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CANOAS | Cris, o governo ‘sem guinadas’, a segunda à espera de que Nedy bata à porta e o ‘cabo-de-guerra’ que não tem dia para terminar

Cris Moraes (PV), em atividade como protetor de animais: presidente da Câmara segue nesta segunda, 27, como prefeito interino. Foto: Reprodução Redes Sociais

Segunda-feira deve ser uma repetição piorada da sexta, quando Canoas passou de ‘avião sem piloto’ à posse do prefeito improvável. Indignação dos aliados do vice deve de materializar em ação na Justiça

A segunda-feira, 27, despertará sobre Canoas ainda com um clima de continuação da sexta, 24 – pelo menos no meio político. A ‘trégua’ dada pelo final de semana tende a esgotar-se já pela manhã, quando os advogados do vice-prefeito, Nedy de Vargas Marques, prometem uma nova movimentação judicial na busca de empossá-lo no cargo de chefe do Executivo. Há legitimidade para isso e há razões aos que defendem que atual acomodação, com Cris Moraes no comando da cidade, é adequada ao momento.

De fato, Nedy está hospitalizado. O tratamento que faz contra uma bactéria contraída ainda durante uma cirurgia cardíaca no início de outubro o impede de fazer esforços físicos excessivos, o deixa com baixa imunidade e não lhe permite submeter-se à estresse agudo – evite os jogos do Inter, Dr. Nedy! A defesa do vice já obteve de seus médicos um laudo que diz que esse quadro é passageiro e que, apesar dele, Nedy não tem qualquer comprometimento de suas capacidades intelectuais, ou seja, está apto a tomar decisões sobre os destinos da cidade – embora subir as escadas do paço não possa.

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Esse, aliás, deve ser o tema central do ‘cabo-de-guerra’ político em que se transformou a titularidade da Prefeitura durante o período em que durar o afastamento de Jairo Jorge, determinado na quinta e que ainda não se tem a confirmação de até quando vai. Para a defesa, pouco importa se Nedy cansa diante de um punhado de degraus; se tiver condições de por seu time em campo, fará o governo ao seu jeito, mais perto ou mais longe o quanto seus médicos permitirem. E garantem que a lei e a prática o amparam: até uma notícia do ex-vice-presidente José de Alencar assumindo a República em tratamento contra um câncer durante uma viagem de Lula tem para subsidiar uma eventual excursão ao Judiciário em nome da posse de Nedy.

Do outro lado, aliados de JJ sabem que, mais dia ou menos dia, Nedy recupera as forças e volta. No entanto, estão dispostos a estender o governo Cris Moraes o quanto for possível. Parte dessa disposição se dá pela crença de que o recurso de Jairo – um habeas corpus enviado ao Superior Tribunal de Justiça, o STJ, ainda na sexta-feira, 24 – possa reverter o afastamento do prefeito rapidamente. Outra parte vem da ideia de encerrar 2023 sem ‘guinadas’ nos rumos do governo. 

Canoas vive hoje uma das maiores crises financeiras de sua história – e os reflexos estão saltam aos olhos de quem quiser ver. A Secretaria da Fazenda fez em novembro pagamentos de compras e serviços contratos pela Prefeitura em maio. Isso acontece porque cada centavo que cai no caixa tem destino: folha de pagamento, gastos obrigatórios em Educação e Saúde.  Ah, a Saúde mereceria um capítulo a parte, mas não contaria aqui nenhuma novidade. O Hospital Universitário vem consumindo uma pequena fortuna por mês e o Assistir promete ‘entupir’ um pouco mais a torneira a medida que janeiro se aproxima. O Hospital de Pronto Socorro, como sabemos, não é uma ilha imune a isso.

O que Cris oferece aos aliados de Jairo é a perspectiva de manter o plano de recuperação financeira de Canoas nas mesmas mãos e, portanto, nos mesmos trilhos. Em setembro, Jairo anunciou uma série de medidas para superar esse momento de poucos recursos no caixa e assessores seus já confirmaram ao blog que no dia 1º de dezembro ele faria uma reunião do secretariado extraordinária para pedir mais cortes de despesas para evitar que crise se aprofunde a partir de março do ano que vem, quando recursos extras vindos do Governo Federal, principalmente, cessam.

Sobre a volta de Nedy, vale dizer que pelo menos um aliado seu sugeriu que permanecesse cuidando de sua saúde e afastado do governo por pelo menos mais um mês. Isso lhe daria outra disposição, sugeriu, e ainda ofereceria a oportunidade de um governo provisório ‘tropeçar nas próprias pernas’, como se diz no jargão dos palácios. Não é raro, verdade. Um vereador que assuma o governo tendo como aliados um grupo de maioria na própria Câmara tende a ser ‘refém’ de uma enxurrada de pedidos e favores; a blindagem de Cris baseia-se no núcleo central do governo que segue dando as cartas apesar do afastamento do prefeito. No entanto, também estão, eles próprios, instáveis com a iminente volta de Nedy.

Então é melhor que Cris fique ou que Nedy assuma? Este post não é a defesa de um lado, nem deveria ser; bom para a cidade seria que os políticos brigassem à própria exaustão, mas mantivessem o rumo da cidade em uma condição transparente e, a medida do possível, tranquila. 

A semana dirá quem tem razão.

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