RAFAEL MARTINELLI

Audiência pública: ninguém quer pedágio e Leite é “mentiroso”. Ok, mas o que fazer da ERS-118?; O advogado do diabo

Audiência pública promovida na Assembleia Legislativa debateu pedágio na ERS-118

Quase todo mundo é contra pedágios na ERS-118 e o governador Eduardo Leite “é o político mais mentiroso da história do Rio Grande do Sul”, conforme o proponente, Rodrigo Lorenzoni (PL), da audiência pública realizada pela Assembleia Legislativa, com apoio do Movimento ERS-118 Sem Pedágio. Ok, mas e agora? Neste artigo vou fazer o advogado do diabo.

Desde que o governador lançou, em seu mandato anterior, os blocos de concessão de rodovias e incluiu a ERS-118, critiquei o modelo de privatização à brasileira: após R$ 400 milhões em investimentos públicos na duplicação – e, agora, mais a elevada em Gravataí, de R$ 27 milhões, e a iluminação completa, por R$ 20 milhões –, a entrega para a iniciativa privada.

Na campanha, Leite, após chegar ao segundo turno com apenas 2.441 votos (0,04%!) a mais que Edegar Pretto (PT), entrou no modo populista e, mesmo entusiasta dos pedágios, após pedirem uma formalização do que disse com exclusividade ao Seguinte:, em EXCLUSIVO | Eduardo Leite diz que 118 não terá pedágio em Gravataí caso seja eleito, assinou documento se comprometendo a não cobrar pelo uso da 118; assim como fez o pai de Rodrigo, seu adversário Onyx, e reportei em ‘Efeito Seguinte’: Leite e Onyx assinam documento garantindo que ERS-118 não terá pedágio em toda sua extensão; Leia o compromisso.

Não há no documento margem para verdades múltiplas: está lá escrito que a rodovia não seria pedagiada – tratei em artigos como Bomba! ERS-118 pode ter pedágio; O senhor é ‘sem palavra’, governador Eduardo Leite?, inclusive reproduzindo o documento original, assinado pelo político que venceu a eleição.

Sigamos, então, até porque seria brigar com os fatos, aqueles chatos que atrapalham argumentos, para adiante da “mentira” que seria pedagiar a 118,

Na remontada da polêmica, quando confirmou a reabertura de estudos pela cobrança para dirigir pela 118, com o sistema free flow, onde não há praça com cancelas, mas o usuário paga conforme a quilometragem que percorre, interpreto que Leite alertou que, sem pedágio, a manutenção da rodovia fica sob risco e a duplicação que falta entre Gravataí e Viamão não vai acontecer; já tratei disso em Entre verdades múltiplas, Leite sinaliza que cobrança de ‘pedágio sem cancelas’ pode acontecer até em Gravataí e Cachoeirinha; Sem cobrança, sem duplicação até Viamão.

Aí resta a ressaca da audiência pública.

Se o governador desprezou a audiência ao enviar apenas o secretário-adjunto de Parcerias e Concessões, Gabriel Fajardo, que apenas reafirmou a necessidade de um novo estudo para o Bloco 1 (onde também está a ERS-020) pelos dados da concessão suspensa serem anteriores à 2020, também não há notícia de apresentação de alternativas factíveis para a 118.

Se o movimento é apenas contra o pedágio, reputo já está vencido o debate pelo Movimento RS 118 Sem Pedágio, entidades e políticos de oposição, ou não; 50 dos 55 deputados estaduais assinaram manifesto – Patrícia Alba (MDB), de Gravataí, entre parlamentares subscritos, Valdir Bonatto (PSDB), de Viamão, não.

Mas, e agora, o que será da 118?, pergunto, advogando para diabo.

Ao fim, se pedagiar a rodovia – sem ser liberado da palavra empenhada – seria uma mentira, ou, para não ser tão grosseiro, uma verdade múltipla, é uma verdade que Leite nunca prometeu concluir a duplicação ou manter a 118 com recursos próprios do Estado.

Inegável é que, em algum momento, a realidade se impõe e precisaremos ir adiante nos compromissos com uma rodovia que está ajudando a transformar a região no principal polo logístico gaúcho.

“Não há almoço de graça” é a máxima, né?

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