Cachoeirinha registrou nesta quarta 206 casos da COVID-19. São 106 casos somente nos primeiros 17 dias de junho, uma média de 6,2 por dia – e com uma morte. Fosse uma região autônoma no Distanciamento Controlado do RS, o laranja da bandeira, de risco médio, já estaria em tons avermelhados.
É a ‘ideologia dos números’. Siga comparativos.
Cachoeirinha tem uma incidência de 143.5 casos por 100 mil habitantes, superior ao ‘epicentro’ Porto Alegre (108.6) e o dobro de Gravataí, que tem 150 mil habitantes a mais e também está chegando nos 200 casos (196). Caxias do Sul, classificada sábado na bandeira vermelha, tem uma taxa de 91.4/100 mil.
A Região Porto Alegre, que está em bandeira laranja, e a qual Cachoeirinha pertence, tem nos dados de hoje uma taxa de ocupação de leitos de UTI de 75.9%. Estão em uso 573 das 755 unidades de tratamento intensivo.
79.2% são ocupados por pacientes não infectados. Dos 1.588 leitos para COVID-19 fora da UTI, a ocupação é de 17%, ou 270 pacientes. Dos 755 respiradores, 41.2% estão em uso, ou 311.
Na Região Caxias do Sul, de bandeira vermelha, a taxa de ocupação dos 201 leitos de UTI é menor: 74.6%. Estão em uso 150, 67.3% de pacientes sem COVID-19.
Dos 845 leitos para tratar infectados fora da UTI, a ocupação é de 11% (93). Dos 201 respiradores, 45.3% estão em uso.
O ‘alerta vermelho’ grita nos dados divulgados nesta segunda pela Secretaria da Saúde da Capital. As internações pela COVID-19 em UTIs de Porto Alegre podem dobrar em 15 dias e sobrecarregar rede hospitalar em julho.
Reportagem de Marcelo Gonzatto em GaúchaZH mostra que ferramenta digital desenvolvida pela Prefeitura para monitorar a ocupação nas UTIs, que projeta a quantidade de novos pacientes com base nos dados dos dias anteriores, prevê que os 79 doentes em estado grave nesta segunda-feira vão duplicar em cerca de duas semanas se for mantida a evolução dos últimos sete dias.
Para piorar, os hospitais de referência – dois deles, o Clínicas e o Conceição, os mesmos usados por pacientes graves de Cachoeirinha – já têm dificuldade para contratar profissionais e abrir mais leitos.
Ao fim, tenho sido um crítico praticamente solitário do Distanciamento Controlado do Governo do RS, que a cada boletim epidemiológico e atualização do mapa de leitos se evidencia um experimento um tanto descontrolado, como já tratei em Bandeira vermelha pode fechar comércios em Gravataí e Cachoeirinha; efeito ’pior mês da COVID’.
O verniz acadêmico e científico é uma bênção em tempos de negacionismo, os indicadores são transparentes e corretos, mas além de regras muito flexíveis para um momento de crescimento exponencial, é inviável para os prefeitos fiscalizar o cumprimento dos protocolos pela população, comércio e indústria.
Nem a segurança pública dá conta da criminalidade, conseguirão as guardas municipais e fiscais flagrar aglomerações e desrespeito às regras sanitárias?
Só para se ter uma ideia, os 206 infectados do boletim desta quarta foram identificados a partir de 1.189 testes. Proporcionalmente, se a testagem fosse aplicada nos 130 mil habitantes, teríamos potenciais 22.523 infectados – no super, no banco, na loja, na indústria, na academia, no Parcão, no boteco e, boa parte, nos ônibus com permissão para 100% da lotação dos bancos e 25% em pé.
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