De dois em dois anos, a história é repetida: se cria uma expectativa tremenda quanto ao desempenho da Seleção Feminina de Futebol na Copa do Mundo e nos Jogos Olímpicos.
Tirando o caráter do entretenimento e o Nacionalismo — que imperam na imprensa e em parte da torcida nos períodos —, avalio como um erro de leitura bárbaro. Na maioria, são prognósticos e apostas embasados na realidade do Futebol Masculino. Esse sim, Pentacampeão Mundial.
As mulheres, por exemplo, foram proibidas pelo governo nacional de jogar a modalidade entre os anos de 1941 a 1979. Motivo alegado? Para não se machucarem fisicamente e não prejudicarem suas condições naturais para serem mães. Ah, pois é!
“O Brasil foi eliminado num grupo que havia Jamaica e Panamá”. É verdade! Mas quem disse que somos tão melhores assim que as citadas adversárias? Em nove Copas do Mundo, nosso melhor resultado foi o vice-campeonato em 2007. Mas também… nada mal para um esporte historicamente negligenciado também pela CBF quando a chuteira está na mesma prateleira que o salto alto.
Não somos o país do futebol. Somos o país do futebol masculino. A entidade máxima deveria se chamar Confederação Brasileira de Futebol Masculino (CBFM). Mais uma triste realidade que escancara o nosso atraso também nas questões de gênero. Embora pareça, Futebol não é um mundo à parte! É reflexo da sociedade.
A tentativa de igualdade e de reparação histórica está apenas iniciando. Pela própria CBF, aliás, é preciso reconhecer. Em 2020, a entidade adotou o mesmo “cachê” para homens e mulheres representarem a Amarelinha em Copas do Mundo. Também promete aumentar o investimento para as Categorias de Base e o fortalecimento da Liga Nacional (Brasileirão Feminino). Antes tarde do que mais tarde…
Para a Copa de 2023, a entidade disponibilizou boa estrutura para a disputa do torneio. Nosso principal problema parece ter sido realmente “dentro das quatro linhas”. Sobre a postura da entidade, porém, mais uma prova de que é possível sonhar com dias melhores. Naturalmente, porém, a discrepância com os “marmanjos” segue alarmante.
“Em 2022, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) destinou aproximadamente R$ 200 milhões à seleção masculina principal. Outros R$ 70 milhões foram divididos entre o time feminino e sete seleções de base, segundo dados divulgados pelo próprio órgão”, informa o portal BBC News Brasil.
Voltando à Copa recente, o ciclo teve início em julho de 2019 com Pia Sundhague, Bi-Campeã Olímpica. Até hoje foram 56 jogos, com 24 vitórias, 13 empates e nove derrotas. Nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, deixamos a disputa nas quartas de final para o Canadá, que terminou com o ouro. Ganhamos o Octa da Copa América em 2022 (foto).
Na Copa do Mundo da Oceania, porém, igualamos os fracassos da estreia em 1991 e de quatro anos mais tarde: eliminação ainda na fase de grupos. Com a treinadora, tivemos um triste e histórico retrocesso. Pelo menos em matéria de resultados. A necessidade de renovação, porém, já foi iniciada. Lembram de Falcão após a Copa de 90 no Futebol Masculino??? Podemos traçar um paralelo.
A treinadora sueca teve sucesso liderando a Seleção dos Estados Unidos. Sem reduzir a importância dela, não esqueçamos que os EUA são a grande potência na Arte de Chutar a Bola entre as gurias. Alerta também para a Seleção Masculina. Ser estrangeiro (a) não é certeza de sucesso, obviamente. Carlo Ancelotti sempre teve êxito com elencos recheado de craques. Voltando às mulheres, o desempenho da treinadora na Copa do Mundo foi patético.
Aqui também entra o critério do desempenho. Falo sobretudo em termos de “Leitura de Jogo”, mecânica coletiva e desenho tático. Sempre como mero espectador e singelo pitaqueiro, claro! Que soy yo na fila do pão, né??? O Futebol Além do Resultado, entretanto, persegue insistentemente a “coerência”…
Precisávamos de um golzinho para avançar às quartas. Pia deixou a centroavante Bia Zaneratto no banco, escalando o ataque movediço com Debinha e Marta. Ok! O problema foram a série de cruzamentos pelo alto. Fora isso, promoveu as substituições somente na última parte da etapa final. Embora tenha contrato até as Olimpíadas, a sueca cavou a demissão na Oceania contra França e Jamaica.
Obrigado, Rainha…
Aos 37 anos, Marta nos brindou com sua sexta participação em Mundiais. Por questões físicas e o avançar do tempo, porém, esteve bem longe das jornadas sublimes que nos acostumou. Ficou a um gol de ser a única a balançar as redes em seis edições distintas. Seis, aliás, é o número de troféus como Melhor do Mundo. Recordista!!!!
É autora de 17 “bolas na rede” em Mundiais, sendo a maior artilheira da história do torneio, entre homens e mulheres. Deveria ter iniciado todas as partidas ou ao menos, ter recebido mais minutagem na Austrália/Nova Zelândia.
Uma pena, mas a Pelé do Futebol “entre elas” deixa Seleção Brasileira sem vencer a Copa do Mundo ou os Jogos Olímpicos. Poderia ter recebido a bênção das deusas da bola tal qual Lionel Messi ano passado. Convenhamos que o título da Argentina teve diversos méritos, mas pouco Futebol Além do Resultado, né?
Enfim…
Parafraseando o jornalista Fernando Calazans em relação a Zico, eis:
Marta não tem Copa???
Azar da Copa!!!