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CANOAS | E aí: O que falta para Jairo Jorge admitir candidatura à reeleição?

Jairo Jorge, prefeito de Canoas. Foto: Reprodução Redes Sociais

Qualquer prognóstico sério para 2024 precisa levar em conta a candidatura do prefeito à reeleição, mas publicamente ele evita falar sobre o tema — e tem uma razão para isso

Pergunte a Jairo Jorge se é candidato à reeleição e ele se esquiva.

Dirá que não é momento para isso, mas também dirá que o prazo para recolocar o assunto sobre a mesa é julho — o tempo que antecede as convenções eleitorais. Até lá, foco no governo. JJ quer aproveitar os 90 dias entre abril e junho — 23 deles já se passaram, inclusive — para recolocar a gestão no rumo que gostaria. Precisa encarar de frente o nó que é o custo da Saúde, o surto de dengue, as finanças combalidas da cidade e a limpeza da cidade.

Não é a ideia aqui entrar no julgamento do quanto Jairo Jorge conseguiu avançar no que se propôs, mas tratar do calendário eleitoral que depende dele para se consolidar. JJ não diz que é candidato por que, quando o fizer, traz a eleição de vez para dentro do paço.

No mundo ideal, o candidato à reeleição evita uma longa agenda de campanha antes da campanha; o desafiante é que luta para ampliá-la. Não faz parte dos planos de JJ dar esta vantagem aos adversários.

Além disso, há duas missões missões de bastidores que precisam ser superadas antes de colocar de vez o nome do prefeito nas urnas: a retomada da parceria com Luiz Carlos Busato e a escolha de um nome para vice.

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A porta com Busato não está fechada de vez, embora o afastamento de março de tenha sido para valer. Jairo e o deputado federal canoense inclusive já trocaram um telefonema logo que o prefeito retomou o cargo no início de abril. Combinaram de se encontrar no paço para a entrega de uma emenda de Busato destinada à Liga Feminina de Combate ao Câncer que precisa passar pela Prefeitura e esse, provavelmente, seria o primeiro passo para distensionar a relação.

Grupo de Busato avalia que JJ foi precipitado ao divulgar foto dos encontros do grupo de partidos que discutia atuação conjunta na janela de troca-troca e ‘agia no seu tempo’ quando deveria ter cuidado de conduzir o processo no tempo dos aliados; amadurecer para consolidar. 

Com Nedy de Vargas Marques no poder, JJ precisava mostrar força. E o vazamento das fotos acabou por ser o estopim do distanciamento.

A tarefa de aparar estas arestas não deve ser delegada a nenhum aliado. Quando julgarem e se julgarem oportuno, a conversa será entre Busato e Jairo, sem intermediários. Esta é, aliás, outra questão no relacionamento que ficou mal resolvida: na periferia dos líderes, há quem não simpatize com a ideia da aliança e fique, portanto, torcendo o nariz a cada ação do outro lado.

A escolha do vice

Em política, tudo pode acontecer — e isso é uma grande verdade. Mas a se avaliar o cenário pelo retrato de hoje, as hipóteses de vice de Jairo Jorge tem, no máximo, três possibilidades. A primeira delas, uma indicação do União Brasil, de Busato. Por óbvio, depende de uma retomada da parceria.

A segunda, é a indicação de um nome da Federação Brasil da Esperança, que reúne PT, PV e PCdoB. Destaque para os vereadores Emílio Neto e Maria Eunice, do PT, e Cris Moraes, do PV — mas é Emílio quem mais se coloca como postulante da  vaga.

Por fim, mas nunca por último, Beth Colombo, do Republicanos. A ex-vice de JJ nos dois mandatos anteriores do prefeito tem a seu favor o perfil carismático e a lealdade acima de qualquer intempérie — um valor fundamental havia visto o vai-e-vem de rompimentos desta gestão. 

O que conta a favor e contra

Ter Busato na aliança é um desejo antigo de Jairo Jorge. Em 2016, era o caminho para eleição que terminou na disputa entre o atual deputado e a então vice, Beth Colombo. Idas e vindas levaram ambos a manterem-se em polos distintos da política canoense e acirrarem a relação em 2020. Mas estarem juntos em 2024 pode ser a grande cartada do atual momento político — não só para ganhar uma eleição, mas para dar início a uma ‘dinastia’ na política da cidade, antes vista somente com a liderança de Hugo Lagranha e seus seis mandatos de prefeito.

Uma chapa JJ/Busato não é imbatível, por óbvio; ninguém é. Mas ao reunir os dois polos mais consolidados da política da cidade, certamente manda um recado à cidade. Ser bem entendido já é outra história.

A Federação, por sua vez, põe sobre a mesa a relação direta com o Governo Federal para postular a vice de JJ. Além disso, Emílio e Cris foram dois os principais aliados do prefeitos em todos os períodos de afastamento do paço, recebendo em certos momentos a ira do comandante em chefe, Nedy de Vargas Marques. 

Aliados de JJ, no entanto, avaliam que um vice do PT, por exemplo, pouco ampliaria o espectro eleitoral da chapa já que Jairo concentra sua votação em uma camada popular onde o PT também atua. Cris Moraes, por sua vez, agregaria a causa animal e cresceu no conceito do núcleo político do paço durante o período de 23 dias em que passou como prefeito interino, no final do ano passado.

Beth Colombo é vista como a ‘escolha segura’ para vice: jamais protagonizaria um rompimento com fez Nedy. Tem experiência na gestão e pouca resistência da base ao seu nome. Esses atributos são apontados como importantes especialmente na hipótese muito provável de que Jairo dispute uma vaga na Assembleia ou na Câmara dos Deputados em 2026 — outra razão, aliás, para entender-se com Busato e disputar contra ele, outra vez, na mesma faixa.

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