Feriado não foi de folga para força-tarefa do governo municipal que segue de olho nas condições do clima e nos efeitos da chuva sobre a cidade
Depois de quatro dias de chuva forte e sem trégua, equipes da Prefeitura de Canoas seguem nas ruas buscando conter os efeitos do mau tempo sobre a cidade. De um lado, a força-tarefa da capitaneada pela Secretaria de Obras trabalha para desobstruir bocas-de-loca, tubulações e galerias por onde escoam as águas da chuva. De outro, Defesa Civil e Secretaria de Assistência Social monitoram possíveis desabrigados e moradores de rua para evitar que permaneçam ao relento.
Cinco caminhões de hidrojateamento estão atuando em todos os bairros da cidade — um em cada quadrante e outro no Centro. Nos bairros Mathias Velho, Niterói e Rio Branco, há uma concentração de esforços para desentupimento de galerias, valas e a instalação de bombas de recalque nos pôlderes. Uma bomba provisória do pôlder da Rua Madrid, no bairro Niterói, deve ser concluída ainda nas primeiras horas da noite desta quarta.
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Não é o único problema encontrado pelo caminho. No bairro Rio Branco, mais uma vez havia bocas-de-lobo lacradas com cimento — o que impede a vazão da água e amplifica o problema dos alagamentos. Também foram registados acúmulos de água nos bairros São Luís, São José, Estância Velha, Guajuviras e Harmonia.
Segundo o secretário de Obras, Guido Bamberg, todas as casas de bomba estão funcionando há mais de 60 horas de forma ininterrupta. Há uma quantidade enorme de lixo nas grades de filtragem e o trabalho de tirá-lo de lá tem que ser feito várias vezes ao dia para que a vazão seja atendida.
Acolhimento a desabrigados e moradores de rua
No início da tarde desta quarta-feira, 1º, o governo confirmou a antecipação da abertura do albergue municipal para as 13h. O objetivo foi receber moradores de rua para banho e lanche. A estrutura atende até 30 pessoas todos os dias, mas costuma abrir as portas somente às 19h.
Deste a terça-feira, 30, o ginásio da escola municipal Thiago Würth também recebe pessoas desabrigadas por conta das chuvas. É para lá que a Defesa Civil, ligada ao Escritório de Resiliência Climática, o EClima, pretende levar famílias que eventualmente tenham que deixar suas casas caso os rios do Sinos e Gravataí subam muito o nível e invadam as ruas em algum ponto da cidade.
De acordo com o EClima, o nível das águas segue subindo desde segunda, quando a chuva se intensificou, mas a régua que indicava a profundidade do Rio do Sinos foi danificada. Em São Leopoldo, o rio estava a 3,83 metros na tarde de terça, 30. A cota de alerta é 3,5 metros. As prefeituras de São Leopoldo, Sapucaia do Sul e Esteio já acionaram seus planos de contingência para a elevação das águas — o mesmo que está em ação em Canoas desde segunda, 29.
O problema da elevação do nível do rio é que enquanto a chuva não parar, ele não chegará à cota máxima. A bacia do Rio do Sinos, assim como a do Gravataí, costuma funcionar como uma ‘esponja’: as primeiras águas acima da cota normal ficam acumuladas ao longo do curso do rio, às vezes em áreas de várzea e outras vezes sobre partes das cidades no seu entorno. Com o fim das chuvas, essas águas voltam ao leito do manancial e, então, o rio acumula perto da foz — em Canoas e Nova Santa Rita, no caso.
O município vizinho, aliás, vem sofrendo com alagamentos em bairros como o Porto da Figueira, perto do rio, Morretes, Vila Esperança e Berto Círio. O prefeito Rodrigo Battistella abriu três abrigos para receber moradores de zonas de risco: na escola Álvaro Almeida, para quem vive perto do Porto da Figueira; na escola estadual Barão Teresópolis para quem é de Morretes; e no salão da igreja Nossa Senhora de Lourdes para quem mora no Berto Círio.
Em Nova Santa Rita, a Defesa Civil do município também conta com o apoio do 3º Batalhão de Suprimentos do Exército, que tem sede na cidade.
Pets também sofrem com fortes chuvas
A Secretaria de Bem-Estar Animal foi às ruas e resgatou 32 cachorros nos bairros Mato Grande, Fátima e Harmonia durante esta quarta-feira, 1º.
“Estamos mais uma vez enfrentando um momento muito crítico, de chuvas intensas, não só em Canoas, como em todo o Rio Grande do Sul. E além das pessoas, também precisamos proteger os animais, que ficam assustados, pois muitos se perdem dos seus tutores ou acabam não indo junto para outros abrigos. Nesse momento, assim como em outros, o nosso papel é resgatar esses bichinhos, dar a assistência necessária e depois devolver aos tutores”, salientou a secretária da SMBEA, Fabiane Tomazi Borba.
Conforme os pedidos eram realizados, a equipe da SMBEA se deslocava para acolher os animais que estavam em risco. A ação resgatou 15 cães que estavam em um canil de uma ONG no bairro Mato Grande, que ficou completamente alagado com as fortes chuvas. Na região da Fazendinha, localizada ao final da Rua da Barca, no bairro Harmonia, outros 8 cachorros foram resgatados. No bairro Fátima, a equipe buscou 3 cachorros e, na Praia do Paquetá, uma cadela e seus 5 filhotes foram recolhidos.
Com informações de ECom/PMC