.

– Isso é muito mais comum do que se imagina – relata a investigadora Aline.

Ela cita caso recente de homem que arrancou um dedo, foi afastado de sua função, mas prestava serviço para outra empresa. 

– Esse mundo está cheio de vigaristas – brinca ela.

 

Investigando o investigado

 

Aline seleciona seus detetives na base da confiança.

– Promovemos cursos para formação, mas procuramos sempre pessoas mais próximas. Há espionagem inclusive entre as agências – conta.

Quer falar com a Aline? Investiga e procura um dos cartazes dela pela rua.

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