Pandemia

CANOAS | Fernando Ritter: ’Não é mais tempo de lockdown’; o pico da Covid ainda está por vir

Fernando Ritter reforça que os cuidados para evitar a aglomeração de pessoas é essencial neste final de ano. Foto: Arquivo

Secretário entende que não há clima para uma 'fecha-tudo', mas teme que o pior da pandemia venha após o final do ano

 

Fernando Ritter tinha razão: a pandemia não era uma 'gripezinha' – e parece ter razão agora, ao dizer em entrevista exclusiva ao Seguinte: que não vencemos a primeira onda, que não adianta fechar tudo se as pessoas insistirem em aglomerações desnecessárias e que os piores dias para o sistema de saúde ainda estão por vir.

No cargo até o final do mês, Ritter volta à Prefeitura de Porto Alegre nos primeiros dias de janeiro para reassumir o cargo de concurso que tem por lá. Ele e parte do staff da Saúde de Canoas, que concluiu os trabalhos de transição e já repassou aos representantes do governo Jairo Jorge (PSD) informações e números para que haja continuidade na atenção à pandemia por aqui.

"Não vencemos ainda a primeira onda", conta o secretário. "Ela arrefeceu um pouco, mas segue forte." E disse mais. "A bandeira preta pode vir por aí, sim".

Confira nos tópicos numerados a seguir o que se deprende do bate-papo de quase uma hora do secretário da Saúde com o Seguinte:

1.
Segunda onda e ocupação dos hospitais

Fernando Ritter invoca os números para reforçar o que diz: o coronavírus segue firme; nós que é que estamos cansando. "As pessoas realmente cansaram. Querem voltar a fazer o que faziam, ir para rua, encontrar os amigos… Mas não dá. A ocupação do hospital, números de hoje (terça, 15) é de 85%", revela.

Segundo ele, a cidade tem 50 leitos dedicados à pacientes com Covid-19 e outros 50 para outras doenças. "Mas a medida que seja preciso, vamos aumentando a ala covid e diminuindo as demais, com uma separação segura para não contaminar os não-infectados", explica.

É o caso agora: Canoas tem, hoje, 53 pacientes confirmados ou com suspeita de Covid.

"Não estamos na segunda onda, ainda é a primeira. Houve um relaxamento dos cuidados de distanciamento e aumentou o número de contaminados e de internações", explica. "Parte deles vai precisar de UTI e, infelizmente, outra parte não resiste".

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2.
Lockdown e pico de contágio

"Não é momento para lockdown", diz Ritter. A perspectiva do atual governo manter a circulação de pessoas, reforçando os cuidados com o distanciamento. "Está sendo uma longa pandemia e as pessoas acabam querendo voltar. Governo nenhum vai decidir por isso, nem federal, nem estadual. O município também não".

Esta semana, Canoas deve iniciar uma nova campanha para concientizar as pessoas sobre os perigos das aglomerações no final de ano. "Nos Estados Unidos, o pico de óbitos ocorreu exatamente duas semanas após o Dia de Ação de Graças. Se isso acontecer aqui, teremos um pico de contágio entre os dias 10 e 15 de janeiro, no auge do verão", prevê Ritter.

3.
Dias difíceis e a falta de recursos humanos

O grande problema de um pico de contágio em pleno verão é a redução da capacidade dos hospitais em atender os que vão precisar de internação. Fernando Ritter explica. "Os médicos estão cansados, as equipes de saúde todas estão. E ninguém está conseguindo contratar ninguém. A questão, hoje, nem é dinheiro. Mesmo pagando mais, ninguém vem para atender na emergência ou na UTI", revela.

"E essa situação se agrava agora que é uma época tradicional de férias. Muitos não estão vendo as famílias há meses e, agora, querem descansar, ficar em casa. Como não estamos tendo um movimento grande viagens, espero que o nosso contigente de recursos humanos dê conta da demanda em janeiro e fevereiro", comenta o atual secretário da Saúde.

4.
Medidas de final de ano e a transição

Durante a entrevista, Fernando Ritter anunciou que Canoas suspendeu mais uma vez os procedimentos eletivos. "A ideia é manter leitos clínicos e UTIs disponíveis para pacientes com a Covid-19", reforça.

Segundo ele, os trabalhos da transição na Saúde já foram encerrados. "Mas seguimos à disposição do novo governo para qualquer dúvida ou esclarecimento", avisa.

Compras, registros de preços e estoques, segundo o secretários, estão em dia. "Não ficará faltando nada para o início do governo. Todos os procedimentos que exigem atenção imediata foram informados por ofício à equipe de transição para não haja qualquer contratempo", conclui.

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