RAFAEL MARTINELLI

Após discurso sobre “corrupção” no Impeachment 2.0, prefeito de Cachoeirinha confirma depoimento remoto no 1.0 nesta terça

Cristian vai prestar depoimento por videoconferência no Impeachment 1.0, às 13h desta terça-feira

O prefeito de Cachoeirinha, Cristian Wasem (MDB), confirmou ao Seguinte: que vai comparecer ao depoimento do Impeachment 1.0, marcado para esta terça-feira (23), às 13h, na Câmara de Vereadores. É possível assistir pelas redes sociais do Legislativo.

A oitiva foi designada pela Comissão Processante nº 1 e ocorre poucos dias após o chefe do Executivo ter adotado um tom frontalmente político em seu depoimento no Impeachment 2.0, no último sábado.

O depoimento será por videoconferência, conforme a defesa do prefeito.

O Impeachment 1.0 é o mais frágil. O vice-prefeito, Delegado João Paulo Martins (PP), já foi excluído e as principais denúncias foram arquivadas em Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) e parecer do Tribunal de Contas do Estado (TCE) não reconheceu superfaturamento em telas interativas.

Arrisco antecipar que, neste processo, Cristian será absolvido.

A principal possibilidade de cassação e perda dos direitos políticos por 8 anos é o Impeachment 2.0, que processa suposta coação a vereadores, irregularidades em contratações (com contratação emergencial de empresa ligada a integrante do governo) e ‘pedaladas’ fiscais, com imputações diretas ao prefeito e vice.

Em nota, a Comissão Processante informou que comunicou nesta segunda-feira a data do depoimento.

A decisão ocorre após autorização judicial para o regular prosseguimento dos trabalhos, dentro dos limites fixados pelo Judiciário, e depois de reconhecido o esgotamento do prazo legal concedido à defesa para manifestação prévia — sem apresentação de resposta.

A comissão ressalta que o ato “seguirá rigorosamente o Decreto-Lei nº 201/1967, com observância do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal”.

O discurso institucional é o mesmo adotado no segundo processo: rito cumprido e nenhuma reação política.

A denúncia de “corrupção” e o silência ritual

A oitiva do Impeachment 1.0 acontece em um contexto político bem definido. No sábado, ao depor remotamente no Impeachment 2.0, Cristian escolheu o ataque frontal.

Disse que os processos de cassação existem porque teria “fechado as portas para a corrupção”, acusou a Câmara de protagonizar um “golpe”, falou em ataque à democracia e à vontade popular expressa nas urnas e relatou, sem citar nomes, que “articulador do impeachment” sugeriu a ele “dar um brinquedinho para cada um”.

A reação institucional foi imediata — mas silenciosa.

Horas depois, a Câmara divulgou nota oficial reafirmando que, apesar do discurso político do prefeito, o rito permaneceu intacto. Nos bastidores, a estratégia foi deixar o discurso falar sozinho e não escorregar na provocação.

Leia em detalhes a ação e reação em “Fechei as portas da corrupção, e isso incomodou a política”, diz prefeito Cristian em depoimento remoto no Impeachment 2.0 de Cachoeirinha; assista e Após ataque político do prefeito, Câmara de Cachoeirinha reage com nota e reforça: rito segue intacto no Impeachment 2.0; a casca de banana.

Embora distintos, os dois impeachments caminham para um ponto comum. O 2.0 já encerrou a fase de instrução e aguarda as alegações finais da defesa para que seja marcado o julgamento. O 1.0 avança agora para sua etapa mais sensível: ouvir o principal denunciado.

Na bet política dos bastidores, a aposta é de que a sessão de julgamento do Impeachment 2.0 — que envolve prefeito e vice — deve acontecer ainda em 2025. Nas últimas semanas a projeção era de que o ‘júri político’ só aconteceria em janeiro — no máximo até o dia 15.  

Caso Cristian e Delegado sejam cassados no Impeachment 2.0 — é preciso 12 votos entre 17 vereadores — o Impeachment 1.0 perde o objeto, pode até ser arquivado. É notório nos bastidores que o segundo impeachment foi apresentado após ser constatada a fragilidade do primeiro.

Ao fim, a presença de Cristian no depoimento desta terça antecipa que o prefeito deve novamente partir para o ataque. A estratégia parece ser tentar convencer a gente de Cachoeirinha que “ruim com ele, pior sem ele”.

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