candidatos locais

BIOGRAFIA | Juliano Paz e o mandato live no Facebook

Juliano da Paz Carvalho

Seguimos com Juliano Paz uma série especial com candidatos locais que disputam a assembleia legislativa e a câmara federal nas eleições de 2018. Num formato diferente, o Seguinte: ouve as histórias de vida e traz relatos em primeira pessoa, onde são os entrevistados que contam suas trajetórias. 

 

Assista ao clipe que o Seguinte: produziu na casa da mãe do Juliano, na Alberto Torres, em Gravataí. Depois leia a biografia

 

Nasci em Porto Alegre aos cinco minutos de 9 de novembro de 1977. Morei no Partenon até 19 de julho de 1980 em que desembarcamos na Morada do Vale, onde vivi 38 dos meus 40 anos. A mãe, Luzia, foi balconista, dona da primeira banca de revistas do bairro até se dedicar a cuidar de mim e de meu irmão, Felipe, 32. O pai, João, era representante comercial e uma figura queridíssima, que não fazia churrasco sem convidar um vizinho para comer junto. À época surgia o que hoje é uma cidade dentro de Gravataí. Quando chegamos, erguiam-se casas de madeira, não tinha asfalto, calçada ou luz. Como todo bairro de famílias humildes, todos se conheciam e conviviam uns nas casas dos outros, ajudando-se nas dificuldades. Por 16 anos fui casado com uma vizinha, Joelma, hoje uma irmã para mim e a quem minha mãe tem como filha, e há dois anos tenho Sueme Pompeu de Mattos como companheira.

Uma das minhas marcas é a memória. Encontro pessoas depois de 20 anos e lembro o nome. Não é treino, é um dom. Então recordo muito da infância. Fui criança de verdade, brincando na praça e fazendo coisas como descobrir tesouros indígenas que povoavam nosso imaginário infantil. Como era ruim de bola, jogava muito taco na rua. Mas era um menino calmo, não era arteiro de subir em árvore, nunca precisei de um ponto no corpo. Gostava mesmo era de ficar dentro de casa, ler gibis do Chico Bento e colecionar figurinhas. Ou assistir desenhos como Pica-Pau e Pantera Cor de Rosa, ou Chaves e Chapolin, que esperava o pai voltar ao fim da tarde, para ver junto. Às vezes, quando vejo na TV, ainda sei recitar falas das personagens! Até hoje meu lazer é ficar em casa, com minhas vira-latas e minha gata. Gosto também de caminhar. Nos oito anos que trabalhei na assembléia legislativa, quase que diariamente ia até o Gasômetro para sentar na grama, ver o pôr-do-sol e pensar na vida.

Minha relação com a igreja católica começou cedo. Todos diziam para a mãe:

– O Juliano sai todo dia para a rua com a Bíblia embaixo do braço: vai ser padre!

Aos 14 anos, pensei nisso, mas depois percebi que não tinha a vocação, apesar da igreja ter tido um papel fundamental em minha formação. Ia à missa com a mãe, ajudei literalmente a erguer a Santa Rita de Cássia, puxando carrinho de cimento e levando tijolos. Fui catequista dos 15 anos até assumir como vereador, aos 23. Só parei porque não seria possível conciliar o mandato com os cursos de formação, que sempre levei a sério, da mesma forma que a vida partidária, onde até hoje não perdi um congresso nacional sequer! Como não tinha dinheiro para avião, fui de ônibus oito vezes a Brasília, uma ao Rio e outra a Maceió. Para comer, levava salgadinhos e galinha com farofa que a mãe preparava.  Seu Didi, falecido há dois anos, que era instrutor dos coroinhas, foi meu evangelizador. A partir dos 11 anos, muito me influenciaram as catequistas Conceição, Adriana e Marisa.

Do pré até a oitava série estudei no Getúlio Vargas. Fui presidente do grêmio estudantil aos 12 anos. O ensino médio conclui no Mascarenhas de Moraes. Cursei direito e me falta apenas entregar o trabalho de conclusão, o que pretendo fazer após as eleições. Aos 14, tive aula com Miki Breier, um amigo até hoje. Era uma figura muito fraternal nas relações e suas aulas de ensino religioso não eram pregações católicas, mas sobre valores morais, espirituais, de buscar ajudar ao próximo e viver em comunidade. Em 92, o Miki, influenciado pelo padre Léo Hastenteufeul, nosso parceiro até hoje, concorreu e foi eleito vereador. Vivíamos o auge das CEBs, as comunidades eclesiais de base, que considero um dos maiores laboratórios de lideranças políticas do Brasil. Aquilo me apaixonou, a idéia da igreja que ia além da caridade, popular, para os pobres, a prioridade do reino de Deus para os que mais precisam, mas com organização da comunidade para fazer a justiça social acontecer.

Eu já era uma liderança entre jovens católicos, tínhamos o Jomec, Jovens Mensageiros de Cristo, que hoje é o nome de um grupo de Whatsapp pelo qual muitos de nós mantemos contato, sempre amigos, uns padrinhos de casamento, dos filhos uns dos outros. A chegada dos freis franciscanos à Morada do Vale, entre os quais cito o padre João Carlos Carling e o irmão João Osmar, tirou qualquer dúvida da minha vontade de militar politicamente. Era a igreja dentro da tua casa. Eu ia ao campinho e convidava a gurizada que estava ali, fumando, de bobeira, para participar dos cursos de evangelização. O primeiro panfleto que distribui, eu mesmo datilografei, e era uma orientação da igreja sobre sistema e forma de governo, no plebiscito de 92, entre monarquia ou república, parlamentarismo ou presidencialismo.

Em 5 de setembro de 94 comecei a trabalhar como office boy em uma empresa de venda de máquinas para bares e lancherias. Os discursos do José Paulo Bisol na campanha de 94 atraíram meu coração para o PSB, o que bateu mais forte com a eleição da bancada Beto Albuquerque, Bernardo de Souza e Maria Augusta Feldman na assembléia legislativa. Virei fã e passei a acompanhar o trabalho do Beto, que juntava assinaturas nas escolas e faculdades pela criação da Uergs; da Maria Augusta, que tinha sido presidente do Cpers e do Bernardo, que tinha criado o Orçamento Participativo, à época uma inovação em participação popular. Um dia, no intervalo de almoço, procurei na lista telefônica o número da sede do PSB e marquei uma visita. Lá o Carlos Orling, até hoje secretário da executiva, me disse:

– Se tu quer um partido cheio de dinheiro, para te dar estrutura, bancar tua campanha, pegar tudo pronto, não podemos te oferecer; mas se tu quer ajudar a construir um partido, trazer tuas idéias, para um dia sermos grandes, estamos de portas abertas.

Era tudo o que queria. Na época tínhamos 3 prefeitos, 3 vices e 20 vereadores. Hoje são mais de 300 vereadores, 30 vices, 30 prefeitos. Falo com orgulho que nunca troquei de partido porque ajudei a construir o PSB, participei do crescimento. Com 40 anos, estou há 15 na direção estadual, sou um dos mais antigos. Se tivesse errado, trocaria. Com 17 anos fiz uma escolha que me orgulha até hoje. O Beto se tornou um amigo e um líder que admiro e defendo com unhas e dentes. É uma referência. O Eduardo Campos é um símbolo de vida política, um homem que tive a honra de conviver no período da juventude do partido, de ouvir ao lado do avô Miguel Arraes. Eduardo acolhia, tinha alegria, relações respeitosas, inspirava coisas boas. Nunca tiro o bottom do PSB do peito. Se alguém bate na minha casa, já coloco na camiseta na camiseta antes de abrir a porta. É só ver minhas fotos, de casamento, de família, de campanhas ou trabalho.

20 de setembro de 95 foi o dia da minha filiação. No Monte Belo, no porão da casa do Vilmar Dutra, que no ano seguinte concorreu a prefeito de Gravataí. Eu, que tinha 18 anos, concorri a vereador. Minha chefe, a dona Teresinha, muito generosa, me liberava duas tardes por semana para fazer campanha, de bicicleta e bandeira nas costas. Com doações, a mãe e amigas da igreja organizavam reuniões com carreteiro para arrecadar fundos para fazermos plaquinhas à mão, com tampas de caixas dos produtos que a firma onde eu trabalhava vendia. Fiz 362 votos.  

Quando concorri, lembro que o pai dizia:

– Negão, tu não vai chegar lá, a coisa não é assim… tu é da igreja, vai te meter com essa sujeira, com esses safados da política… a gente é honesto…

Mas eu queria mostrar que pobre também podia fazer política. Era-me cara a lição dos freis que diziam que, se a política era corrupta, tínhamos que ter mais “dos nossos” lá para dar o exemplo de bons valores morais.

Trabalhei com o Beto nessa época na secretaria dos transportes, no governo Olívio. Uma de minhas responsabilidades era articular as prioridades da pasta junto ao OP estadual. A partir de 97, passei a presidir o PSB de Gravataí, onde um episódio deu importância política ao partido na cidade: a filiação do ex-prefeito José Mota. Acertamos em um sopão na casa dele, na parada 66, ao lado da dona Elaine. Considero-o a maior liderança política produzida em Gravataí, pela capacidade de cativar e agregar. Não mais no velho Chevette, mas em um Uno também amarrado por arames, andamos dois meses montando uma nominata de 36 candidatos à câmara. Em 2000, Mota e Maria Luiza Pastro Pereira disputaram a prefeitura enfrentando duas máquinas partidárias e de votos: Daniel Bordignon, do PT, que foi reeleito, e Marco Alba, do PMDB. Ele não foi eleito, mas devo muito do meu sucesso ao velho caudilho. Com 735 votos, fui o vereador mais jovem a ser eleito na história, até aquela eleição.

Cheguei preparado tecnicamente à câmara. Sabia de cor a lei orgânica, o regimento interno e as atribuições de um vereador. Emocionalmente, só evolui depois. Era muito impetuoso. Acho que só não briguei com o Miki, meu colega naquela legislatura! Olhava para o lado e pensada: “Mas só fiz inimigos aqui!”. “Juliano é o anticorpo”, saiu um dia no jornal, porque eu criticava viagens dos vereadores no ‘CâmaraTur’ e consegui aprovar a redução do recesso parlamentar, que chamava de ‘férias dos vereadores’. Mas também… cheguei cheio de vontade e a primeira sessão seria só em março! Também consegui, a muito custo, a aprovação de um código de ética parlamentar. Mas logo percebi que poderia ter feito mais se soubesse dialogar melhor. Ainda durante o mandato, aprendi muito sobre fraternidade ao participar do Mppu, movimento político pela unidade, de inspiração italiana, apresentado a mim por Luiza Erundina, uma amiga até hoje, de nos telefonarmos nos aniversários. Considero uma das grandes políticas da história do país, que infelizmente o PSB perdeu devido a arranjos locais que só comprovam o desarranjo da política. O falecido ex-prefeito Abílio dos Santos foi um dos políticos para quem pedi desculpas.

Minha fidelidade ao partido e o exercício da capacidade de diálogo ajudaram a aceitar a derrota interna que tive quando o PSB resolveu participar do segundo governo petista de Daniel Bordignon. Eu fui voto vencido. O Mota nem foi à reunião e saiu do partido. Mas, disciplinado, cumpri a decisão e fui, inclusive, líder do governo.  

Em 2002 concorri a deputado estadual numa dobradinha para ajudar em Gravataí ao Beto, eleito federal. Recebi 4.374 votos. Em 2004, não queria a reeleição a vereador. Para mantermos a aliança do governo, propomos um vice do PSB, ou do PCdoB, mas Bordignon apresentou para a chapa com Sérgio Stasinski o PL, de Décio Becker, para reproduzir a aliança nacional entre Lula e José Alencar. Fui lançado a prefeito, mas antes do registro da candidatura conversei pela primeira vez com Marco Alba, que me convidou para ser vice naquela eleição. Foi um símbolo, a primeira aliança entre PSB e PMDB em uma cidade de peso político, que repetimos em 2008, quando fui vice de Jones Martins, e depois reproduzimos em Cachoeirinha, na eleição do Sartori em 2014 e agora na campanha pela reeleição.

Em 2005 tive o orgulho de participar de outro acontecimento que mudou a história do PSB gaúcho: em um almoço na Ronda Crioula, convidei Miki, José Stédile e Anabel Lorenzi para se filiar ao partido. Miki e Stédile vieram em 26 de setembro e a Anabel em novembro. Livre daquela loucura e do clima de guerra que vivia o PT, o Miki foi eleito deputado estadual. Em agosto de 2007, me convidou para ser chefe de gabinete. Nos sete anos em que estivemos juntos na assembléia, já que entre 2015 e 2016 ele foi secretário do governo Sartori, entendo que trabalhei junto com um dos melhores deputados que a assembléia já teve. Além da atenção à criança e o adolescente, e à segurança no trânsito, aprovamos leis polêmicas, mas necessárias, tanto que depois viraram nacionais, como as que proíbem bebida nos estádios, fumo em locais de uso coletivo e animais em circos. Miki é uma referência: trabalha muito, às 7h estava na assembléia, como está na prefeitura, e sabe ouvir. É um líder.

Incluo-me entre as pessoas que primeiro incentivaram a candidatura do Sartori em 2014. Esse testemunho a Maria Helena Sartori deu no último domingo, em ato de minha campanha, quando representou o governador. Na assembléia, ela tinha o gabinete na frente do Miki e o Sartori tinha deixado a prefeitura de Caxias e, à época, ia lá tomar chimarrão como marido de deputada. Eu dizia: “o senhor tem que ser o candidato”. Em maio de 2003 levamos os dois para conhecer o trabalho do Eduardo Campos em Pernambuco. Ali nasceu uma alternativa de centro esquerda, para fugir da polarização de sempre no RS e no Brasil. Essa decadência do modelo partidário me faz hoje acreditar mais nas pessoas. Ele é um homem de bem, honesto e trabalhador. E foi muito leal. Contra o Michel Temer, o vice dos sonhos do PT, Sartori apoiava Eduardo Campos para presidência e, quando aconteceu a tragédia do acidente aéreo, seguiu com Marina e o Beto como vice. Estávamos com Sartori nos momentos mais difíceis, seria ilógico agora, que podemos fazer o Rio Grande crescer, não seguir juntos.

Como Sartori sempre falou a verdade, nós no governo de Cachoeirinha também. Aquela greve logo de cara foi para desossar secretário em praça pública, mas sempre apresentei a realidade. Nunca me escondi. Cortamos secretarias, cortamos CCs, cortamos todos os gastos que podíamos, mas foi necessário fazer ajustes na folha. Miki assumiu no pior momento do Brasil desde 1930, com três anos seguidos de retração econômica. Esses dois primeiros anos estão sendo difíceis, mas ao final de 2020 Cachoeirinha será uma cidade diferente, com projetos que destravamos de asfaltamento, um Parcão revitalizado, a UPA e as calçadas em toda Flores da Cunha, uma parceria entre o público e o privado que me orgulha ter articulado.

Planos futuros? Quero ser eleito e cumprir os quatro anos de mandato. E já na segunda-feira, como deputado, quero reunir o Miki e o Maurício Medeiros (MDB), que é um vice dos sonhos, para lançar a reeleição à prefeitura de Cachoeirinha. Também quero retribuir toda a ajuda da Anabel em Gravataí. Um partido que tem uma mulher guerreira como ela, uma referência estadual, precisa sempre ser considero alternativa numa eleição. Não será diferente em 2020. O Miki e a Anabel são preças-chave na minha campanha.

Não tenho projetos pessoais. Ser candidato não era um plano, mas nosso núcleo político me convocou entendo ser necessário termos um mandato representado por alguém que não vai correr na hora do aperto. Eu sou leal, daqueles que se for preciso, fica para apagar a luz ao lado do último companheiro. Como deputado, além de honrar o legado do Miki quero reproduzir a transparência do nosso governo no trato com a população. Farei lives no Facebook para expor meus votos e explicar o porquê de projetos estarem andando ou parados. Quem me conhece sabe que só falo a verdade, não sou do discurso fácil. Sou devoto de Santa Rita de Cássia, a santa das causas impossíveis, por isso não tenho medo das dificuldades. Peço teu voto e te farei sentir orgulho do teu deputado.

Meu número é 40400.

 

: Juliano Paz, entre Miki Breier e Anabel Lorenzi

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