RAFAEL MARTINELLI

Bordignon e Marco Alba assinaram carta contra pedágio na ERS-118, Zaffa não; O antes e o pós eleição

Marco Alba e Daniel Bordignon assinaram carta do movimento RS 118 Sem Pedágio

Os candidatos à Prefeitura de Gravataí Daniel Bordignon (PT) e Marco Alba (PMDB) assinaram a carta compromisso do Movimento RS 118 Sem Pedágio com posição contrária ao pedagiamento da rodovia. Luiz Zaffalon (PSDB), prefeito candidato à reeleição, não quis assinar.

Conforme Darcy Zottis, coordenador do movimento, estão sendo colhidas assinaturas de 22 candidatos a prefeito em seis municípios que seriam prejudicados com o pedágio: Gravataí, Cachoeirinha, Viamão, Alvorada, Esteio e Sapucaia do Sul.

“Dados de 2021 do InvestRS mostram que o trecho duplicado da ERS 118 já atraiu 2 bilhões em investimentos e 3.000 empregos. Associados aos apenas 16 km pendentes de duplicação, obra estimada em 120 milhões, fonte DNIT 2024, a geração de impostos da região será muito superior ao investimento para duplicação”, diz trecho da carta-compromisso (leia abaixo na íntegra), que também cita a transferência do pedágio da Freeway, em Gravataí, e reafirma a pressão sobre o governador Eduardo Leite (PSDB), que na campanha pela reeleição em 2022 assinou compromisso de não pedagiar a rodovia, mas depois autorizou estudos para o free flow, um ‘pedágio gourmet’, sem cancelas: “Temos o compromisso assinado de não pedagiamento do governador Eduardo Leite. Aguardamos que cumpra com a sua palavra neste tema fundamental para o futuro de nossos municípios”.

Zaffa respondeu ao Seguinte: sobre o porquê de não ter assinado a carta-compromisso.

“Rodovia sem pedágio, mas com uma garantia de manutenção adequada e investimentos permanentes, assino na hora. Não conheço o modelo proposto pelo Governo do Estado”, disse, em mensagem.

“Quem vai manter a recuperação permanentemente do asfalto, investimentos, sinalização viária, iluminação, limpeza e corte de grama, recolhimento de lixo e animais mortos? O DAER? É esta a proposta?”, acrescentou, concluindo:

“Confio no governador Eduardo Leite que está investindo e vai investir mais na RS 118. Já tenho projeto e garantia de elevada na Av. Brasil; estamos investindo (município e Estado) na RS-020 na região da Neópolis. O ideal é pedágio zero, mas rodovia abandonada ou precária não serve a ninguém”.

Bordignon com Darcy Zottis e Ana Cristina Pastro Pereira, ex-presidente da Acigra
Marco Alba assinou ao lado da esposa e deputada estadual Patrícia Alba


Dia 10, o RS 118 Sem Pedágio protocolou na Casa Civil do Governo do Estado ofício solicitando ao governador e ao secretário da Reconstrução Gaúcha, Pedro Capeluppi, a inclusão das obras de duplicação da ERS-118, no “Plano Rio Grande (Programa de Reconstrução, Adaptação e Resiliência Climática do Estado do Rio Grande do Sul), utilizando recursos do Fundo do Plano Rio Grande, o Funrigs.

No documento, justificam o pedido pelo papel da rodovia durante a catástrofe climática de maio, quando se constituiu no único caminho rodoviário possível de acesso de entrada e saída da Capital gaúcha.

Reportei o movimento em RS 118 Sem Pedágio e políticos pedem a Leite que inclua duplicação no Plano de Recuperação do RS; Além das ‘verdades múltiplas’. Escrevi:

“(…)

Se em uma série de artigos sobre a polêmica –– como Audiência pública: ninguém quer pedágio e Leite é “mentiroso”. Ok, mas o que fazer da ERS-118?; O advogado do diabo ; Patrícia Alba representa RS 118 Sem Pedágio em Brasília na busca por emendas parlamentares para custear duplicação entre Gravataí e Viamão; O advogado do diabo, mais uma vez e Vídeo com prioridade do ministro Pimenta para duplicação da ERS-118 sem pedágio é anúncio de que governo Lula vai bancar a obra? Calma… –– cobrei do movimento e de políticos envolvidos a indicação de fontes de financiamento factíveis para concluir a duplicação, elas agora apareceram.

Já é hora do governador ir além de suas ‘verdades múltiplas’ sobre o pedágio. Na campanha assinou documento se comprometendo a não pedagiar, mas depois de eleito contratou estudo para o free flow, o ‘pedágio gourmet’, sem cancelas.

Se defende o pedágio, porque entende que o Estado não tem como, ou não deve investir na manutenção da rodovia, precisa deixar mais claro à sociedade.

E enfrentar o debate sobre uma ‘privatização à brasileira’, que após R$ 400 milhões em investimentos públicos na duplicação – e, agora, mais a elevada em Gravataí, de R$ 27 milhões, e a iluminação completa, por R$ 20 milhões –, entregará a rodovia para exploração pela iniciativa privada.

(…)”.

Ao fim, “o que será feito da 118?” é uma resposta que não tem o RS 118 Sem Pedágio, Bordignon e Marco Alba, que assinaram a carta-compromisso, e também Zaffa, que não assinou, mas resta claro em sua justificativa, mesmo que em outras palavras, com seu viés privatista e sem constranger o aliado Leite.

Provavelmente em 2023 – após a eleição municipal e antes da próxima eleição estadual – saberemos.


A CARTA-COMPROMISSO

A carta-compromisso do RS-118 Sem Pedágio só será divulgada com as assinaturas, mas o Seguinte: já teve acesso ao texto.

Siga na íntegra.

“(…) A ERS 118 é rodovia urbana, estrutural, de tráfego doméstico, pendular e diário, para trajetos curtos, a trabalho ou estudo, que corta e integra 6 municípios cujas divisas se confundem e que representam 10% da população e densidade populacional 1.100% maior que a média do RS.

Pedágios urbanos visam unicamente a arrecadação. São criados para subsidiar outros trechos de rodovias de menor tráfego, criando distorções e penalizando comunidades urbanas que pagam valores altos pelo direito de ir e vir. Por este motivo tem sido transferidos para fora dos perímetros urbanos, caso do pedágio da Free Way em Gravataí.

Pedagiar a ERS 118 ampliará o problema social e aumentará o desemprego em Alvorada e Viamão, cidades entre as mais pobres do estado, 497a e 490a em PIB per capita, ditas cidades dormitório, pois 50.000 moradores de Alvorada e 90.000 de Viamão se deslocam diariamente a trabalho para municípios vizinhos. Se criará o maior cinturão de pobreza e criminalidade do RS.

Um pedágio urbano transferirá o tráfego da rodovia para dentro dos municípios a exemplo do que acontecia em Gravataí e Cachoeirinha, gerando engarrafamentos e danificando vias urbanas.

Esse pedágio aumentará o custo de alimentos, transporte, produtos e serviços, inibirá novos investimentos, e forçará empresas instaladas a se mudarem.

Dados de 2021 do InvestRS mostram que o trecho duplicado da ERS 118 já atraiu 2 bilhões em investimentos e 3.000 empregos. Associados aos apenas 16 km pendentes de duplicação, obra estimada em 120 milhões, fonte DNIT 2024, a geração de impostos da região será muito superior ao investimento para duplicação.Temos o compromisso assinado de não pedagiamento do governador Eduardo Leite. Aguardamos que cumpra com a sua palavra neste tema fundamental para o futuro de nossos municípios.

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