Se a eleição fosse a escolha do anti-Sartori, Pedro Ruas seria um dos, se não o, favorito, pela oposição que faz ao governador na assembléia legislativa. Morador da rua dos bancos, em Cachoeirinha, o deputado estadual é, ao lado de Luciana Genro, um dos sóis do PSol gaúcho e nacional. Aos 62 anos, aquele que foi discípulo de primeira hora de Leonel Brizola é hoje um dos conselheiros mais próximos de Guilherme Boulos, líder do movimento dos trabalhadores sem teto, o Mtst, e aos 36 anos o candidato a presidência da república pelo partido, além de um dos idealizadores do programa do candidato a governador, Roberto Robaina, na chapa que tem o advogado e professor de Viamão Romer Guex concorrendo ao senado.
– Se engana quem pensa que nosso programa é só ideológico. É muito factível – observou ao Seguinte:, logo após a convenção estadual do PSol, apontando como medidas para resgatar um Rio Grande do Sul que despenca do mapa econômico o corte de 4 a cada 10 reais em isenções fiscais, o combate à sonegação que suga R$ 7 bilhões anuais dos cofres do estado e a valorização do funcionalismo público, "a quem Sartori elegeu inimigos do governo".
Um exemplo que o advogado usa são os R$ 380 milhões anuais em benefícios fiscais – entre isenção de impostos, fundopem e dinheiros do Bndes, via Brde – para geração de 20 empregos na empresa Videolar.
– O próprio empresário Lídio Parisoto veio me chamar de mal informado no meu Twitter, porque usei dados da secretaria da fazenda informando a criação de 5 empregos. Ele disse que foram 20 – sorri.
– A mim não importa se ele é gringo da serra gaúcha ou chinês. Não pode o estado financiar o emprego mais caro do planeta, de R$ 20 milhões por vaga criada – critica, comparando com os R$ 160 milhões de poupança orçamentária que o governador calcula com a extinção de fundações públicas.
– É um deboche abrir mão de R$ 380 milhões para 5, ou 20 empregos que seja, e falar em economia de R$ 160 milhões com 1200 empregos altamente qualificados na Ceee, Cientec, Zoobotânica e Metroplan. O cachorro-quente do Rosário gera 8 empregos sem um centavo público – ironiza.
Sábado, Ruas foi lançado à reeleição para deputado estadual. A dobradinha do partido em Cachoeirinha é com o aposentado João Fragoso, que concorre a federal. Em Gravataí, o camarada é o professor Rafael Linck, que disputou as eleições para a prefeitura em 2016 e 2017.
– O Rafael é uma das nossas apostas. Acho que dá para fazer 10 mil votos. Há quatro anos, alguém acreditaria que o PSol venceria o PT em Gravataí? O Rafael, com um trabalho de base no partido na cidade, com trabalho social com crianças e adolescentes na periferia junto ao Juan Martins, que foi seu vice, conseguiu.
Em 2020, há uma eleição à parte para o deputado e o PSol. É a votação dele em Cachoeirinha. Nos círculos nacionais do partido a cidade está entre as consideradas como possibilidade de se tornar vitrine nacional de gestão. Por isso, uma candidatura de Ruas a prefeito já é dada como certa.
– É uma possibilidade real – admite, já pontuando o discurso de estado com coisas da cidade.
– Cachoeirinha não pode ter seu shopping, que é a Flores da Cunha, cortada por uma avenida sem passarelas. Já pesquisei e custam R$ 350 mil cada. Um prefeito que olhasse para isso faria nos primeiros seis meses. Também é preciso atenção às calçadas, à regularização das ocupações, ao alto gasto com o lixo e às tarifas que estão entre as mais caras do país, incompatíveis com as características que tem o município.
Para Ruas, um enfrentamento com um PSB que em 2020 completa duas décadas no poder – com José Stédile, Vicente Pires e Miki Breier – seria uma consequência da guerra que trava com Sartori.
– O governo Miki é uma cópia do governo Sartori. Se é ser anti a isso, sou.
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