Presidente confirmou presença em evento que marca o início das obras de um 'people mover' no principal aeroporto do país: é o prelúdio do aeromóvel por aqui
Quem acompanha o Twitter do blog soube antes: na quarta, 8, o presidente Jair Bolsonaro vai a Guarulhos, em São Paulo, para assinatura de um aditivo que, na prática, vai mudar o modo como as pessoas chegam ao principal aeroporto do país. Lá será construído um 'people mover' – que é a designação gringa para veículos autônomos que levam pessoas de um lugar para outro, ou seja, um 'movimentador de pessoas'.
E porque isso veio para aqui no blog, um veículo com conteúdo local, opinião e notícias? Por que tem tudo a ver com Canoas.
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A empresa que ganhou o contratato para por o 'people mover' em operação é a Aerom, a mesma responsável pelos projetos do aeromóvel em Canoas – e tudo que já foi feito em nome dele até aqui. O equipamento que vai operar em Guarulhos, levando milhares de pessoas por dia da estação da CTPM (a Trensurb de lá) aos três terminais do aeroporto, é semelhante ao que se projeta circular por aqui.
"A tecnologia é a mesma", disse o CEO da Aerom, Marcus Coester, em recente conversa com o blog.
O aeromóvel é, na verdade, um APM – 'Automated People Mover', um 'movimentador de pessoas automatizado'. Ele não precisa de condutores nem operadores para funcionar e se movimenta atráves de pressão pneumática gerada por ventiladores fixos ao longo da via em que está instalado. Essa energia empurra astes fixas em cada veículo e, assim, o movimenta. Estabelecido sobre trilhos elevados, causa pouca interferência na mobilizade de superfície e pode ser contruído com razoável rapidez.
: Veículo foi exposto em junho no ParkShopping Canoas durante evento sobre mobilidade. Foto: RB/Seguinte:
Emissões de carbono
O projeto venceu os demais concorrentes pelo menor custo de implementação, uso de energia renovável e pelo conceito do 'carbon free', expressão que aos poucos entra no vocabulário do transporte no Brasil e que já é uma discussão mais avançada em países da Europa, por exemplo. 'Cabon free' significa que o aeromóvel não produz emissões de carbono na atmosfera, evitando os efeitos do aquecimento global.
Para efeitos de comparação, apenas um ônibus do transporte convencional emite cerca de 1 tonelada de CO2 por mês sobre a cidade de Canoas, se percorrer linhas curtas (até 8km por trecho). Agora mutiplique isso por 69, que é a frota circulante da Sogal na cidade. E depois por 12, para ter uma ideia de quando carbono estamos respirando só para andar de ônibus – quando ele vem, é claro.
Semelhanças com Porto Alegre e Canoas
O sistema de Guarulhos será parecido com o que funciona no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, ligando a estação do Trensurb ao terminal 2 de passageiros. Só que lá, em São Paulo, já serão introduzidas melhorias a partir da experiência gaúcha e veículos novos.
Lá, a capacidade do sistema está sendo projetada para um uso de mil a 8 mil passageiros por hora e por trecho. Em Canoas, a projeção da linha Guajuviras/Mathias era de 25 mil passageiros por hora.
A diferença básica é o tamanho do veículo e, por óbvio, a capacidade dos geradores de energia eólica para movimentá-los.
: Tecnologia empregada em Guarulhos é a mesma proposta para uso em Canoas. Foto: RB/Seguinte:
O Brasil de olho
A presença do presidente Jair Bolsonaro na assinatura do aditivo que encaminha o aeromóvel de Guarulhos indica que a área técnica do Governo Federal está atenda a este tipo de modelo de transporte. E isso ajuda a ampliar a visibilidade da Parceria Público Privada – PPP – que Jairo Jorge quer emplacar o modal por aqui, uma vez que a ideia de um financiamento público pago com recursos da Prefeitura foi descartada em janeiro, quando JJ voltou ao governo.
Estrela brasileira na Escócia
A tecnologia do aeromóvel ainda será uma das estrelas do estande brasileiro na COP26, a Conferência da ONU para as Mudanças Climáticas. O evento acontece em Galsgow, na Escócia, entre 1º e 12 de novembro. Lá, a diplomacia brasileira pretende encarar o mundo mostrando disposição para a compensação de emissões de carbono – algo novo para a maioria do povo, mas assunto velho e batido para a comunidade científica.
Na prática, a compensação significa que o país está disposto a ampliar ações que evitem o bombardeio de CO2 na atmosfera em troca de crédito e financiamento oriundos de países e empresas que não conseguem diminuir suas emissões por lá. O transporte público está, por óbvio, no centro desse debate – é hoje o ítem de mobilidade urbana que mais preocupa autoridades e a ciência em termos de eficiência energética e emissões de carbono.
É aí que o aeromóvel tem ar livre para crescer.