Para receber o R$ 1,3 milhão do acordo com a Prefeitura e quitar atrasados com funcionários, Sogal terá que acatar novo plano de transporte
A ideia do governo é ampliar o acesso, qualificar o serviço e passar um pente-fino nas planilhas de receita e despesa da Sogal junto com a empresa e o Sindicato dos Rodoviários, buscando uma saída para o desequilíbrio que há nas contas da única operadora do transporte municipal. A medida evita um rompimento de contrato que só se encerra em dezembro de 2023, após sucessivas prorrogações.
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A crise na Sogal tomou uma proporção tão grande quel, somente este ano, esta é a segunda vez que a Prefeitura tem que socorrer o caixa da concessionária com a compra antecipada de passagens. Sem isso, rodoviários ameaçavam cruzar os braços em uma terceira greve em pouco mais de meses.
Desta vez, no entanto, o que o governo propõe não apenas alcançar o dinheiro – R$ 1,38 milhão, para ser mais exato -, mas incidir sobre os rumos do transporte de passageiros. O acordo previu a criação de uma Junta Governativa, que deve indicar os caminhos a serem seguidos pela Sogal para validar o repasse dos recursos. Em 90 dias, essa junta vai apontar soluções de médio prazo para manter o transporte público sustentável em Canoas. Isso não quer dizer que não haverá mudanças.
Na manhã desta quarta-feira, 24, por exemplo, a Junta faz sua primeira reunião e recebe das mãos do secretário de Transportes, Francisco Nunes, o Chico da Mensagem, uma proposta de 10 novas linhas rápidas e curtas por toda a cidade. Essas linhas seriam criadas a partir da extinção de rotas hoje feitas pela Vicasa e também abasteceriam a integração com o Trensurb. O blog apurou que as rotas estão praticamente finalizadas, mas só devem ser divulgadas após a reunião da Junta, que deve aprovar o plano.
Integram a Junta Governativa o diretor operacional da Sogal, Marlon Casagrande, o diretor financeiro da empresa, Francisco Valmor, os indicatos do governo, Matheus Tusset e Lucas Lacerda, e dos representantes do Sindicato dos Rodoviários, Eloir Soldi e Argemiro Luiz.
Demitidos farão novo protesto
Este, no entanto, não é a única situação que a Sogal terá de lidar em seus portões. Ex-funcionários da empresa e da Vicasa que aderiram a um programa de demissões em 2020 se mobilizam para atrasar a largada dos primeiros ônibus na madrugada desta quarta-feira. Eles reclamam que ainda não receberam a parcela do acordo que deveria ter sido paga no final de fevereiro e que já foi objeto de outro acordo com a Prefeitura, em janeiro.
Um terreno leiloado no Centro de Canoas garantiria a quitação dos acordos, mas o recurso ainda não está disponível.
Outros bens da empresa, inclusive ônibus, dão garantia em processos trabalhistas e podem ser objeto de leilão. A empresa, como de costume, não se manifesta sobre o assunto.