Presidente do partido que sucede o PTB foi lançada pré-candidata na semana passada em meio à disputa de quem herdar voto bolsonarista de 2022
Simone Sabin, a presidente do Partido da Renovação Democrática, o PRD, será candidata a prefeita de Canoas.
O nome dela foi levantado por consenso em reunião da executiva do partido na cidade, mas não tirem a loira para boba: ela já vinha amarrando a pontas para uma eventual ida às urnas com a direção estadual e nacional do partido. Terá apoio interno para a intentona. Bem relacionada com a cúpula bolsonarista, quer — ela também — disputar esse voto majoritário dado ao capitão em 2022 e que lideranças dos partidos de direita apostam — ou torcem — para que coloque um candidato deste campo político pelo menos no segundo turno das eleições, quem sabe até no paço, em janeiro de 2025.
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O ‘sim’ de Simone à candidatura desmobiliza um plano pessoal de um ano sabático para estudos fora do país a partir do segundo semestre de 2024, mas acaba por centralizar o PRD que vinha tendendo a uma fragmentação. Os vereadores do partido, Márcio Freitas e Leandro Moreira, declaradamente de oposição, não rezavam pela mesma cartilha da presidente do partido, que pregava a neutralidade. Simone, em alguns momentos, até ensaiou uma proximidade com Jairo Jorge no período mais intenso do combate às enchentes em nome da unidade para livrar a cidade do colapso e da crise. Por ela, o partido seguiria assim até pelo menos as convenções em fins de julho e início de agosto, mas o rumo das coisas obrigou a uma antecipação do movimento.
Márcio e Leadrinho, apesar da aliança de oposição, não se opõe à candidatura de Simone. Ao contrário. Para eles, até ajuda. Com uma candidata a prefeita, a tendência é que haja um incentivo às campanhas proporcionais — para vereadores e vereadoras, no caso. E isso aumenta as chances do partido eleger bancada — quem sabe até mais de um, como se previa inicialmente.
A outra vantagem que Simone vislumbra ao lançar-se à urna é a disputa pelo voto bolsonarista órfão de uma liderança única desde 2022, quando o capitão fez 6 de cada 10 votos para presidente da República na cidade. Naquele momento, já havia que puxasse a corda para dizer que era ‘mais direita do que os outros’ e esperava-se houvesse uma unidade deste campo político no PL. Não foi bem assim. Airton Souza, um dos postulantes à prefeitura, tratou de filiar-se ao partido de Bolsonaro e fez todo o caminho político para ser ungido o candidato dos liberais. Em seu caminho, no entanto, ainda permanecem bem vivos Felipe Martini e Nilce Bregalda, a quem apontam até com provável autora de uma ação judicial para garantir prévias no partido antes da convenção de julho e agosto.
Não dá para deixar de citar o também bolsonarista Juares Hoy, hoje no PP. Principal desafeto de Sabin, não descarta concorrer à Prefeitura em outubro — mas o mais provável é que busque uma reeleição para Câmara. Se não for ele, Nedy de Vargas Marques, o vice que rompeu com JJ e até ensaiou uma aproximação com o PL, dever fardar-se; não é exatamente um bolsonarista, mas se encaixa no perfil de ‘conservador’ — o que já reputo suficiente para beliscar votos deste eleitorado difuso e sempre lembrado em Canoas.
Por fim, mas nunca por último, temos o Novo. O partido caminha para a indicação do empresário Adnan Zarruk como candidato a prefeito — outro perfil que ‘morde’ sua fatia de votos conservadores. Há uma discussão sobre política de alianças e a busca de um vice que possa somar, mas a tendência é o Novo apresente candidatura própria como fez em 2016 e 2020 — quando chegou em terceiro lugar, aliás, com Camilo Bórnia, e elegeu um vereador, o agora progressista Jonas Dalagna.
É nesse quadro que Simone Sabin tenta sair na frente — pelo menos para ver o que acontece.