Crise do coronavírus

CANOAS | Alívio nos indicadores pressiona por bandeira vermelha; Canoas e os ’50 tons’ de flexibilização

Pandemia não vai nos abandonar e, portanto, não podemos abandonar convicções por pressa justo agora. Foto: Arquivo/Ag. Brasil

UTIs com ocupação mais para 80% do que para 110% e queda no contágio levam à necessária e recorrente pergunta: já passamos pelo pior? A prudência indica que não

Nosso infindável 2020 e a pandemia que deixou a nossa normalidade no passado parece dar sinais de arrefecimento. Os indicadores de ocupação hospitalar em Canoas, por exemplo, estacionaram em patamares próximos a 80% em abril – bem distantes dos mais de 110% da primeira quinzena de março. O contágio também caiu: terça-feira, 20, por exemplo, registramos 133 novos casos e houveram 10 óbitos informados; no feriado de Tiradentes, 96 casos e 6 óbitos informados.

Não víamos números assim desde o final de janeiro.

A clareza dos números, no entanto, abre espaço para uma nova discussão: quando, de fato, vamos flexibilizar regras de distanciamento e promover a abertura? Concordo que este dia não está distante, mas é preciso ir devagar com o andor – afinal, sabemos, o santo é de barro.

 

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A pandemia não passou. O comportamento do vírus, que flui em ondas, resta conhecido. Recém nos livramos de um período muito duro e difícil, quase metade dos óbitos concentrados em menos de três meses. Canoenses que pagaram com a vida para que tivéssemos a chance de entender o momento que vivemos que, na verdade, o do intervalo um pico de casos e o outro; não quer dizer que teremos um novo março agora em maio, mas que a possibilidade existe. E, se existe, precisamos nos preparar para ela.

Pensando nisso, técnico do Gabinete de Crise do Estado, reunidos na manhã desta quinta-feira, 22, indicaram ao governador Eduardo Leite a manutenção da bandeira preta em todo o Rio Grande do Sul, dando aos municípios a possibilidade de implementar regras da bandeira vermelha, por conta do sistema de cogestão. E só. 

Reputo que os técnicos tem razão.

Antes que os haters me acusem de querer quebrar a economia, digo que entendo a necessidade da retomada. O risco, no entanto, é alto. Deveríamos discutir a abertura como temos discutido a volta às aulas: não com um argumento sobrepujando o outro, mas com a dialética dos que querem um caminho bom mesmo pensando de formas diferentes. O mais prudente, agora, é flexibilizar aos poucos, abrir o que oferece menos risco. E provavelmente teremos um Dia das Mães melhor para economia do que foi a Páscoa.

A vacinação, mesmo lenta, avança. Antes do final do mês devemos começar a imunizar as pessoas com comorbidades – essas, também por idade, provavelmente, como vem recomendando o Ministério da Saúde. Professores, na sequência. E aí provavelmente seja possível o retorno às salas de aula. Da mesma forma, a economia.

O fato de estarmos cansados não pode nos cegar para o fato de que a abertura está mais próxima agora do que jamais esteve. O novo normal e a vida que virá com ele ainda depende das escolhas que fizermos hoje. Uma abertura desmedida colocaria em xeque todo o sistema de distanciamento passando à sociedade o recado errado de que o perigo já passou e isso é tudo que o vírus precisa para nos colocar em novo colapso na saúde.

A estratégia, agora, é parcimônia.

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