sobre a polêmica do rio

Cadê a água da torneira

Na década de 1940 o rio Gravataí sofreu sua primeira agressão, quando foi modificada sua chegada no lago Guaíba para que pudesse ser utilizado pelo setor de navegação, abandonando sua foz original, hoje conhecida como Arroio das Garças.

Não satisfeito com esta agressão em nome do desenvolvimento de setores econômicos desenvolvimentistas, é claro, inicia-se na década de 60 a dragagem do Banhado Grande, permitindo com que se expandisse a produção de arroz sobre os banhados, que antes serviam de armazenadores de água.

Gravataí começou a viver um crescimento populacional em 1970. Tinha 52.462 habitantes, hoje tem 273.742. Não diferente nosso município vizinho de Viamão, que em 70 possuía 66.442 habitantes e hoje está com 227.429. Essa explosão de ocupação deve ser relacionada sempre com o consumo de água necessária para suprirmos as necessidades urbanas e industriais.

Se fizermos uma comparação com o crescimento da área plantada na produção agrícola durante este período podemos afirmar que não houve uma evolução na mesma proporção. Entendendo que permanecemos com a mesma quantidade de água na bacia hidrográfica desde a década de 70, alguém deve diminuir seu consumo para que possamos atender à legislação de recursos hídricos que prioriza o abastecimento público em caso de escassez.

Todos os consumos são importantes para que possamos ter um território desenvolvido de maneira harmônica entre navegação, abastecimento, indústria, mineração e agricultura. Este é o princípio da legislação gaúcha de recursos hídricos de 1994, que cria um instrumento de Estado, os comitês de bacias hidrográficas, para que possam administrar os conflitos além do território municipal.

Necessitamos cada vez mais de pessoas comprometidas com a sustentabilidade, demonstrando assim uma evolução na compreensão e nos valores que devemos perseguir para mantermos um equilíbrio quanto sociedade denominada 'evoluída'.

A decisão da plenária do Comitê Gravatahy reflete uma maturidade das entidades que estão construindo este caminho em nossas reuniões mensais. Não necessitamos de super-heróis que não conseguem trabalhar no coletivo, pois em seu egoísmo, o mais importante é sua promoção pessoal e trazer para a sociedade a falsa capacidade de resolver os problemas.

Cancelar as licenças ambientais e as outorgas de uso da água dos empreendimentos econômicos da agricultura foi uma ação para preservar o coletivo em detrimento da atividade que prioriza o lucro a todo custo sem a mínima preocupação dos impactos.

Que sirva de exemplo para as demais atividades que ainda não conseguiram fazer uma transformação tecnológica no uso dos recursos naturais. 

Salve Jorge.

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