Dados divulgados pelo Estado alertam para aumento do contágio e ocupação dos hospitais; Covid está matando mais agora do que no ínicio da pandemia
Nem só de transição vive a agenda do atual secretário da Saúde de Canoas, Fernando Ritter. Cirurgião-dentista dedicado à gestão, aceitou o desafio de comandar a secretaria canoense depois da implosão do Gamp, entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019. O trabalho que o projetaria depois de um período à frente da mesma pasta na Capital teve seus percalços: a Covid-19.
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Depois de dois anos como secretário, nove deles na linha de frente do combate ao coronavírus, e prestes a deixar o cargo em 31 de dezembro, Fernando Ritter tem pela frente mais um desafio. Segundo os critérios do Estado, a região de Canoas pode entrar em bandeira preta na semana do Natal. Os dados são mesmo alarmantes e chegam em uma época em que a maioria da população, por negacionismo ou coisa parecida, não aguenta mais falar 'fique em casa'. Mas os números – inegáveis números – são esses.
É preciso reconhecer: ao longo de toda a crise do coronavírus, Fernando Ritter foi uma voz sensata sobre pandemia. Alertou que era preciso o empenho da população, que o colapso da saúde, cedo ou tarde, viria. E que o achatamento da curva era nossa tênue tábua de salvação: com menos casos, melhor nossos médicos poderia cuidar daqueles que precisassem deles. E são muitos os que, em nove meses, estão precisando.
Somente neste domingo, 13, foram 273 novos casos confirmados de Covid-19 em Canoas. Chegamos ao final de semana que antecede as festas de Final de Ano amargando 406 mortes – 1,48 por dia de pandemia, para ser mais preciso. As UTIs de Canoas estão 85% ocupadas por pacientes de todo o Estado. Em toda a região 8, restam somente 21 leitos de tratamento intensivo – semana passada, eram 44.
Aliás, para cada doente na semana passada, temos 1,36 esta semana. Isso significa que a razão de crescimento dos novos casos é 36%. A Covid-19 está ficando mais veloz. E mais cruel: em 7 dias, morreram 24 pessoas na região. De 62 internados em estado grave na UTI, passamos para 77.
Nossa situação só não é mais alarmante do que em Porto Alegre, a capital do Estado e nossa 'vizinha de porta'. Lá, a razão de crescimento de uma semana para outra é de 1 para 1,90. Trocando em miúdos, para cada caso confirmado na semana passada, nesta, foram quase dois. As regiões de Porto Alegre, Canoas e Taquara só escapam da bandeira preta semana que vem se, por algum milagre natalino, nossos doentes restarem curados longe dos respiradores e das UTIs.
Nossa capacidade hospitalar está perto do colapso que se alertava lá em março. E que ninguém diga que Fernando Ritter não avisou.