BLOG DO RODRIGO BECKER

CANOAS | A ‘terça-feira cheia’ que promete movimentar a Ipiranga com a XV de Janeiro: ‘pauta-bomba’ no paço, CPI na Câmara

A última terça-feira de fevereiro vai ser agitada: tem coletiva sobre a crise financeira no paço e a expectativa para abertura de uma CPI na Câmara – tudo antes do meio-dia

A expressão ‘um olho lá outro cá’ nunca fez tanto sentido em Canoas como fará na manhã desta terça-feira, 27. Às 10h, o prefeito em exercício Nedy de Vargas Marques fará uma coletiva de imprensa ao lado do secretário da Fazenda, Luis Davi Siqueira, para falar sobre a crise financeira pela qual a cidade passa. Estima-se um déficit acumulado de R$ 400 milhões e uma queda nas receitas por conta de recursos extraordinários que entraram nos cofres ao longo de 2023, mas que não virão em 2024.

Esse é o ‘olho cá’.

O ‘olho lá’ diz respeito ao que pode acontecer na Câmara de Canoas ainda antes do meio-dia. Rumores dão conta de que o grupo que apoia o governo Nedy, que tem dez vereadores, irá apresentar pelo menos um requerimento de abertura de CPI para investigar o governo Jairo Jorge. Pelo menos um porque já falam em três.

Uma fonte do blog disse que o requerimento para a primeira CPI já foi discutida com a base e deve ir à plenário com dez assinaturas de apoio. O plano seria investigar algum dos elementos levantados pela Copa Livre. Na sequência, pode vir uma CPI sobre o contrato de telemedicina na Saúde, que foi cancelado por Nedy após informação de sobrepreço em auditoria do Tribunal de Contas do Estado. E ainda tem a do MACA, que era comandado por Giovani Rocha, amigo de JJ, que tem um pedido de informações engatilhado para ser votado nesta terça e foi encabeçado na semana passada por seu novo algoz, Jonas Dalagna.

A avaliação política do grupo é que as investigações devem ser abertas para inflingir a JJ um desgaste via Câmara e colocá-lo na defensiva. Hoje, mesmo afastado do governo, o prefeito está livre e solto fazendo política como provável candidato à reeleição. Uma ou três CPIs lhe dariam ocupação – mesmo que não haja uma maioria disposta a aprovar um eventual relatório contrário a JJ e nem de longe número suficiente para cassar-lhe o mandato.

LEIA TAMBÉM

CANOAS | Por legado na Saúde, Jurandir cogita não disputar a eleição de outubro

CANOAS | Graças tem 10 novos leitos de UTI: ‘Plano Nedy’ é abrir mutirão e reduzir filas de espera por cirurgias

A dívida, o déficit e longo 2024

A questão das finanças publicas em Canoas será, certamente, um assunto recorrente ao longo do ano – e um dos pontos centrais da eleição. Como a terceira economia nominal do Estado passa por tanta dificuldade para pagar suas contas?

Como em política é mais fácil apontar culpados antes que se ache um inocente, é bem provável que passemos os próximos dia com uns com o dedo em riste para outros, cada um por sua vez. Na prática, precisamos saber o que será feito para superar o problema que, de fato, não é novo.

Em outubro de 2023, o então secretário da Fazenda, João Portella, disse ao blog por ocasião do envio do orçamento para a Câmara que havia uma previsão de déficit de R$ 400 milhões para 2024. Déficit, vejam bem, não é dívida; déficit é a diferença entre a despesa e o que se arrecada para pagá-la. Ou seja, no ano passado já se sabia que Canoas tinha mais despesas do que o dinheiro que entrava no caixa era capaz de arcar. Jairo havia convocado seu secretariado para uma reunião extraordinária em 1º de dezembro para estabelecer novas diretrizes de gastos. A meta era economizar R$ 20 milhões por mês ou algo próximo a R$ 240 milhões em um ano, reduzindo o déficit a menos da metade. 

Não teve tempo.

Em 28 de novembro, veio a ordem para um novo afastamento, a crise da interinidade e a posse de Nedy, que só aconteceu em 22 de dezembro. E antes que o vice no exercício completasse um mês no paço, o temporal de 16 de janeiro invocou um grande esforço – inclusive financeiro – para que fosse superado. Ainda nesta segunda, 26, seguem os mutirões para limpeza da cidade. 

E não é só isso. Os hospitais, especialmente o HU, são máquinas de consumir dinheiro público. Se for cumprido apenas o que está no papel, o orçamento da Saúde termina em setembro – ou seja, em nove meses, se consome o previsto para 12. Para garantir que não reste de três a quatro meses com a Saúde às traças, é preciso cortar despesas, não tem jeito.

O que esperamos que o secretário da Fazenda, Luis Davi Siqueira, nos diga é onde.

Participe de nossos canais e assine nossa NewsLetter

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Conteúdo relacionado

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Receba nossa News

Publicidade