A ameaça de um pedágio na ERS-118 atropelou a pauta política em Gravataí. Só se fala nisso, desde que publiquei Bomba! ERS-118 pode ter pedágio; O senhor é ‘sem palavra’, governador Eduardo Leite?.
Perguntei ao prefeito Luiz Zaffalon (MDB) se comentaria a ‘pauta-bomba’, principalmente após ter sido trazido para o debate, a partir de um vídeo onde defende a modelagem para não “jogar fora” 400 milhões investidos na duplicação, o que analisei em O que diz o ‘embaixador de Gravataí no governo Leite’ sobre pedágio na ERS-118; O malabarismo verbal, o free flow gourmet e o sabor agridoce da responsabilidade em pautas-bomba.
A resposta do comandante da quarta economia gaúcha foi o resumo da ópera buffa, com dois ffs, aquela que na commedia dell’arte tinha personagens do jovem que se apaixonava pela camponesa, ao chefe ardiloso e o servo trapaceiro:
– Confio na palavra do governador – respondeu Zaffa, em mensagem de WhatsApp.
Ao fim, repito a conclusão do artigo de hoje pela manhã, Bomba do pedágio na ERS-118 explode na Câmara de Gravataí: “Se deu palavra e assinou, sou contra 10 vezes mais”, diz vereador e presidente do partido do governador, no qual tratei sobre o debate na Câmara de Vereadores, provocado a partir de pedido de informações de Dilamar Soares (PDT) ao Governo do Estado, após ler o Seguinte:.
Associo-me a Dila, autor do pedido de informações, que resumiu bem a polêmica, ao lembrar que além da entrevista do candidato Leite ao Seguinte: e a assinatura do documento do Movimento RS 118 Sem Pedágio, há vídeo do secretário de Infraestrutura Juvir Costela (MDB), às margens da rodovia, chamando de fake news as informações sobre pedágio na 118.
– Se um compromisso foi firmado na campanha com o povo gaúcho, não deveria nem ter estudo sobre o pedágio, seja no modelo tradicional ou free flow – disse o vereador.
As ‘verdades múltiplas’ sobre o pedágio me lembraram uma do Millôr:
“Da inverdade, apanhada na hora, diz-se que é uma mentira deslavada. Um ano depois talvez seja considerada apenas uma outra faceta da verdade. Se persistir, dentro de dez anos será um rapto de imaginação da pessoa que a pronunciou. Um século depois já ninguém mais se lembrará de quem disse a mentira e ela será parte fundamental da sabedoria popular, se transformará em fantasia, em canto, em ode, em épico, em conceito geral de eternidade filosófica”.
Concluo, unindo as falas de Zaffa e Dila, e chegando ao óbvio: não deveríamos estar tratando disso porque o governador eleito disse na campanha que não teríamos pedágio.
Qualquer outro multiverso da verdade é a política se suicidando; e criando monstros que recém saíram debaixo de nossas camas.