Prazo para entrega da defesa prévia termina na quarta e vice pretende aproveitar cada minuto que tem para oferecer à Câmara seu contraponto ao pedido de cassação que lá tramita
Há sempre muitos assuntos na política, por óbvio.
Mas o que deve dominar esta penúltima semana de maio é o prazo final para entrega da defesa prévia do vice-prefeito de Canoas, Nedy de Vargas Marques, sobre o pedido de impeachment que tramita contra ele na Câmara de Vereadores. A defesa é a etapa que, na prática, põe a Comissão Processante a trabalhar: a partir dela, serão chamadas as testemunhas de acusação e defesa; só depois é que haverá um tempo para que o relator da comissão, o vereador Jozir Bernardes Patetta (PSD), produza suas conclusões.
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São esperadas, ao todo, 14 testemunhas. A acusação já arrolou quatro: Ana Paula Macedo, diretora-geral do Hospital Universitário, o HU; Juceila Dall’Agnol, advogada e atual secretária extraordinária de Gestão Hospitalar; Camila Colvero, advogada da FUNAM, a fundação que venceu a contratação emergencial para gestão do HU; e Daniel Cardozo, que era chefe do gabinete do prefeito e, hoje, está na assessoria superior de Jairo Jorge. Nedy pode chamar até 10 pessoas e ainda não confirmou quem irá pedir que seja ouvido, mas dá pistas de que dois nomes estarão em sua lista: o ex-secretário da Saúde e atual chefe do Escritório de Resiliência Climática, Aristeu Ismailow, e o próprio prefeito Jairo Jorge.
Também se espera que peça a convocação de um integrante do Ministério Público gaúcho – provavelmente, Rafael Russomanno Gonçalves. Ele participou das tratativas judiciais sobre o reequilíbrio financeiro do contrato com a FUNAM – enfim, o objeto do pedido de impeachment contra o vice.
Com Jairo Jorge no banco de testemunhas, o processo contra Nedy ganha o seu mais evidente contorno político. É, então, a cartada do vice para jogar contra JJ, ao vivo, tudo que há na Copa Livre – mesmo que não haja julgamento definitivo sobre ela, ainda, quer seja na instância estadual ou na federal. Nedy quer transformar cada audiência num cenário de tribunal do júri, o ‘grand theatro’ jurídico do qual ele próprio foi protagonista em mais de 500 peças. Curioso que a derradeira atuação do causídico seja, justamente, em defesa própria; não se pode esperar menos do que muito.
O ‘tic-tac’ do relógio nesta penúltima semana de maio toca a ritmo do processo de impeachment – até para quem nada tem a ver com ele. Por um lado, a defesa querendo ganhar tempo; por outro, a acusação torcendo por celeridade. Preparem-se, ainda, para o tapetão: o pêndulo da Justiça também pode dar a sua ‘badalada’ no mais das horas da comissão processante.