Haveria preocupação da própria Anabel Lorenzi (PSB) com o ‘contágio’ de sua campanha em Gravataí pela crise entre o prefeito de Cachoeirinha Miki Breier (PSB) e o funcionalismo.
O governo tem 48 dias e os servidores já estão em estado de greve após o envio à Câmara de um pacote de ‘corte de vantagens’ para ajustar as contas da Prefeitura.
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Instigada no debate da TVE entre os prefeituráveis da aldeia, Anabel tentou se descolar do governo de seu partido para lá da 59.
– Sou candidata a prefeita de Gravataí – foi seu escudo.
Se a estratégia do ‘não é comigo’ vai dar certo, os próximos dias dirão. Inegável é que para a candidata resta mais difícil se dissociar de um governo que tem como comandante seu ex-marido e ainda um parceiro político de peso, sempre presente em grandes atos de sua campanha a prefeita.
Afastar-se do ex-prefeito Vicente Pires (PSB), ou do governo José Ivo Sartori, é barbada, mesmo com a impopularidade dos dois e seus atrasos de salários.
O exemplo de Vicente, que brigou com a cidade inteira, ficou esquecido em 2016. E é notória a péssima relação entre o atual e o ex-prefeito, mais ou menos como Daniel Bordignon e Sérgio Stasinski em Gravataí. Miki, mesmo carregando junto o alto e baixo clero político na cidade onde todos os vereadores são governo, assumiu praticamente como oposição ao colega.
E, em relação a Sartori, há um salvo conduto, já que os partidos das três principais candidaturas no ‘veraneio das urnas’ fazem parte do governo.
O que complica para Anabel anular o ‘efeito Miki’ é que, além da relação familiar e a convergências das trajetórias políticas dos dois, há 10 dias o governo vizinho foi usado como exemplo de boa arrancada, na convenção que a escolheu candidata a prefeita e Dilamar Soares (PSD) vice.
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Para piorar, ouvir o discurso dos sindicalistas de Cachoeirinha é como um deja vu das sessões da Câmara de Gravataí onde cortes de vantagens apresentados pelo prefeito Marco Alba (PMDB) eram criticados apaixonadamente pelos vereadores ligados a Anabel.
Como não parecer que, quando o partido está na oposição denuncia o ‘corte de direitos’ do funcionalismo, e quando está no governo defende o ‘fim dos privilégios’ dos mesmos servidores?
Não bastasse, uma das críticas tiradas da assembleia dos municipários de Cachoeirinha é a “falta de diálogo” por parte do prefeito, pressionado a ir pessoalmente para a mesa de negociações nesta segunda em que os funcionários vão acampar e almoçar em frente à Prefeitura.
Exatamente o que Anabel e os seus cobravam de Marco Alba em Gravataí.
Sem entrarmos no mérito do tamanho da crise que assola Cachoeirinha, ou do rombo nas contas e as dívidas do passado que Marco Alba denunciava em Gravataí, politicamente Anabel tem mesmo que se preocupar com o 'contágio'.
Além de não poder ser vista como uma ‘aventura’, para ser eleita a professora precisa avançar nos votos do funcionalismo, historicamente simpáticos ao ‘Grande Eleitor’ Daniel Bordignon, que apresenta como candidata a esposa Rosane Bordignon.
O exemplo de Cachoeirinha poderia lhe tirar da posição cômoda de surfar em promessas que só quem está na oposição pode fazer. Desde preservar o que os funcionários tem, até o posto de saúde a cada quilômetro que Germano Rigotto prometia em 2002, ou os seis postos de saúde abertos até a meia-noite que ela, Anabel, promete hoje.
No big brother das redes sociais, não custaria barata a associação de Anabel a Miki e sua possível greve.
Gravataí é aldeia, não ilha.
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