Presidente já tem o ‘ok’ do prefeito para assumir não a Secretaria de Obras, como pretendia, mas a de Serviços Urbanos
Sim, Eric Douglas ‘está a fim’ de ser secretário.
Ele conversou com o blog há alguns dias e admitiu o plano. “Quero ajudar a tirar as coisas do papel, fazer as coisas andarem, contribuir. A cidade precisa e sei que posso ajudar”, disse. A pretensão dele era assumir a Secretaria de Obras ou Serviços Urbanos — ao que tudo indica, obteve o ‘amém’ do prefeito Airton Souza para assumir esta última.
A bem da verdade, Eric vinha fazendo sua ‘peregrinação de fé’ há mais de mês. Falou com colegas vereadores, abriu o plano para João Portela e Rossano Gonçalves, secretários de Governo e de Relações Institucionais, respectivamente, e pôs a ideia na mesa do prefeito, em seguida. Airton já tinha dito em um encontro com vereadores da base aliada que não via problemas em parlamentares assumirem cargos no executivo, mas ainda não havia acontecido nenhum movimento nesse sentido. Eric não é o único que tem vontade de ser secretário, mas o primeiro que se mexe a respeito. Entra na esteira da declaração do prefeito que disse não se constranger de ‘mudar o time durante o jogo’ se entender que é preciso uma chacoalhada para as melancias se ajeitarem na carroça — o que é outro jeito de dizer a caneta que tem a tinta, aquela que vale, está com ele.
Politicamente, o governo traz para junto de si um símbolo importante. Eric foi o vereador mais votado de 2024 e teve um papel de destaque na mobilização popular de resgate aos atingidos pelas enchentes de maio do ano passado. Quer entrar focado e sabe que seu público vai cobrá-lo, mais do que aos demais, exatamente pelo maciço voto de confiança que recebeu das urnas em outubro.
Mas tem ‘poréns’.
O primeiro deles: Eric é presidente da Câmara e não há uma previsão legal para que o presidente se licencie do cargo com o objetivo de exercer função no governo. Essa previsão existe apenas para o vereador que não exerce função de gestão na Casa. Em tese, Eric teria que renunciar a presidência para, então, pedir licença e ser nomeado secretário. Essa solução está sendo negociada e avaliada do ponto de vista jurídico, inclusive. Caso saia, quem assume em seu lugar é Jefferson Xavier, o Chico, que já foi chefe de gabinete de Eric.
E tem, é claro, a política.
Filiado ao União Brasil, Eric não é o que se poderia chama de aliado de primeira hora de Luiz Carlos Busato — este, andando em uma linha inequívoca de distanciamento de Airton. A nomeação de Eric assumiria, inclusive, ares de uma tentativa de atrair a base — e a popularidade — do União Brasil para um grupo dissidente de Busato, ou pelo menos independente, forçando o partido a discutir a posição do deputado de independência em relação ao governo.
Lembre-se: Busato criticou abertamente o projeto de aumento do ISSQN, aprovado pela Câmara nesta terça, 1º. Pela manhã, o secretário de Desenvolvimento Urbano, Daniel Leite, ligado a Busato, foi comunicado de que o cargo seria ocupado pelo ex-chefe de gabinete de Airton, Marcos Daniel — que estava descontente com a recente nomeação no Esporte.
São capítulos de um distanciamento que, ao que tudo indica, não envolve a relação de Airton com o vice, Rodrigo Busato. Embora seja filho do deputado, costuma lembrar aos desavisados o óbvio: cada um dos ‘Busatos’ tem o seu próprio CPF; trocando em miúdos, quer dizer que um não manda no outro. E, para Airton, depois de tudo que houve entre Jairo Jorge e Nedy de Vargas Marques no mandato passado, melhor manter a relação em alto nível com Rodrigo mesmo que hajam farpas e faíscas com Busato.
É neste turbilhão pré-crise que a possível entrada de Eric no governo está inserida e irremediavelmente inseparável. É a política sendo política, para o bem e para o mal.
Por fim, e embora ninguém confirme, não se pode descartar ainda que num futuro próximo Eric Douglas una-se definitivamente aos parceiros Abmael Oliveira, hoje no PL, e Leandro Moreira, que está no PRD, para formarem um trio em um partido só — já que muitos os vêem assim de qualquer modo.
Andando juntos eles já estão.
