Sete meses após ser excluído da eleição para o Conselho Tutelar de Gravataí, Samuel Serra, envolvido em suposta polêmica por homofobia na campanha, envia um longo pedido de ‘direito de resposta’ ao Seguinte:.
Reproduzo na íntegra e, abaixo, sigo.
“(…)
Em toda minha vida, desde quando representava os estudantes como membro do conselho escolar, presidente de grêmio estudantil, liderando jovens Adolescentes em minha Igreja, além dos cargos em todas as esferas que desempenhei, tenho meu trabalho pautado na busca da verdade, honestidade e dignidade, e esses princípios não são favores e sim minha obrigação, como falar a verdade também é.
Sou cristão, conservador e de direita, não me envergonho de defender aquilo que acredito, Deus, Pátria, Família e Liberdade, em um pleito onde se decide quem irá defender os direitos de nossas crianças e adolescentes é indispensável que se conheça quem são os candidatos, a sua história e aquilo que acreditam.
Em uma série de reportagens à época das eleições para o Conselho Tutelar, em que eu era candidato, foi relatado, por este meio de comunicação, que eu havia tido uma fala supostamente homofóbica, mas naquele momento não foi me dado o direito de esclarecer os fatos, ignorando a presunção de inocência, o que certamente foi decisivo para o desenrolar da minha candidatura.
Tendo em vista esses acontecimentos e vindo à tona a decisão da justiça, que garantiu o mandato da conselheira Rafaela Nauane, e também o retorno de tais matérias à evidência do público, me vejo no direito de trazer os esclarecimentos dos fatos.
Tenho por convicção que jamais podemos promover a sexualização das nossas crianças, sob pena de causar danos irreversíveis em sua formação. A erotização faz com que o infante atravesse prematuramente etapas do seu desenvolvimento, o que sempre é nocivo.
Destaco que o atendimento a elas sempre deve seguir as diretrizes legais estabelecidas, sem distinção alguma, dado que TODAS SÃO CRIANÇAS COM DIREITOS, devendo receber respeito, amor, cuidado e afeto.
Em momento algum, de forma direta ou indireta, propus crime de ódio em minhas
palavras, dado que sou a favor das liberdades individuais de cada um, sou a favor de um país livre e, por acreditar nisso, expus minha opinião e indaguei ao internauta sua opinião sobre o tema.
Reafirmo que a percepção de uma pessoa sobre seu gênero é um entendimento sobre a sua identidade e sobre como ela se reconhece enquanto indivíduo, contudo, o que sou contra é o uso de dinheiro público na imposição de doutrinas ideológicas ligadas a esquerda (doutrinação das crianças).
A Feira do Livro é um momento único para a cidade, promovida com dinheiro público, que visa a troca de conhecimentos e cultura. A imagem de uma criança com laço arco íris na cabeça representou, no meu entendimento, uma possível doutrinação as crianças por órgão da Administração, fato que me fez questionar ao público, sendo uma plena liberdade de expressão minha, que não difamou, caluniou ou injuriou ninguém. Tal fato se evidencia quando também houve nota de repúdio emitida pelo Conselho de Cultura, o que demonstra que a minha preocupação com as crianças não estava errada, contudo, não me foi dado o direito de resposta à época.
Sobre minha exclusão do processo eleitoral, cabe o destaque que não fui ouvido pelo CMDCA, portanto, não tive o direito de ampla defesa e contraditório, tomando conhecimento das medidas administrativas somente através dos meios de comunicação.
Informo que impetrei Mandado de Segurança na justiça, mas desisti do seu prosseguimento, decisão tomada por entender que o eleitor merece toda segurança na hora do voto, modo que a ação foi extinta sem ter tido o exame de mérito analisado, na forma do artigo 485, VIII do Código de Processo Civil.
Como veio ao conhecimento público a decisão judicial da Conselheira Rafaela Nauane, a qual também teve impugnada a candidatura pelo mesmo motivo, sendo que a decisão judicial determinou que não se vislumbraria a necessidade de comunicação da exoneração à Comissão do CMDCA, informo que tal fato me favoreceria.
São estes os fatos notórios que deveriam ser esclarecidos naquela época, mas somente foi me dado o direito de resposta agora, o que devidamente os esclareço, sendo que Deus, a Justiça e a História estão trazendo a tona a verdade dos fatos.
Por fim, dentro do processo de escolha, me orgulho por ter enfrentado todas as fases qualificativas, sendo aprovado com 96,00 pontos na prova de conhecimentos sobre o ECA, ficando na 2º colocação geral, acima dos demais conselheiros já com experiência no cargo.
Gostaria que o mesmo empenho que levou a série de reportagens sobre mim, fosse também para mostrar à população as qualidades e serviços prestados por todos candidatos, qualificando ainda mais essa importante eleição. Continuo com meu trabalho de defesa dos direitos das crianças e adolescentes. Os cargos, as eleições e os títulos passam, mas o trabalho deve permanecer
(…)”.
Sigo eu.
Primeiro, reafirmo tudo que escrevi em Não é homofobia crítica de candidato a conselheiro tutelar ao arco-íris da Feira do Livro de Gravataí? Como o senhor atenderia uma criança gay mutilada, Samuel?, quando analisei vídeo postado pelo então candidato.
O espaço sempre esteve aberto à contestação de minha opinião. Nunca foi negado e nem será.
Samuel escolheu falar agora, usando decisão judicial que evitou a cassação da conselheira tutelar eleita, Rafaela Nauane, o que reportei em Juiz anula decisão que poderia cassar mandato de conselheira tutelar que é esposa do presidente da Câmara de Gravataí; Josef K e a ‘eleição do tapetão’.
Só que a ação envolvendo Rafaela é uma coisa, e sua exclusão outra: os motivos que levaram à ‘cassação’ de sua candidatura noticiei em Comissão Eleitoral do Conselho Tutelar impugna e exclui candidaturas em Gravataí; Na lista, esposa de vereador e candidato envolvido em polêmica por suposta homofobia. Saiba os nomes aptos para eleição.
Sobre a suposta homofobia, insisto na análise que fiz sobre o vídeo, onde jamais permiti apenas a presunção de culpa, e sim lancei uma série de perguntas, que Samuel só não respondeu à época porque não quis.
Pelo que apurei, foi orientado inclusive a não se manifestar.
Não dá para esquecer de lembrar que, à época, o colegiado dos 10 conselheiros tutelares, e também o Conselho Municipal de Cultura, também repudiaram o vídeo; leia em Em repúdio, colegiado dos 10 conselheiros tutelares de Gravataí oficia MP, CMDCAS e Corregedoria após falas supostamente homofóbicas de candidato; Sob a ‘bíblia’ do ECA e Conselho de Cultura de Gravataí repudia falas supostamente homofóbicas de candidato ao Conselho Tutelar: “Não se pode aceitar de uma pessoa que se candidata a trabalhar diretamente com crianças e adolescentes”.
Inclusive, Samuel Terra, se o senhor quiser responder diretamente às perguntas que fiz no artigo original, pode enviar textão que as respostas serão publicadas.
Ao fim, concluo como no primeiro artigo, e o perfil de eleitos país em outubro insiste em me dar razão: “infelizmente, reputo a politização e ideologização da eleição para o Conselho Tutelar inscreve um futuro cinza, sem arco-íris para nossas crianças e adolescentes”.