a lição da Viroca

Camiseta vermelha

Lembro como me tornei colorada. Morava com meus avós e tios no interior de São Francisco de Assis. Uma vida alegre e saudável. Muito paparicada por ser a primeira neta e sobrinha. Uma de minhas tias era a responsável por mim. Tinha disso: os maiores cuidavam dos menores. Numa família com nove tios e tias, incluindo uma apenas dois anos mais velha que eu, as brincadeiras eram garantidas e as implicâncias também.

Lá pelos meus cinco anos, no final da tarde de um mês quente (qual, não recordo, minha memória não vai tão longe!), todos nós no pátio da casa ao redor do rádio de pilhas, ouvíamos um clássico GreNal. Em uma família grande é certo que eram –  e são – distintas as preferências quanto ao esporte, política e religião. Com certeza, nada entendia das discussões. Apenas percebia as alterações de humor, os ânimos agitados. Criança sente!

E gol, do Grêmio! E mais um gol, do Grêmio! A turma tricolor gritava e fazia festa! Eu achava linda toda aquela alegria. Eu, criança, querendo participar de tudo, vibrei junto, pela primeira vez. E aí, tudo mudou…

A tia que me cuidava, a Viroca, era e é colorada! Levantou-se do banco de madeira rústica, caminhou dura na minha direção e levantou um braço ameaçador. Aproximou a mão do meu nariz – pobre de mim, sentadinha ali nos degraus da casa! -, e decidiu que a glória do desporto nacional seria o meu hino. O método, decididamente, não foi muito gentil, mas ela tinha razão. Não me arrependo de ser colorada! Cresci acompanhando suas vitórias. Não será agora, que estamos em uma fase difícil que abandonarei minha estrelada camiseta vermelha.

Continuo não entendendo por quê temos essas paixões por futebol, mas enfim…

Participe de nossos canais e assine nossa NewsLetter

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Conteúdo relacionado

Receba nossa News

Publicidade