Números da pandemia tem lado bom e ruim em abril: enquanto ocupação hospitalar segue viés de queda, contágio se mantém – e até cresce. Cuide-se mais, cuide-se sempre
Os números divulgados no boletim epidemiolígico da Covid-19 em Canoas trazem um alento e uma preocupação nesta quinta-feira, 8. O alento: a queda no número de internações hospitalares por conta do novo coronavírus segue uma trejatória de queda; a preocupação: o contágio não desacelerou.
O claro recado dos números é: cuide-se, agora e sempre.
Desde meados de março, quando a pandemia atingiu seu ápice em Canoas com internações que passaram de 112% em UTIs e quase levaram todo o sistema público de saúde ao colapso, esse indicadores vem apresentando visível melhora. Em 17 de março, por exemplo, 136 pacientes ocupavam leitos de tratamento intensivo na cidade para cuidar de complicações com a Covid-19 e outros 60 esperavam pela chance de fazer o mesmo. No dia seguinte, 18 de março, 25 óbitos em razão da doença foram informados pela Vigilância em Saúde.
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O período de maior pressão sobre o sistema iniciou justamente três semanas após o feriado prolongado de Carnaval e fez de março o mês com quase um terço das mortes de toda pandemia até aqui. Só não foi mais grave por dois motivos: o aumento de leitos que a prefeitura conseguiu fazer, especialmente os de UTI, e a bandeira preta. Salvadora bandeira preta, diga-se de passagem.
Com a queda na circulação de pessoas, especialmente em horários de lazer (noite e finais de semana), o contágio caiu e, com eles, os casos mais graves também. É o período que experimentamos agora, da última semana de março até hoje, 8 de abril. Neste mês, só para se ter uma ideia, só na Sexta-feira Santa, 2, tivemos ocupação de 90,23% nas UTIs; nos demais dias, sempre abaixo de 90%. No dia 5, segunda-feira, haviam 12 leitos de UTI livres na cidade – coisa impensável há 30 dias.
Na enfermaria, a ocupação em abril vem caindo dia após dia: era de 80,49% no dia 2 e, hoje, 8, 59,35%.
Essa moeda, no entanto, tem outra face. O número de novos casos diários segue alto. Graças à capacidade dos sitema de cuidar dos casos mais graves, o número de óbitos caíram – mas segue sendo fundamental freiar o contágio ou teremos uma terceira onda logo adiante.
Hoje, 570 pessoas testaram positivo para Covid-19 em Canoas. Ontem, 7, foram mais 510 casos confirmados. Os números são bem parecidos com os que vimos no auge da pandemia, entre 8 e 19 de março. No dia 11, por exemplo, Canoas registrou 614 novos casos da doença e entre os dias 17 e 18, 991 – média 495,5 a cada 24 horas.
Ainda em março, quando o alívio finalmente chegou, houve queda também no número de contágios. No dia 24, para se ter uma ideia, 390 pessoas entraram no sistema com diagnóstico confirmado para Covid-19. Em 31 de março, foram 276.
Nos oito dias de abril até agora, tivemos dias de 'Araraquara', a cidade governada por um petista que registra o segundo dia sem mortes depois de decretar um lockdown total de uma semana. Em todo o feriadão de Páscoa, por exemplo, tivemos 319 novos casos, com apenas 9 óbitos. Na segunda, dia 5, apenas 14 nocos casos foram informados.
Parecia bom demais, não é? E era.
No dia 6, terça, o número de casos aumentou para 279 – patamar de antes do feriadão. Ontem e hoje, 510 e 547; dois dias com confirmações acima de 500 diagnósticos.
Se quisermos controlar o vírus, não é hora de esfriar nos cuidados.