3º Neurônio | humor

Bugigangas mortíferas

A Morte não comemora o Finados. Para ela todos os dias são dos mortos.

Não fosse a invenção da roda e até hoje a Morte ainda estaria matando gente a pé, o que não seria prático pra ela.

Vida após a morte? Se existe, é uma segunda chance pra se matarem uns aos outros.

A Morte parece não ter preferência, mas reparem: ela não faz vítimas no reino mineral.

Contraditória é a última refeição do condenado à morte: a nutricionista pensa mais na saúde do cara que no paladar dele.

Gripe falsa, colesterol bom, tumor benigno – só falta morte inofensiva.

A gente manda a Morte pra pqp, e ela não vai; ela nos manda pro inferno, e a gente vai.

Não se faça de vítima. Afinal, algum dia a Morte, ou a milícia ou a polícia, vai se encarregar disso.

A Morte não ignora ninguém. Melhor não ser ignorante com ela.

Pra quem é a favor da flexibilização do porte de armas, convém lembrar: a Morte é inflexível com todo e qualquer cidadão.

Pena de morte. Nesse corredor cabem 7 bilhões de pessoas.

A morte deve se achar isenta de críticas: a humanidade só se queixa da vida.

A Terceirização vai ser total no Brasil. Mas na hora da nossa morte, a gente mesmo é que vai ter que ir.

Desespero é justo com a morte. Desesperança é injusto com a vida.

A Morte não está nem aí para os decibéis. Age tanto na calada da noite quanto no berreiro do dia.

A Morte tem atração fatal pelos vivos e nenhum remorso pelos mortos.

Na morte de um mau político, não custa falar a favor: até que enfim fez algo que preste!

Antigamente a morte não mandava aviso. Agora, até whatsapp acho que tem.

Para o meu gosto, a morte é definitiva demais.

 

POEMINHA DO DESENCONTRO FINAL

Que estranho é o Finados:

quem visita não é recebido

quem é visitado não está

quem está não é encontrado

quem é encontrado está vivo

quem é vivo não foi pra lá.

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