rio grande afora

Angústias rodoviárias

Ontem atravessei boa parte do Rio Grande do Sul para um bate-e-volta a Santana da Boa Vista. Foram quase 800 quilômetros. Sabe onde fica? Eu também não sabia. Participo do Comitê de Gestão da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí e fui  acompanhar meu marido em reunião decisiva do Comitê Camaquã. Foi estimulante ver representantes de vários municípios unidos pela preservação da vocação econômica regional.

Os 28 votos institucionais rejeitaram, unanimemente, um projeto minerador apresentado como de geração de renda e empregos. Ele pode comprometer todos os arranjos produzidos e ajustados ao longo de décadas na bacia do rio Camaquã. O projeto segue sob a análise da FEPAM, mas agora tem este indicativo categórico de rejeição por parte das comunidades locais consolidado no Comitê Camaquã. E isto não é pouca coisa…

Ainda preciso trilhar por 400 dos 496 municípios do RS. Mesmo que seja apenas por algumas horas ensolaradas. No caso, elas foram insuficientes para verificar que o nome do município está errado. “Boa Vista” é pouco, muito pouco, para expressar a beleza dos cenários descortinados. “Linda Vista” ou “Maravilhosa Vista“ adjetivam bem melhor. Este nosso Rio Grande do Sul é grandioso! Mas foi uma viagem marcada por duas angústias diferentes.

A primeira é a da sinalização deficiente. Só bem no acesso final, centenas de quilômetros depois de iniciada a viagem, apareceu uma placa de divulgação do Sindicato Rural. Chegar até Santana da Boa Vista significa precisar encadear vias municipais, estaduais e federais. Nos guiamos por mapa impresso e pela imagem eletrônica (com a voz da moça gentil gravada) no painel. Imagina o problemão de errar o caminho e chegar com atraso? Ou nem chegar?

Gravataí agora tem marcos em seus acessos, mas, ao locomover-se na cidade, se você for só e pela primeira vez, sugiro uso de carro com GPS. Se depender do transporte coletivo, precisa contar com a sorte de encontrar pessoas que saibam como ir de um lugar a outro. Tem parada de ônibus sem numeração. Outras, numeradas, mas nem todos os ônibus param nelas. Meu sonho de consumo é chegar em qualquer uma e encontrar um mapa de localização, com o itinerário do veículo. Não nego que, por falta de informação, tive a satisfação de conhecer vários pontos da cidade. Já entrei em muito ônibus errado!

A outra angústia mencionada antes finaliza este texto. Cruzamos, na ida e na volta, por – literalmente – centenas de caminhões de carga. Seguiam a toda velocidade nos “retões” e nas descidas, arrastavam-se nas subidas. Inclusive bitrens, aqueles gigantes que se estão na nossa frente só com muita coragem e motor possante para tentar ultrapassagem. Que sufoco!

O lado bom da história é que eu e meu marido sentimos que a economia gaúcha não está parada. A movimentação incrível de cargas que presenciamos indica que estamos numa boa estrada, apesar dos tempos difíceis. Políticos corruptos e empresários corruptos são exceções no Rio Grande do Sul e no Brasil. Preciso acreditar nisso. É indispensável para mim acreditar nisso.

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