BLOG DO RODRIGO BECKER

CANOAS | A carta do PL ao PP: os ‘dois noivos’ e as ‘duas tenteadas’ do bloco que pretende antecipar um caminho à oposição

O PL enviou carta ao PP de Marcos Daniel formalizando discussões para uma aliança nas eleições, mas a possibilidade de uma virada de mesa no semana que inicia permite conversas ‘em paralelo’ entre os partidos

A única certeza no PL no amanhecer deste terça, 9, é que será oposição a Jairo Jorge — todo o resto ‘depende’. Airton Souza será o candidato? Depende. Quais as chances de uma nova virada de mesa? Depende. Pinheiro Neto vem aí? Depende. E Felipe Martini? Depende — mas, este, depende menos; Luciano Zucco, o deputado federal que está bancado a reviravolta da vez no PL estadual e era o padrinho do ex-secretário de Saúde, trocou de afiliado: se tivesse que decidir agora, emborcaria Pinheiro Neto nas águas do Rio Jordão para dar o ‘amém’ à uma eventual candidatura a prefeito e deixaria Martini esperando o batizado numa próxima vez.

Então dá para descartar Martini? Depende: num partido em que as circunstâncias mudam tanto, tudo pode e tudo depende de algo que ainda está por se definir. Ninguém está fora, portanto — nem Nilce Bregalda, a primeira a segurar a bandeira da candidatura própria neste PL de contextos em permanente mutação.

Dito isto, é verdadeira a história contada a boca-pequena no sábado de que o PL enviou carta ao PP oficializando as tratativas para uma aliança eleitoral em outubro. A iniciativa é do grupo de Airton Souza que parece determinado a ter Juares Hoy, do PP, como vice. A chapa ‘puro sangue’ do bolsonarismo, porém, enfrente este dilema das viradas de mesa no PL; a especulada ascensão de Zucco na direção estadual pode determinar uma mudança de comando também em Canoas — e isso implicaria no crescimento de Pinheiro Neto como alternativa à Airton; Pinheiro que vê com bons olhos outro progressista para vice: Jonas Dalagna.

Parece confuso, mas tem explicação.

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Bancada federal e estadual do PL vem fazendo movimentos para derrubar a presidência estadual, que está nas mãos de Giovani Cherini desde 2016. Ele assumiu o PL quando nem Bolsonaro cogitava entrar no partido e acertando ou errando, hoje tem cinco deputados federais e cinco estaduais , 250 candidaturas a prefeito ou vice e diretório em 450 municípios gaúchos. Além disso, detém a confiança de Waldemar da Costa Neto, o todo-poderoso presidente do PL nacional.

Zucco e os demais parlamentares liberais fazem uso de uma proximidade pessoal com Bolsonaro para impor uma mudança. Querem repartir o poder — poder de decisão sobre coligações em municípios estratégicos, tempo de TV onde a campanha tem TV e, claro, o tamanho das fatias do bolo do Fundão Eleitoral, que no caso do PL, é o maior do país.

A expectativa é que essa engronha se resolva entre esta terça, 9, e sexta, 12. Bolsonaro tem agenda no Estado por estes dias. Curiosamente, o ex-presidente mais famoso por colocar fogo no parquinho é quem está incumbido de trazer a paz ao PL gaúcho. Tendência é que Cherini fique na presidência, mas dilua as decisões entre o grupo de deputados.

Aí que Canoas entra. 

Se depender de Cherini, Airton é candidato. Já foi testado nas urnas, facilita a coesão dos candidatos a vereador e vem ‘se mexendo’ para formar um bloco de oposição a Jairo Jorge. Já se Zucco puder escolher, Pinheiro Neto será o nome do PL para outubro.

Sendo um outro, pelas tratativas, o PP vai junto, certo? Calma lá: tem ‘fato novo’ na área.

O União Brasil lançou Germano Dalla Valentina como candidato a prefeito, ensaiando uma aproximação com o PL através exatamente de Giovani Cherini. No entanto, com todas as incertezas que rondam o comando dos liberais, surpreenderia zero pessoas se o alvo da busca de Germano fosse o PP.

Também não se pode descartar que todos estejam, ao fim e ao cabo, embaixo do mesmo guarda-chuva — mas aí o nível de entendimento precisa ser muito maior já que só espaço para dois em cada chapa.

E Felipe Martini?

O ex-secretário da Saúde não pode ser colocado de fora do páreo, embora esteja, de fato, sem padrinho. Internamente, o fato de ter sido secretário de Jairo Jorge e estado por tanto tempo no círculo próximo do prefeito pesa contra num partido que se reivindica ‘os autênticos da oposição’.

Repito, sem querer ser chato mas para reforçar o óbvio, que a decisão que se encaminha no PL passa por quem vai segurar o bastão da presidência estadual daqui por diante. Até lá, fica na dianteira quem conseguir resolver mais os ‘dependes’ em que está envolvido.

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