RAFAEL MARTINELLI

Bomba em Gravataí! Nota do MDB é um aceite da guerra entre Zaffa e Marco Alba

Presidente Alan Vieira assina nota do MDB de Gravataí | Foto: Guilherme Klamt

Se a saída do prefeito Luiz Zaffalon do MDB foi uma declaração de guerra, como analisei ontem em Declarada III Guerra Política de Gravataí: Zaffa vai sair do MDB para enfrentar Marco Alba; Bem-vindo à política, prefeito!, a nota divulgada pelo partido é um aceite.

Reproduzo na íntegra e, abaixo, sigo.

“(…)

NOTA OFICIAL

O MDB de Gravataí recebeu com surpresa a informação veiculada em matéria GZH, em que o prefeito Luiz Zaffalon declara à colunista Rosane de Oliveira que está saindo do partido. Ele afirma ter se sentido desrespeitado pelo MDB, e pelo ex-prefeito Marco Alba, que já estaria inclusive em campanha para 2024.

Importante acentuar e repor a verdade: não fossem justamente a valorização e o respeito do MDB e do ex-prefeito Marco Alba para com Luiz Zaffalon, ele hoje não seria prefeito da quarta maior economia do Estado, já que até então era um ilustre desconhecido do mundo político. O projeto que possibilitou a Zaffalon chegar à Prefeitura é o do MDB. E foi essa solidez do projeto que criou as condições para que hoje Gravataí se encontre em uma situação favorável, de crescimento, com obras, com avanços. Não é projeto de uma pessoa. Seria desrespeitoso com todos aqueles que contribuíram para que chegássemos até aqui.

Houvesse respeito, ao menos institucional, com o partido político que o sustentou e o catapultou ao cargo máximo do Executivo gravataiense, ele não teria se manifestado pela imprensa, relegando a segundo plano o tão necessário diálogo institucional. O MDB, em momento algum, tratou publicamente do pleito de 2024.

Zaffalon se tornou Prefeito graças às gestões que transformaram Gravataí em uma Nova Cidade, nos governos Acimar Silva (2011/2012) e Marco Alba (2013-2016 e 2017-2020). Em se tratando de respeito, deixa a desejar quem, por conta de um projeto pessoal, desmerece o trabalho de seus antecessores, manifestando-se sempre na primeira pessoa. Essa é uma obra de muitas mãos, não só do MDB, mas de aliados fiéis, principalmente nos momentos difíceis. É preciso respeitar a memória de muitos, como a de Sônia Oliveira, por exemplo.

O MDB pede desculpas à comunidade gravataiense pelo ocorrido. O Partido e a bancada de vereadores do MDB reafirmam o seu compromisso com a cidade e os cidadãos gravataienses de respeito e lealdade ao projeto que nos propusemos de construir, de forma contínua e segura, um futuro promissor para a nossa querida Gravataí.

Vereador Alan Vieira

Presidente da Executiva Municipal do MDB Gravataí

(…)”

Sigo eu.

Só não é uma bomba atômica porque, ao menos por enquanto, ainda não atinge civis; no caso, a população de Gravataí.

Mas é uma bomba atômica política.

Comete a nota declarações como “repor a verdade”, trata Zaffa como “um ilustre desconhecido” que, sem seu ‘Grande Eleitor’, o ex-prefeito Marco Alba, “hoje não seria prefeito”.

Inegável é que, além de revelar a narrativa de que o prefeito seria um traidor do “projeto”, “que não é de uma só pessoa”, e projeto este ameaçado “por conta de um projeto pessoal” de quem “se manifesta sempre na primeira pessoa”, busca devolver a Zaffa a justificativa que deu de se sentir “desrespeitado” pelo partido, por Marco Alba supostamente já estar em campanha pela Prefeitura de Gravataí em 2024 sem um acordo entre os dois.

A nota critica o prefeito por ter “se manifestado pela imprensa”, o que representaria desrespeito institucional com o partido, que pede “desculpas à comunidade”.

E, no trecho que reputo mais explosivo, por simbólico, evoca a incontestável ex-presidente Sônia Oliveira, que completa dois anos de um trágico falecimento em agosto próximo, como exemplo para defender que “é preciso respeitar a memória de muitos”, que colaboraram “com uma obra de muitas mãos, não só do MDB, mas de aliados fiéis, principalmente nos momentos difíceis”.

É a III Guerra Política da história moderna de Gravataí; pós Oliveiras x Abílio, Bordignon e Stasinski.

Como analisa a coordenadora do curso de Relações Internacionais da Faap e pesquisadora sênior do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) Fernanda Magnotta, a declaração de guerra ocorre por meio de um ato formal da autoridade máxima do país que abre a possibilidade para que sejam adotadas uma série de medidas emergenciais. A partir daí, fica oficializado que um conflito bélico generalizado está acontecendo entre duas ou mais nações.

Conforme a especialista, embora a maioria da população use o termo de maneira vulgar, uma guerra pressupõe uma série de regras e protocolos.

– Tem a ver com o que pode ou não se dizer, protocolos e movimentações de ataque e defesa. Todas essas variáveis compõem o que seria a cartilha de declaração de guerra – explica.

A pesquisadora alerta que, partir do momento em que uma guerra é oficialmente declarada, passa a ser administrada por um código de conduta. Sendo assim, existem normas que devem ser cumpridas. Talvez a mais comum delas, por exemplo, seja a proibição de os países atacarem civis e a restrição dos alvos aos militares em campo.  

No caso da política, e da III Guerra de Gravataí, os alvos militares são os cargos políticos: secretários, diretores e CCs do mais alto ao mais baixo salário.

Após a nota, arrisco demissões acontecerão; e – Printe & Arquive na Nuvem – coloco na primeira lista os secretários Paulo Martins, o Paulão, das Obras; Paulo Garcia, dos Serviços Urbanos; Guilherme Ósio, da Mobilidade e Fernanda Fraga, da Educação.

Por outro lado, confirmam-se como generais mais estrelados de Zaffa os secretários Davi Severgnini, da Fazenda, Mauro Bossle, da Administração, e Cláudio Santos, do Desenvolvimento.

Na Câmara, Dilamar Soares, vereador mais próximo ao prefeito, resta submetido à máxima de que, em uma guerra, não é possível servir a dois senhores.

Guarda expectativa também sobre quem fica com Zaffa, quem fica com Marco Alba, na base governista – o mesmo vale para políticos hoje na oposição.

Do MDB, apenas Márcia Becker, talvez por ser mais uma ativista da causa animal do que política, não compartilhou a nota do partido. O líder do governo, Claudecir Lemes, único emedebista que participou da reunião ordinária de ontem, do prefeito com os vereadores da base, compartilhou.

Ao fim, se, como observou a pesquisadora, é regra de guerra a proibição de ataque a civis, são os fatos, aqueles chatos que atrapalham argumentos: sempre há baixas além dos alvos militares.

Aguardemos para ver os danos colaterais da III Guerra Política para Gravataí, que sai de um voo de cruzeiro para uma tempestade – quase – perfeita.  

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