JEANE BORDIGNON

Caminhando pela história da aldeia

Domingo à tarde… dia de ficar jogado no sofá maratonando uma série ou vendo futebol? Não para o grupo que se reuniu neste dia 21 para a Caminhada Cultural coordenada pelas Irmãs TM. A iniciativa fez parte da programação organizada para celebrar o Dia Estadual do Patrimônio, que no estado foi comemorado nos dias 20 e 21 de agosto (a data nacional é no dia 17).

No sábado, as Irmãs TM apresentaram o Webinário Patrimônio em Gravataí: Pesquisas e Publicações, mostrando diferentes trabalhos que surgiram, relacionados a essa temática, aqui em Gravataí. O vídeo está disponível no canal do Youtube (https://youtu.be/m5G_8kG_JQ8) No domingo, foi a vez de conhecer pontos históricos do centro da cidade e ouvir de alguns historiadores e professores um pouco sobre esses locais.

O ponto de partida foi o Colégio Estadual Barbosa Rodrigues, mais antiga escola pública de Gravataí. Ali ouvimos também informações sobre a praça que fica em frente, sua ligação com os orquidófilos da cidade e com a possível origem do nome do colégio. O grupo seguiu para uma rua próxima, onde se encontra a primeira capela construída na aldeia, a Capela Santa Cruz. Desativada há muitos anos, a capelinha teria recebido esse nome devido a uma cruz erguida pelos indígenas. Não se sabe a data de sua construção, mas se tem registro do pequeno templo ter sido reformado em 1909.

A próxima parada foi no Clube 6 de maio, considerada a primeira entidade de Gravataí ligada ao Movimento Negro, e que nasceu como resposta ao racismo de um tempo, não muito distante, em que as pessoas eram barradas em clubes e salões da cidade devido à cor da pele. Foi a partir do Clube 6 de maio também que nasceu a Escola de Samba Acadêmicos de Gravataí. E a sede no bairro Oriçó segue sendo um ponto de resistência da cultura afro-brasileira em nossa cidade.

A caminhada seguiu em direção ao Quiosque da Cultura, um dos prédios mais referenciais do centro de Gravataí, pela sua arquitetura única. Desde 2011 é um dos principais espaços culturais da cidade. Embora o nome de Quiosque da Legalidade não tenha sido mantido por razões que quem sabe, sabe, a praça ainda leva o nome do ex-governador Leonel de Moura Brizola. Então essa energia permanece, de alguma forma.

O quinto ponto foi a Biblioteca Pública Municipal Monteiro Lobato, que já teve alguns endereços e hoje se encontra num prédio alugado da rua Coronel Fonseca, com seu acervo de cerca 27 mil obras (meu livro Brado Carmesim está lá!). A biblioteca também recebe programação de contação de histórias e eventos como o sarau do Clube Literário (que tem edição nesta quinta-feira, 25/08, às 18h30min. Todos convidados!).

Seguimos adiante, rumo ao primeiro prédio tombado do nosso itinerário: o Casarão dos Fonseca ou Solar das Magnólias, sede da Casa dos Açores do Estado do Rio Grande do Sul (CAERGS). Desde que foi cedido para a Casa dos Açores, o sobrado construído em 1887 foi reformado e vem sendo mantido preservado.

Mais um trecho de caminhada, chegamos à Fonte do Forno. Conta a lenda que aquele que bebesse de sua água não sairia mais da aldeia. Construída em 1868 para abastecimento da população, a Fonte do Forno recebeu esse nome devido ao seu formato. Há alguns anos o veio de água foi cortado, e a pracinha do entorno ficou abandonada. Mas parece que as obras de revitalização estão começando. Tomara, é um espaço importante da história de nossa cidade.

Pensam que acabou? Ainda passamos pela Igreja Matriz Nossa Senhora dos Anjos (sabiam que havia um cemitério atrás da antiga casa paroquial?); pela Prefeitura Municipal e a Praça da Bíblia (antiga Praça Borges de Medeiros), com seu famoso chafariz, que pra quem não sabe, foi elaborado pelo artista João Alberto Lessa; pelo meu querido Colégio Dom Feliciano, onde fiz meu Ensino Médio, e que tem mais de 90 anos de história na educação dos gravataienses.

Enfim, chegamos ao último local da lista: o Museu Municipal Agostinho Martha. Importantíssimo tanto por seu sobrado, que é um dos poucos bens tombados do município, quando pelo acervo, infelizmente desfalcado por um incêndio em 1997. Depois de longa espera, o prédio foi reformado e o museu “voltou para casa” em 2009. O Arquivo Histórico Municipal também se mudou para o mesmo sobrado. No museu, é possível encontrar peças de origem indígena, açoriana, e objetos do cotidiano dos antigos moradores de Gravataí. O prédio, infelizmente, encontra-se em preocupante estado de conservação outra vez, o que deixa qualquer um que tem apreço pela história com medo de perdermos mais uma parte do nosso acervo. E preservar nosso passado é fundamental!

Como diz a historiadora Emília Viotti da Costa:

“Um povo sem memória é um povo sem história. E um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado.”

Quem quiser conhecer mais sobre o trabalho das Irmãs TM, recomendo seguir o Instagram @projetosculturaisirmastm e também baixar o livro Gravataí – Entre Anjos e Gravatás (AQUI – https://967d34da-3410-43bb-b5c5-6b045bd84bfc.filesusr.com/ugd/3d8a5a_a0c1dba1195048bbb00a2ffd657b435c.pdf).

E se tiverem algum material sobre a história da nossa aldeia e quiserem colaborar com os projetos, podem entrar em contato pelo irmastm.pc@gmail.com Vamos preservar a história da nossa aldeia!

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