Secretário tem a missão de ampliar o diálogo do governo gaúcho com os municípios, prefeitos e entidades regionais em meio a uma crise que ameaça desmontar o PTB gaúcho – mas há caminhos.
Luiz Carlos Busato (PTB) é, oficialmente, secretário de Estado. Ele assumiu no final da manhã desta terça-feira, 23, em cerimônia fechada no gabinete do governador Eduardo Leite (PSDB), com transmissão ao vivo pela internet, a pasta de Articulação e Apoio aos Municípios. A crise no PTB gaúcho segue fervendo como óleo quente nos bastidores – e Busato pode sinalizar o caminho para a guinada da turma que ainda não engoliu a barafunda do presidente nacional da sigla, Roberto Jefferson.
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A missão de Busato no governo será o diálogo permanente com os municípios, associações regionais, entidades e as demais secretarias estaduais. Durante a cerimônia, Eduardo Leite disse que a articulação com os municípios é fundamental e a experiência de Busato será muito importante para intensificar ainda mais esse trabalho e, em breve, transformar a pasta na Secretaria de Desenvolvimento Urbano Regional e Metropolitano.
“Me sinto muito honrado com a confiança do governador Eduardo Leite e tenho a certeza que vamos realizar um excelente trabalho. Desde que o meu nome foi anunciado tenho recebido inúmeras ligações de todas as partes do Rio Grande do Sul de lideranças entusiasmadas com o nosso novo desafio. Mesmo tendo ficado durante 4 anos à frente da Prefeitura de Canoas fico feliz em saber que o meu nome segue sendo lembrado com carinho em todo estado pelo trabalho que já realizamos”, disse Busato.
A notícia, já confirmada na semana anterior, abre espaço para curiosidade da vez: para onde vai Busato?
PSDB ou PDT se desenham no futuro de Busato
O agora secretário não confirma, mas seu caminho deve ser o PSDB ou o PDT – indicando a estrada para deputados do partido que vão ter que esperar a janela de março do ano que vem para trocarem de sigla sem a perda do mandato. Busato é um dos líderes do PTB que se viu em uma saia justa com as declarações do presidente nacional do partido, Roberto Jefferson, ofensivas ao governador e que resultaram na desfiliação do vice, Ranolfo Vieira Jr., hoje sem partido. Dirceu Franciscon, deputado estadual, já disse que acompanha a decisão de Busato.
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O PSDB já abriu as portas para Ranolfo, Busato e o grupo político que o ex-prefeito representa do partido. Uma filiação desse porte avaliza o repúdio às declarações de Roberto Jefferson e reforça a escalada de Eduardo Leite que pleiteia uma candidatura tucana ao Planalto no ano que vem.
Outro caminho possível é o PDT. Aliados na eleição do ano passado em Canoas, Busato já teve pelo menos uma conversa com o presidente estadual do partido, Pompeo de Mattos. O PDT é um partido mais consolidado no interior do que o tucano, tem a vantagem de manter o discurso trabalhista caso haja mesmo o desembarque do PTB e engrossa a especulada candidatura de Romildo Bolzan a governador em 2022 uma vez que Leite se coloca fora do páreo.
Uma decisão final sobre o destino político de Busato, no entanto, ainda não foi tomada.
Ficar no PTB é uma hipótese, mas desgastaria sua aproximação com o governador. Além disso, Busato presidiu o partido no Estado por nove anos e se sente deconfortável com a postura de Roberto Jefferson no embate com Leite. Edir Oliveira, que mantem com as lideranças de Canoas uma relação protocolar, é agora o dono dos destinos do PTB gaúcho e fará questão de fazer valer a posição nacional nas relações por aqui.
Por todas as hipóteses, a relação PTB e Busato parece a de um casamento desfeito em que um e outro não querem mais brigar; na minha opinião, o desquite ali está maduro.