BLOG DO RODRIGO BECKER

CANOAS | Começa operação de bombeamento na zona alagada, mas ainda não dá para dizer quando voltar para casa

Bombas para recalque da água acumulada no bairros em todo o lado Oeste da cidade estão sendo instaladas para esgotamento acelerado conforme a cheia dos rios for cedendo. Foto: Divulgação

Prefeitura monta operação que pode chegar a 40 bombas para literalmente ‘sugar’ toda a água que se acumula no lado Oeste da cidade

A previsão de chuva para esta quinta-feira, 16, não vai interferir nos planos ajustados na quarta pelo prefeito Jairo Jorge na reunião no gabinete de gestão de crise e postos em prática pelo secretário de Obras Guido Bamberg. Aliás, Guido vem trabalho neles desde segunda, 13 — não será a chuva a impedí-lo justo agora. 

Está iniciada a operação de bombeamento na zona alagada de Canoas.

Na noite de quarta, a bomba de recalque cedida pelo empresário Gilvani Gringo já estava em testes para operação no bairro Mathias Velho. Nesta quinta, outras seis podem ser instaladas ao longo do dique na Mathias e no bairro Rio Branco, todas já nas mãos da Prefeitura. Podem, digo eu, porque a eficiência das bombas depende da diminuição do nível dos rios do Sinos e Gravataí. Se seguirem altos como estão, parte da água bombeada acaba voltando aos bairros pelos ‘rasgos’ na estrutura do dique tanto no Mathias como no Fátima.

Enxugar gelo também não dá. E o governo está atendo a isso.

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Em uma conversa com o blog na noite de quarta, o prefeito e o secretário Guido disseram que o plano é acelerar o ritmo do esgotamento das águas no lado Oeste com o uso de até 40 bombas e motobombas, ampliando a operação conforme a cheia for cedendo. Parte dos equipamentos foi emprestada a Canoas por companhias de saneamento brasileiras, como a Sabesp, de São Paulo, e outra parte está sendo locada pela Prefeitura. Também há o auxílio de empresários e agricultores que usam esse tipo de bomba para irrigação de lavouras e estão disponibilizando seus equipamentos em solidariedade à emergência climática.

Volta para casa indefinida, ainda

Mesmo com o início da operação de bombeamento, ainda não é possível estimar quando a área alagada poderá ser retomada. Além da previsão de chuva para os próximos dias, a redução do nível da água no lado Oeste depende da redução da cheia nos rios.

A boa notícia sobre isso vem do IPH, o Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. De acordo com o levantamento que vem sendo divulgado pelo professor Fernando Fan, o Guaíba entra em ritmo de queda na cheia já nesta quinta e deve cair da barreira dos 4 metros entre o domingo e a segunda-feira, 20. Isso importa porque as águas do Gravataí e Sinos que represam no Delta do Jacuí em razão o volume de água no Guaíba terão escoamento.

É aí que o trabalho das bombas será fundamental.

Em 1941, na maior cheia do Guaíba que se tinha notícia até hoje, o estuário levou 32 dias desde que atingiu a cota máxima, em 8 de maio, até retornar ao patamar de 3 metros — que é atualmente a chamada ‘cota de cheia’, quando começam os extravasamentos nas estruturas de contenção do Centro de Porto Alegre. A expectativa para 2024 é de que o escoamento da água seja um pouco mais rápido. Em 1941 não havia o trabalho das bombas, não havia tanta impermeabilização dos solo e nem tanta canalização para as chuvas.

Nesta quinta, 16, a enchente em Canoas completa 12 dias.

Diques e casas de bomba

Com a redução do nível da água na zona alagada, Jairo Jorge pretende fazer uma vistoria mais completa nas áreas colapsadas do dique no Mathias e no Fátima. Isso é fundamental para que um reparo emergencial seja feito. “Sem isso fica muito inseguro. As pessoas precisam voltar sabendo que não serão surpreendidas com um novo alagamento em qualquer chuva”, disse o prefeito.

A obra emergencial também dá tempo para que uma solução de engenharia robusta seja planejada e executada para proteção da cidade. “Provavelmente teremos que aumentar a cota do dique. Cinco metros foi pouco. Talvez sete ou oito”, estimou Jairo Jorge.

Sobre as casas de bomba, é preciso cautela. Todas as casas entre a 3 e a 8 ficaram submersas com a enchente. Os painéis de controle são eletrônicos — o que indica que podem ter sido danificados pela ação da água. “E a gente não pode descartar danos físicos e vandalismo”, comentou o secretário Guido Bamberg, que terá a missão de inspecionar os equipamentos e orçar o conserto assim que a água baixar.

“Tínhamos gerados, equipamentos eletrônicos e tudo mais. Isso é mais sensível à água. As bombas, em princípio, estão bem porque são blindadas”, resumiu. “Mas só dá para estimar um retorno das atividades quanto pudemos chegar às casas e ver o estrago que tiveram”.

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