BLOG DO RODRIGO BECKER

CANOAS | Mauro Sparta toma posse no HU em dia de ‘puxão de orelha’ de JJ: precisamos falar sobre a produção no hospital

Nova diretoria: a partir da esquerda, o superintendente do HU, Edmar da Costa, o prefeito Jairo Jorge, Mauro Sparta e o diretor técnico, André Cecchini. Foto: Rodrigo Becker/Seguinte

Médico que equilibra capacidade técnica, experiência política e na gestão de pessoas assume direção do hospital com missão muito clara: retomar excelência na instituição

O Hospital Univerisário de Canoas, HU, tem um novo diretor-geral. Trata-se do cirurgião plástico Mauro Sparta, ex-secretário de Saúde de Porto Alegre, ex-deputado estadual e ex-adjunto da Casa Civil do Estado. Apesar da quantidade de ‘ex’ que precedem suas experiências no currículo político, Sparta é sobretudo um quadro técnico. Tem formação em administração hospitalar e já ocupou a posição de diretor técnico do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), a maior estrutura de Saúde Pública do Estado do Rio Grande do Sul. A equipe de comando do HU terá, ainda, Edemar Paula da Costa como superintendente e o médico André Lima Cecchini na diretoria técnica.

Mauro Sparta contou que sua relação com Canoas começou em 2005, dias antes da inauguração do Hospital de Pronto Socorro. “Tinha uma reunião com o prefeito Marcos Ronchetti e estava junto o então secretário da Saúde, Jurandir Maciel. Eles estavam fechando as equipes de trabalho e ainda faltavam médicos para algumas especialidades. Perguntei se tinham cirurgião plástico e disseram que não. Então disse que podiam por meu nome na lista”, contou. “Dia 19 de dezembro de 2005, comecei em Canoas junto com o HPSC”. Vale dizer: Sparta tem um importante trabalho na cirurgia e recuperação de queimados – algo que, em um pronto-socorro, é primeira necessidade.

“Assumir o HU é um desafio que vamos buscar caminhos para enfrentar. Somos referência para 46% da população do Estado. São quase 4 milhões de pessoas”, revela. “Infelizmente a tabela SUS não é reajustada há 20 anos, porém, não podemos ficar parados esperando que isso mude. Devemos buscar outras soluções, que nos façam poder atender com excelência. Temos uma equipe de profissionais muito qualificada e tenho certeza que todos nos auxiliarão a reconstruir esse importante espaço.”

Em seu discurso, Mauro Sparta valorizou a qualidade da equipe e disse que tem relação com Canoas desde a inauguração do HPSC. Foto: Divulgação/ECom PMC

Ficou claro para quem participou da cerimônia que o prefeito Jairo Jorge confia a Mauro Sparta a missão de recuperar o HU – o maior hospital público do Estado fora de Porto Alegre. Prestígio e trabalho não faltam por lá, mas falta produção – um termo sobre o qual ainda vamos nos ater neste post. E este talvez seja o elemento da política mais importante surgido na cerimônia de posse.

O puxão de orelhas de Jairo Jorge

Após os discursos de praxe, encerrando o cerimonial, o prefeito tomou a palavra e durante cerca de 40 minutos, deu um verdadeiro ‘puxão de orelhas’ na equipe de trabalho do HU. Não seria a primeira vez. Em junho, durante as comemorações do aniversário da cidade, JJ já havia tocado as mesmas teclas. Jairo Jorge está cobrando ‘produção’ de toda a equipe.

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Tecnicamente, produção em Saúde é o volume geral de atendimentos que uma determinada instituição faz. Somente de janeiro até a metade do mês de agosto, o HU registrou cerca de 1000 internações na UTI – esta é, portanto, a produção da UTI. Os repasses de recursos de Média e Alta Complexidade da União para a Saúde de Canoas levam em conta essa produção. O Estado, no entanto, mudou a fórmula de cálculo dos repasses e, em 2021, criou o Assistir – o programa que já deu uma tesourada de R$ 14 milhões nas receitas de urgência e emergência de Canoas e vai cortar, em janeiro, mais R$ 14 milhões.

O que o Assistir faz, na prática, é acrescentar um novo elemento à equação da produção dos hospitais. Ele leva em conta a resolutibilidade nos atendimentos. Para o Estado, não basta internar; precisa resolver o problema do paciente. Um exemplo hipotético? Um determinado hospital recebe um paciente com uma crise de hérnia que precisa operar. Se o hospital tem bloco cirúrgico e médicos habilitados para o procedimento, não poderia encaminhar o paciente para a fila de regulação do Estado em busca de um novo hospital para que a cirurgia seja feita. Outro exemplo hipotético: afirmar que tem capacidade para fazer 100 procedimentos cirúrgicos por mês em determinada área e, ao final do mês, ter feito apenas 10 ou 20. E é aí que reside a impaciência de JJ com a produção do HU. “Se a produção está baixa, talvez tenha gente que está trabalhando menos do que deveria”, alerta. “O risco é termos que dimensionar o hospital com uma estrutura menor do que a que temos hoje porque se os cortes continuarem, não haverá dinheiro para pagar a conta. E isso vai gerar desassistência, mas vai gerar também desemprego e demissões. E ninguém quer isso”.

O raciocínio de JJ parece bem lógico. O HU hoje conta com cerca de 540 leitos. Quando começou a funcionar, em 2005, ainda ligado à Ulbra, eram apenas 120 leitos. Se não puder qualificar a resolutibilidade, o dinheiro cada vez mais vai minguar no caixa – e o daí a única saída talvez seja ‘encolher’ a estrutura.

“Estamos lutando para manter e ampliar os recursos que chegam ao hospital. Ano passado, o custo do HU foi de R$ 125 milhões, mais ou menos. O Estado pôs cerca de R$ 54 milhões e a União outros R$ 51 milhões. A Prefeitura desembolsou um pouco menos de R$ 23 milhões”, contabiliza o prefeito. “Este ano, a conta do HU está em R$ 99 milhões e a Prefeitura já pôs R$ 37 milhões. E estamos indo a Brasília, conversando com a União, por intermédio do ministro Paulo Pimenta, para que dinheiro não seja o problema no hospital”.

“Precisamos da parceria de todos, para que todos deem o seu melhor, do mais simples colaborador até o médico mais graduado”, pediu o prefeito. “Este hospital não é do prefeito, não é do governo. É de Canoas. Foi da Ulbra no passado, esteve nas mãos da União, mas agora é da cidade de Canoas e a população atendida aqui merece um serviço de qualidade, eficiente e resolutivo”, disse.

Mauro Sparta terá bastante trabalho pela frente.

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