Game of Thrones Gravataí

Anabel e o mistério do vice

Na foto, Anabel Lorenzi em seu aniversário | Foto ARQUIVO PESSOAL/ Divulgação

Um dos mistérios da política de Gravataí envolve a candidatura a vice de Anabel Lorenzi (PSB).

 

 

A suspeita de 10 entre 10 políticos e pessoas que gravitam em torno da política da aldeia, ouvidos pelo SEGUINTE: nas últimas semanas, é que a ex-vereadora espera pelo PDT, apostando em uma impugnação da candidatura de Daniel Bordignon.

Mas, entre os trabalhistas, o que seria um caminho natural no caso de tragédia, não é um ‘plano b’. É, talvez, um ‘plano c’, pelo menos publicamente.

– Primeiro, do ponto de vista jurídico, não há chance de Bordignon não ser candidato. Estava livre para concorrer em 2014, como está agora. Qualquer cidadão pode tirar na internet as certidões que mostram que não há nenhum impedimento à candidatura – garante Cláudio Ávila, vice-presidente do PDT e, com um currículo de ter idealizado o impeachment da ex-prefeita Rita Sanco (PT), o advogado que supervisiona toda a assessoria jurídica do ex-prefeito.

– Do ponto de vista político, com todo respeito à Anabel, o PDT hoje é maior que o PSB. Com Bordignon no PDT, não há como o partido não ter candidatura à Prefeitura – diz, sem citar nomes de possíveis candidatos num caso de impedimento de Bordignon pela justiça eleitoral.

– Não há porque falar sobre uma tese que não existe – encerra Ávila.

 

“Não tem nada combinado”

 

Anabel, em entrevista ao SEGUINTE:, não escondeu que gostaria do apoio do PDT e de Bordignon.

– Está tudo combinado em caso de uma impugnação? – foi a pergunta.

– Não tem nada combinado – foi a resposta, rápida, da candidata a prefeita.

 

Teorias da conspiração

 

O Game of Thrones da política da aldeia alimenta as teorias da conspiração pela formação de uma parceria entre Bordignon e Anabel, tratada como imbatível. Na campanha de 2012, Anabel recebeu 40.043 votos – apenas 726 atrás de Bordignon. E amanheceu o dia seguinte à eleição ouvindo de políticos e eleitores que, se a votação fosse uma semana depois, poderia ser a prefeita eleita. Restou a desconfiança de que a votação dela pode ter sido uma ‘bolha’, inflada por votos herdados – vertiginosamente na reta final da campanha – de um Bordignon ameaçado de impugnação durante todo período eleitoral.

E, para quem não fez a conta ainda, Marco Alba (PMDB) foi eleito prefeito com 51.283 votos, 29.529 votos a menos que os 80.812 somados pelos dois adversários.

 

Da cabeça de Ávila

 

Á época no PV, Ávila foi o ideólogo da campanha de Anabel em 2012. Depois filiado ao PSB, também foi linha de frente da campanha vitoriosa de Miki Breier em 2014, na reeleição para deputado estadual. E, antes de se desfiliar e começar a montagem do PDT, Ávila procurou Bordignon, em conversa testemunhada pelo vereador Dimas Costa (na época no PT, hoje no PSD) e pelo ex-vice-prefeito Cristiano Kingeski.

Ávila levantava a possibilidade de uma aproximação entre Anabel e Bordignon. A cabeça da chapa seria decidida mais a frente, com base em pesquisas de viabilidade eleitoral. Sem ser ela a candidata a prefeita, Anabel não quis conversa.

– O Cláudio opera de um jeito peculiar, faz coisas da cabeça dele. O que garanto é que não procurou o Bordignon em meu nome, e nem em nome do PSB – diz Anabel.

– Eu e Bordignon até conversamos depois e não tratamos nada disso. Mas tanto o Bordignon quanto o PDT são forças importantes que eu gostaria de ter ao meu lado – diz, política.

 

PDT potência

 

Com a impossibilidade da aliança naquele momento, Ávila acelerou a engorda do PDT em Gravataí, atraindo do PT o vereador Alex Peixe, logo apresentado como vice de Bordignon.

Sob intensa pressão, aos 47 minutos do segundo tempo da janela de troca de partidos, o próprio Bordignon não suportou os prováveis danos eleitorais provocados pela crise nacional que envolve o PT, Dilma e Lula, cedeu ao ultimato dos trabalhistas e se filiou também, transformando o partido numa potência para a eleição deste ano.

 

O não ao PV

 

Também alimenta a suspeita de que Anabel espera por uma tragédia na candidatura de Bordignon o fato dela não ter levado adiante uma proposta que chegou durante a janela da troca de partidos: o PV tentaria atrair Dimas Costa, sairia do governo Marco e  indicaria o vereador para vice dela.

A idéia teria sido conversada pela primeira vez na sala de estar da casa de Márcio Souza, na presença do ex-prefeito Sérgio Stasinski.

Em 2012, o PV indicou a vice de Anabel Marcos Monteiro, professor e um dos propositores do impeachment de Rita Sanco.

 

Mal estar

 

O único movimento público de Anabel em relação ao vice se mostrou desastroso, quando em entrevista ao SEGUINTE: ela disse que procuraria Levi Melo (PSD) e o convidaria para ser vice.

O partido do médico reagiu e considerou a proposta indecorosa.  Anabel procurou Levi para desfazer o ‘mal entendido’. Mas, de certo dos dois movimentos, é que as portas se fecharam com o PSD e o PV, que começaram a conversar entre eles para uma possível – apesar de improvável – coligação.

 

A prefeita, não a vice

 

– É preciso entender um pouco esse movimento de Anabel. Ela fez uma baita votação, saiu da eleição como a grande novidade, e só o que ouvia era que seria uma boa vice para o Marco, para o Bordignon, para o fulano e para o ciclano. Anabel não aceitar nenhuma conversa onde ela não é protagonista é uma forma de mostrar que sua candidatura é para valer – argumenta uma fonte do próprio PSB.

 

O nome da hora

 

Se a eleição fosse hoje, a maior probabilidade seria de Anabel ter como vice um candidato do próprio PSB. O nome mais especulado nas rodas políticas é o de Carlito Nicolait, vereador que veio do PT para ampliar a bancada que já tinha Carlos Fonseca e Paulo Silveira.

 

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