O prefeito de Cachoeirinha, Cristian Wasem (MDB), confirmou ao Seguinte: que vai comparecer ao depoimento do Impeachment 1.0, marcado para esta terça-feira (23), às 13h, na Câmara de Vereadores. É possível assistir pelas redes sociais do Legislativo.
A oitiva foi designada pela Comissão Processante nº 1 e ocorre poucos dias após o chefe do Executivo ter adotado um tom frontalmente político em seu depoimento no Impeachment 2.0, no último sábado.
O depoimento será por videoconferência, conforme a defesa do prefeito.
O Impeachment 1.0 é o mais frágil. O vice-prefeito, Delegado João Paulo Martins (PP), já foi excluído e as principais denúncias foram arquivadas em Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) e parecer do Tribunal de Contas do Estado (TCE) não reconheceu superfaturamento em telas interativas.
Arrisco antecipar que, neste processo, Cristian será absolvido.
A principal possibilidade de cassação e perda dos direitos políticos por 8 anos é o Impeachment 2.0, que processa suposta coação a vereadores, irregularidades em contratações (com contratação emergencial de empresa ligada a integrante do governo) e ‘pedaladas’ fiscais, com imputações diretas ao prefeito e vice.
Em nota, a Comissão Processante informou que comunicou nesta segunda-feira a data do depoimento.
A decisão ocorre após autorização judicial para o regular prosseguimento dos trabalhos, dentro dos limites fixados pelo Judiciário, e depois de reconhecido o esgotamento do prazo legal concedido à defesa para manifestação prévia — sem apresentação de resposta.
A comissão ressalta que o ato “seguirá rigorosamente o Decreto-Lei nº 201/1967, com observância do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal”.
O discurso institucional é o mesmo adotado no segundo processo: rito cumprido e nenhuma reação política.
A denúncia de “corrupção” e o silência ritual
A oitiva do Impeachment 1.0 acontece em um contexto político bem definido. No sábado, ao depor remotamente no Impeachment 2.0, Cristian escolheu o ataque frontal.
Disse que os processos de cassação existem porque teria “fechado as portas para a corrupção”, acusou a Câmara de protagonizar um “golpe”, falou em ataque à democracia e à vontade popular expressa nas urnas e relatou, sem citar nomes, que “articulador do impeachment” sugeriu a ele “dar um brinquedinho para cada um”.
A reação institucional foi imediata — mas silenciosa.
Horas depois, a Câmara divulgou nota oficial reafirmando que, apesar do discurso político do prefeito, o rito permaneceu intacto. Nos bastidores, a estratégia foi deixar o discurso falar sozinho e não escorregar na provocação.
Leia em detalhes a ação e reação em “Fechei as portas da corrupção, e isso incomodou a política”, diz prefeito Cristian em depoimento remoto no Impeachment 2.0 de Cachoeirinha; assista e Após ataque político do prefeito, Câmara de Cachoeirinha reage com nota e reforça: rito segue intacto no Impeachment 2.0; a casca de banana.
Embora distintos, os dois impeachments caminham para um ponto comum. O 2.0 já encerrou a fase de instrução e aguarda as alegações finais da defesa para que seja marcado o julgamento. O 1.0 avança agora para sua etapa mais sensível: ouvir o principal denunciado.
Na bet política dos bastidores, a aposta é de que a sessão de julgamento do Impeachment 2.0 — que envolve prefeito e vice — deve acontecer ainda em 2025. Nas últimas semanas a projeção era de que o ‘júri político’ só aconteceria em janeiro — no máximo até o dia 15.
Caso Cristian e Delegado sejam cassados no Impeachment 2.0 — é preciso 12 votos entre 17 vereadores — o Impeachment 1.0 perde o objeto, pode até ser arquivado. É notório nos bastidores que o segundo impeachment foi apresentado após ser constatada a fragilidade do primeiro.
Ao fim, a presença de Cristian no depoimento desta terça antecipa que o prefeito deve novamente partir para o ataque. A estratégia parece ser tentar convencer a gente de Cachoeirinha que “ruim com ele, pior sem ele”.






