entrevista

Anabel e Rosane para Prefeitura; a Bordignon solta o verbo

Diretório do PDT definiu chapa com Anabel a prefeita e Rosane Bordignon a vice

O diretório do PDT de Gravataí indicou como pré-candidatas a prefeita e vice Anabel Lorenzi e Rosane Bordignon. Para mim, a notícia está na confirmação de que a candidata que fez 44 mil votos em 2017 será a vice da que fez 23 mil. Fui ouvi-la.

Siga trechos.

 

Seguinte: – Explica essa matemática da política.

Rosane – Simples, a união de duas forças que fizeram 70 mil votos, juntas, teria ganhado a eleição e, o principal, pertence ao que chamamos de ‘partido histórico’, que tem a mesma visão de mundo. Avaliamos os resultados da última eleição e identificamos que faltou essa aproximação. Sugeri ao Daniel (Bordignon) e ele pensa a mesma coisa. Não faço política como disputa de beleza ou projeto individual. Fiz 44 mil votos representando um projeto político para a cidade. Acredito que era minha, do Bordignon e desse grupo assumir a responsabilidade do diálogo. Falamos com o presidente municipal (Paulo Silveira) e estadual (José Stédile) e comunicamos que apoiaríamos Anabel mesmo no PSB. Mas isso já é história superada, o Seguinte: já noticiou. Hoje ela está no PDT, se prepara para ser prefeita por mais tempo do que eu e é uma candidata natural.

 

Seguinte: É uma decisão definitiva?

Rosane – E por que não seria? Queríamos muito isso. Não é por falta de alternativa ou por força das circunstâncias. Tanto que só aprofundamos a conversa com Anabel quando o Daniel desistiu do recurso em Brasília que o possibilitaria concorrer a prefeito e resolvi o processo que me envolvia. É pacífica a decisão por Anabel candidata a prefeita e eu a vice. Anabel me quer vice, diz em todas as falas. Nos damos muito bem. Acredito que temos até mais afinidades para governar do que com o Daniel, talvez por sermos mulheres. Mesmo adversárias em campanha sempre a tratei por Bel. Já divergimos muito quando estivemos juntas no mesmo partido, mas sempre no bom debate da política. Mas também sempre convergimos muito. Desde 96, quando eu era esposa do candidato a prefeito e ela do Miki (Breier), candidato a vice, e percorríamos a cidade em um velho Fiat Uno branco. Estou muito feliz. Estamos.

 

Seguinte: – No pós-campanha, vocês duas deram entrevistas fortes, com críticas mútuas.

Rosane – Nunca nos atacamos pessoalmente. O clima estava quente ainda e processos contra nós por questões legais me irritaram. Marco Alba só não foi derrotado porque não ficou claro ao eleitor quem poderia fazê-lo, eu ou ela. Unidas, teríamos vencido. Mas ninguém imaginava o poder de transferência de votos do Daniel e o PDT saiu como o maior partido, porque disputou sozinho a eleição, enquanto o prefeito, além da máquina da Prefeitura, tinha 18 siglas na coligação. É por isso que reafirmo: era nossa a responsabilidade de conduzir a oposição. Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima!

 

Seguinte: – Quem é o adversário?

Rosane – O candidato de Marco Alba, que não sei quem é. Acredito que será o Jones (Martins), por falta de alternativa. O prefeito tem um grande problema político com sua base, mas é muito competente na política, não há como negar.

 

Seguinte: – É uma escolha de adversário das duas forças mais tradicionais, Daniel Bordignon e Marco Alba, o ‘GreNal da Aldeia’?

Rosane – Não, é a realidade. O Marco tem toda a estrutura da Prefeitura e terá recursos que não temos. Além de ser um grande pensador da política. Discordo dele em ações de governo, ideologicamente, em visões de mundo, mas o reconheço como um grande estrategista da política. É um adversário qualificado, não enfrentaremos uma besta e sim um cara experiente.

 

Seguinte: – Antes da eleição de 2016 Bordignon costumava dizer que seu principal cabo eleitoral era o governo ruim que Marco Alba fazia. A percepção das pessoas parece ter mudado e o governo tem feito obras.

Rosane – O governo tem feito obras importantes, mas perdeu o timing, não consegue recuperar a confiança da cidade. É um governo que não encanta, tem um prefeito distante. Pergunte para uma criança se sabe quem é o prefeito? Na época do Bordignon todo mundo sabia. O melhor governo da história nós temos para apresentar. Ninguém mais tem.

 

Seguinte: – Dimas Costa (PSD) também é candidato. Costumo dizer que, ideologicamente, está “atrás do muro” e tenta se colocar como uma terceira via sustentando que passou o tempo de Bordignon e Marco.

Rosane – Dimas tenta se colocar como novidade, mas infelizmente representa o que tem de mais atrasado e intragável na política. Não adianta ser um jovem e fazer política velha. É o tipo do político parlapatão. Paulo Freire já dizia que a prática precisa justificar o discurso. Lembra o escândalo da parabólica, em que o ministro Rubens Ricupero entraria no ar na Globo e vazou a frase "eu não tenho escrúpulos; o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde”?. O Dimas é o Ricupero da política de Gravataí. Não tem pudores para fazer alianças, para atacar quem quer que seja. É lastimável, porque saiu de um lugar em que poderia crescer. Não falo sobre ser de esquerda, centro ou direita. O que ele não tem é histórico de lutas. Foi de grêmio estudantil? Que causas defendeu ou defende? Teve uma ascensão meteórica ao se beneficiar de governo do PT para ser eleito vereador. O vice-prefeito (Cristiano Kingeski) de Rita Sanco o ajudou na campanha de 2012. Nem sabíamos. É como Olívio falou sobre o PT, e digo sempre ao Dimas: ele anda com más companhias. Cláudio Ávila manobrará para ser o vice e se um dia Dimas fosse eleito, faria de tudo para derrubá-lo e ser o prefeito. Vai sacaneá-lo. Mas não temos dúvida que nosso adversário será o candidato do Marco.

 

Seguinte: – Na última campanha já houve uma espécie de ensaio de fake news nas redes sociais. Como projetas 2020?

Rosane – As redes sociais são importantes, mas a vida real acontece na rua, no olho no olho, que é nossa forma de relacionar com as pessoas e fazer campanha. Não acredito que vivamos uma disputa entre bolsonaristas e antibolsonaristas. O eleitor vai escolher quem achar melhor para Gravataí, para a terra onde pisa. E a figura do Daniel é muito forte. O cidadão se sentia parte das decisões da cidade e hoje perdeu essa referência.

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