A Morte não comemora o Finados. Para ela todos os dias são dos mortos.
Não fosse a invenção da roda e até hoje a Morte ainda estaria matando gente a pé, o que não seria prático pra ela.
Vida após a morte? Se existe, é uma segunda chance pra se matarem uns aos outros.
A Morte parece não ter preferência, mas reparem: ela não faz vítimas no reino mineral.
Contraditória é a última refeição do condenado à morte: a nutricionista pensa mais na saúde do cara que no paladar dele.
Gripe falsa, colesterol bom, tumor benigno – só falta morte inofensiva.
A gente manda a Morte pra pqp, e ela não vai; ela nos manda pro inferno, e a gente vai.
Não se faça de vítima. Afinal, algum dia a Morte, ou a milícia ou a polícia, vai se encarregar disso.
A Morte não ignora ninguém. Melhor não ser ignorante com ela.
Pra quem é a favor da flexibilização do porte de armas, convém lembrar: a Morte é inflexível com todo e qualquer cidadão.
Pena de morte. Nesse corredor cabem 7 bilhões de pessoas.
A morte deve se achar isenta de críticas: a humanidade só se queixa da vida.
A Terceirização vai ser total no Brasil. Mas na hora da nossa morte, a gente mesmo é que vai ter que ir.
Desespero é justo com a morte. Desesperança é injusto com a vida.
A Morte não está nem aí para os decibéis. Age tanto na calada da noite quanto no berreiro do dia.
A Morte tem atração fatal pelos vivos e nenhum remorso pelos mortos.
Na morte de um mau político, não custa falar a favor: até que enfim fez algo que preste!
Antigamente a morte não mandava aviso. Agora, até whatsapp acho que tem.
Para o meu gosto, a morte é definitiva demais.
POEMINHA DO DESENCONTRO FINAL
Que estranho é o Finados:
quem visita não é recebido
quem é visitado não está
quem está não é encontrado
quem é encontrado está vivo
quem é vivo não foi pra lá.