Mudanças em postos chave da gestão indicam novo alinhamento político no paço
Anotem essa data: 2 de junho.
Já era tarde da noite quando o Diário Oficial do Município trouxe em edição extra nada menos do que 47 portarias de nomeação e exoneração de assessores da prefeitura. Mudaram sobretudo adjuntos e diretores, mas também houveram mudanças no secretariado — o que indica um novo alinhamento político no centro do governo Airton Souza.
O blog, aqui, especula qual seja. Mas primeiro, as principais mudanças.
Marcos Daniel, do PP, não é mais o chefe de gabinete do prefeito. Ele passa a desempenhar a função de Secretário de Esportes. Em seu lugar, assume Stevan Lopes Vieira, advogado e pastor evangélico. Na procuradoria-geral, Éber Marcelo Bünchen já fora nomeado na sexta em substituição a Carolina Weber Dias. Ele terá como adjunta a procuradora de carreira Patrícia Teixeira.
Na Cultura, DJ Cabeção não é mais o secretário adjunto. Jeferson Xavier, o Chico, é quem entra em seu lugar. E o ex-vereador Adriano Agitasamba deixou a subprefeitura do bairro Rio Branco.
A longa (quase) queda de Marcos Daniel
A mudança mais aguardada do dia foi a do chefe de gabinete Marcos Daniel. A ida de João Portela para a Secretaria de Governo, há pouco mais de 40 dias, já indicava uma reorganização do centro da gestão e Daniel vinha dando sinais de que não concordava com a nova orientação. Custou a deixar a sala que serviria a Portela até que aceitou ocupar um novo local dentro do paço. Na sequência, fora oferecido a ele outras secretarias de ponta, mas ele declinou de todas. Acabou no Esporte, que era a pasta originalmente destinada ao PP, partido que preside no município.
O ex-titular do Esporte, Luciano Oliveira, passou à função de assessor superior do gabinete do prefeito.
A bem da verdade, a saída de Marcos Daniel não pode ser lida como uma simples queda. Ele é um dos principais aliados do prefeito Airton Souza — um dos primeiros a definir apoio ao então candidato lá em abril de 2024, quando muitos sequer cogitavam uma vitória nas urnas, como aconteceu em outubro. Airton segue grato ao parceiro e a prova disso foram as sucessivas tentativas de manter o amigo por perto. A incompatibilidade com o centro do governo, no entanto, foi maior — e Marcos Daniel acabou aceitado sacrificar o espaço que detinha em nome de um andamento da política menos truncado, como vinha acontecendo.
Alinhamento político à vista
A saída de Marcos Daniel permite, ainda, aproximar novos aliados do centro do governo e novas mudanças podem vir. O governo carece de um articulador político que tenha experiência com o dia a dia da Câmara e já existem nomes cotados para função. Sem o antigo chefe de Gabinete, que detinha poder quase absoluto sobre ‘o mapa’, nome que se dá ao organograma dos espaços políticos ocupados por aliados do paço, o caminho está livre para ajustes e necessárias recomposições.
Tendência, agora, é a de que o governo dialogue melhor com sua base.
Falando em base, nas nomeações ocorridas nesta segunda-feira, 2, já surgem nomes ligados a vereadores do PSD. O partido liberou seus parlamentares para composição com o governo, desde que a executiva da sigla seja oficialmente informada dos quadros que serão postos à disposição da gestão. Ainda não é uma entrada triunfal, com foto na escada e sorriso largo, mas tem tudo para colocar o governo com pelo menos 16 vereadores na base de apoio — uma maioria incontestável e absoluta na Câmara vista somente nos melhores tempos de Jairo Jorge e Luiz Carlos Busato.
Pacificando a relação com a Câmara e recentralizando o governo, Airton Souza espera tracionar ações de governo sobre as quais a cidade deposita muita expectativa, como a continuidade das obras dos diques, incremento nos serviços de saúde e atenção à zeladoria da cidade.
Vale o aviso: novas mudanças jamais podem ser descartadas.