A sucessão está nas mãos – cérebro, coração e fígado – do grupo que governa Gravataí por uma década. Reputo o favoritismo só não se confirma até 2024 caso o prefeito Luiz Zaffalon (MDB) e o ex-prefeito Marco Alba (MDB) sejam acometidos pelo ‘efeito partido-partido’.
‘Partido-partido’ foi manchete de minha coluna do CG em noite de 2008, de agressões, pé na porta da sede e arma sacada, na qual Daniel Bordignon venceu prévia de Sérgio Stasinski e o PT mostrou a ‘Falha de San Andreas’ que rachava o partido desde que o ex-prefeito decidiu ser ele o candidato, barrando a reeleição do então prefeito.
Não consta nenhuma clivagem insuperável entre Zaffa e seu ‘Grande Eleitor’, Marco Alba. Inevitável foi dúvidas surgirem após o prefeito manifestar desejo de concorrer à reeleição – o que faz por duas vezes, antes de ser perguntado, e perguntado, em SEGUINTE TV | 1h com Zaffa: prefeito faz balanço do governo e fala sobre polêmicas; “Sou candidato natural a reeleição. Todo mundo me pergunta”.
É obviamente justa a intenção de Zaffa, que faz um bom governo, com projeção de R$ 200 milhões em obras, o maior investimento da história de Gravataí; quesito que o diferencia seu capital político de Stasinski, para ficar no exemplo da história recente.
Mas vive o MDB o dilema de arriscar que sua maior liderança e ‘Grande Eleitor’, Marco Alba, que saiu do governo com as contas em dia, investindo R$ 100 milhões e uma aprovação de quase 9 a cada 10 gravataienses, fique pelo menos 8 anos sem um mandato eletivo; o que, mantendo o exemplo da queda do império petista, completa Bordignon neste 2022.
Sim, porque se Marco não for candidato em 2024, pode também não ser eleito deputado federal em 2026, tal a dificuldade da eleição. Em 2022 recebeu 68.245 votos, 45.882 nas urnas gravataienses, que lhe inscrevem como o campeão de votos na história de Gravataí, mas não foi eleito. Precisava de 100 mil.
Fato é que a sucessão na eleição municipal é o assunto preferido dos políticos. Todos os dias alguém me pergunta: “é Zaffa ou Marco ou candidato?”, “Estão de bem?”, “Brigaram?”, “Vão brigar?”, “Viu o que disse o Zaffa?”, “Viu o que o Marco falou?”.
Invariavelmente o interlocutor já tem sua escalação do time de um ou outro, caso resolvam cometer um DB-SS 2.4, arriscando ruir por dentro um império político, como fez o PT, cuja oposição precisou de pouco no golpeachment contra Rita ‘Dilma’ Sanco, tal fragilidade do partido em 2011.
O que respondo? Que certeza tenho apenas que a eleição municipal, que é como um Brasileirão de pontos corridos, já começou, porque nunca termina.
E as aparições e gestos públicos de Zaffa e Marco, com o reforço da deputada estadual de Gravataí Patrícia Alba, os escalam no mesmo time; prova são as fotos em eventos e obras que não param.
Andam juntos até ao lado do Papai Noel que, tenho certeza, não saberia dizer hoje quem vai concorrer amanhã para manter com o mesmo grupo político as chaves da cidade.
Seguindo juntos, alguns adversários possivelmente nem concorram.
Ao fim, aguardemos. A política ensina que a história é uma loteria. Sobre o suicídio do PT de Gravataí, suas consequências e ensinamentos, sempre lembro de verbete do Millôr: “Um dia um de seus seguidores o traiu. Um só. Quer dizer, um só porque a traição deu certo. Os outros onze estavam só esperando a vez”.