Nova oposição quer se mostrar ‘vitaminada’ após rejeição do impeachment do vice-prefeito. Tática de ‘minar a base’ surge no horizonte
Não será um segundo semestre fácil, este de 2023.
A oposição ao paço vem puxando a instabilidade natural que há na política com a imposição da Copa Livre na pauta canoense, especialmente agora que o caso tem relator no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, o TRF4. O tensionamento com a base do governo é a de que se aproxima o dia em que a corte decidirá sobre um novo afastamento de Jairo Jorge – o que, por certo, é impossível antecipar data. A especulação, no entanto, ganhou o relevo do fato em Canoas e o fim do recesso na Câmara, com a retomada das sessões ordinárias nesta terça-feira, 1º, deve demonstrar isso.
LEIA TAMBÉM
CANOAS | Oposição e governo: a disputa pelos ‘blocos em formação’ na Câmara e o olho em 2024
A nova oposição, liderada pelo trio Juares Hoy (PTB), Cézar Mossini (MDB) e Abamel (Solidariedade) pretende mostrar que os 11 que assinaram o requerimento para enterrar o impeachment do vice, no primeiro terço do mês de julho, estão do mesmo lado. Ou parte deles, pelo menos. Prova disso seria o burburinho de que, tendo sete votos em plenário, o grupo apresentaria um requerimento de CPI para emparedar o governo. A dúvida que fica tem menos a ver com o necessário ‘fato determinado’ para sustentar uma CPI, mas sobre as intenções dela. A queda-de-braço em questão parece ser sobre quem ruge mais alto: o governo e sua ‘maioria móvel’ ou a oposição, embalada pela vitória no impeachment e disposta a alcançar o governo com Nedy em caso novidades vinda do Tribunal.
A medida que o discurso do afastamento iminente cresce, mais empoderada a oposição fica.
Os contornos dessa maioria móvel e da oposição em bloco já comentei por aqui no post Oposição e governo: a disputa pelos ‘blocos em formação’ na Câmara e o olho em 2024, publicado na semana passada. Vale lembrar um trecho:
Vereadores que hoje se associam ao governo mantém abertas portas de diálogo com a oposição, hoje representada pela figura do vice, Nedy – que, obviamente, sustenta a narrativa de que voltará ao comando do governo em breve. Parlamentares da base querem embarcar nesse novo governo Nedy, caso aconteça, sem tirar os pés da canoa de JJ, que é a realidade do momento. O ‘vamos com a maioria’, que se ouviu durante a sessão do impeachment naufragado, é repetido agora pelos corredores do parlamento – mas, por maioria, entenda ‘governo’; seja ele o governo de quem for.
Além da Copa Livre, é a eleição que movimenta a política – especialmente intensa no ano em que antecede ao das urnas. Ninguém quer rodar no voto – então, adaptem-se as ideologias. A era da fidelidade morreu só e incauta. O reforço do dia veste a camisa e beija o escudo e, no dia seguinte, assina contrato com o time da porta vizinha. Essa movimentação pouco ortodoxa deve pautar agosto e todo o segundo semestre do ano, provocando nossa sensibilidade para os entendimentos.
De tédio, não morremos.